Celebração da Paixão do Senhor

“Sabeis que não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, mas pelo precioso sangue de Cristo, o Cordeiro imaculado e sem defeito algum, aquele que foi predestinado antes da criação do mundo e que nos últimos tempos foi manifestado por amor de vós” (1 Pd 1, 18).

 Neste curto trecho de uma epístola do Príncipe dos Apóstolos, sentimos quanto já nos primórdios da Igreja, nutriam os primeiros cristãos um profundo respeito e veneração pelo gesto sublime, heróico e amorosíssimo da morte de Nosso Senhor Jesus Cristo para resgatar o gênero humano.

 Canto do evangelho da Paixão pelos Arautos do Evangelho de MoçambiqueEle, na sua infinita santidade, não tinha nenhuma necessidade de encarnar-Se; poderia mesmo redimir e perdoar o gênero humano sem ter-Se feito homem; encarnando-Se, não precisava sofrer padecimentos tão cruéis para nos salvar; um ato de sua vontade infinitamente perfeita e preciosa seria mil vezes suficiente para resgatar mil humanidades.

 Estava, porém, nos sapiencialíssimos e insondáveis desígnios da Trindade Santíssima que o Verbo de Deus se fizesse homem, tomando um corpo “em tudo semelhante ao nosso, exceto no pecado” (Hb 4,15), e suportasse tudo quanto suportou a fim de pagar a dívida que possuíamos com a justiça divina. Insondável mistério de amor!

 Passarem-se dois mil anos deste acontecimento. Com os anos e os séculos, escoaram-se gerações e gerações de homens e mulheres; as civilizações sucederam-se, muitas vezes umas sobre as ruínas das outras; os costumes mudaram, para bem ou para mal. Mas uma coisa não foi possível, e nem o será, acontecer: apagar na memória dos homens e dos povos esse ato de supremo amor de um Deus por sua criatura, ludibriada pela vil serpente e manchada pelo pecado. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seu amigo” (Jo 15, 13), afirmou Aquele que se tornaria o máximo exemplo disso que pregara.

 Sabiam disso aqueles que crucificavam o Divino Cordeiro? Provavelmente não. Sabia, contudo, Aquela que estava de pé, junto à cruz de seu adorável Filho, a quem Ela consentira que fosse entregue para ser imolado. Sabia Ele mesmo. Sabia que em lugares naquele então distantes e desconhecidos como a África, um dia, o estandarte de sua Cruz, que ele transformara de símbolo de ignomínia em lábaro de glória, seria ali cravado por missionários, e que sua Palavra lá germinaria.

 Vejamos as fotos da cerimônia da Sexta –Feira da Paixão realizada em Moçambique, com o auxílio dos Arautos do Evangelho. Não tocam o fundo de nossas almas essas cenas?

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