fotosEfocos: Brasil terra de missão!

Padre Aumir Antonio Scomparin no Monte Pascoal.

MONTE PASCOAL 470

Posted in Arautos do Evangelho, católico, Church, crianças, desmatamento, ecologia, Igreja, missionários, Monsenhor João Clá, roupas, vestimentas | Tagged | Comentários desativados em fotosEfocos: Brasil terra de missão!

Obrigado, Monsenhor João Clá!

Reproduzimos uma matéria editada em AL Notícias, sobre o fundo Misericórdia dos Arautos do Evangelho.

lo Sprinter doado pelo Fundo Misericórdia  Arautos do Evangelho.

Após uma viagem de mais de 2000 km, de São Paulo a Ichu,  os integrantes dos Arautos chegaram na APAE, trazendo o novo veículo que será utilizado para transportar as crianças da instituição.

Com muita alegria foi recebida a equipe formada pelo Padre Almir Scamparin, Silfredo Guerra – Assessor Adjunto, Jorge Martinez e Sérgio Mujazahi (Comunicadores).

Para dar início ao evento a Professora Luci Gordiano falou um pouco da história da entidade, da luta que ela teve para que a APAE fosse implantada com o objetivo de cuidar das pessoas portadoras de necessidades especiais, a exemplo do seu filho Anchieta.

A missa foi iniciada pelo Padre Jairo (Pároco de Ichu),  que passou em seguida para o Padre Almir fazer a Liturgia da Palavra.

O Padre Almir falou da importância de ter fé, de acreditar e lutar por seus ideais. Para ele a APAE de Ichu demonstrou a fé e a esperança em Deus. Sei da expectativa que ficou nos irmãos ichuenses que aguardavam a nossa chegada ontem, mas o tempo não é nosso e sim de Deus e hoje estamos aqui para realizar este sonho.

Quero agradecer em nome dos Arautos do Evangelho, especialmente do nosso fundador Mons. João Clá Dias

Houve uma apresentação teatral com os adolescentes Lylian Gabriele e Otávio Elvis falando sobre como rezar o Terço e a importância do mesmo na vida dos Cristãos.

A Professora Márcia Jeane foi convidada para cantar o Hino da APAE local criado em cima  da música É preciso saber viver de Roberto Carlos

Algumas crianças da APAE fizeram uma encenação em homagem a Nossa Senhora pela graça recebida.

A Professora Auristela Muniz, representando a família apaeana, falou do quanto aquele veículo iria servir para a entidade. Ela parbenizou a professora Luci pela iniciativa de lutar para a  instalação da APAE. Agradeceu também a todos os professores e funcionários que trabalham por amor, já que a remuneração é muito pequena. Em especial destacou o empenho de Manoel Nascimento (Neca), professora Zudivalda e Professora Zulman que é a atual Presidente.

Encerrada a Missa todos foram para fora a fim de acompanharem a oração e a benção do Padre Almir, que pediu a proteção de Deus, rogando que nenhum mal aconteça com as pessoas que farão uso do novo veículo.

Em seguida Padre Almir passou as chaves da Sprinter para a Presidente da APAE professora Zulman Castro.

Professora Zulman lembrou que infelizmente o outro veículo da entidade está com sérios problemas no motor e o valor para consertá-lo é alto, não sendo possível no momento. “Essa doação feita pelos Arautos do Evagelho foi mais uma benção de Deus sobre nós”, afirmou a Presidente.

Cantando e  dançando alunos, professores, direção e comunidade voltaram para o pátio felizes com o novo veículo

Entrevistas para o AL Notícias

Padre Jairo

Padre Jairo disse que o momento era uma demonstração de fé, porque ajudando aos irmãos, nós somos ajudados e beneficiados. Portanto diante desse momento eu faço apelo a toda comunidade ichuense a continuar ajudando a APAE que tem esse trabalho maravilhoso com pessoas especiais e por conta desse trabalho a ajuda não vem só de dentro de Ichu, mas de pessoas que ficam sensibilizadas.

Para nós é um motivo de alegria, se outras pessoas se empenharem, para que ajudando a Igreja do nosso Senhor Jesus Cristo na pessoa do necessitado, agente possa ser ajudado por ele diante da nossa necessidade. Agradecemos ao Fundo de Misericórdia Arautos do Evangelho e a direção da APAE por essa iniciativa e é claro por contarem com a graça de Deus de serem atendidas.

Padre Almir Scamparin

Nós estamos chegando depois de uma viagem longa, mas com muita alegria de poder estar aqui nessa cidade de Ichu e entregar um veículo solicitado pela APAE.

O Fundo Misericórdia Arautos do Evangelho atende especificamente as entidades carentes ligadas a Igreja, e por isso que recebemos o pedido da APAE com uma solicitação do Padre Jairo e o próprio Bispo de Serrinha Dom Otorrino Assolari e então foi analisado pela Diretoria e vendo a necessidade da entidade em ter um transporte para as crianças excepcionais,  eles resolveram fazer na íntegra essa doação.

É um veículo bem cuidado que foi tirado da frota dos Arautos, mas atendendo a essa solicitação, pois esse é o nosso objetivo, ajudar os necessitados, as pessoas carentes e vinculadas com a Igreja Católica Apostólica Romana.

Silfredo Guerra (Assessor Adjunto dos Arautos)

Foi uma coisa muito interessante, porque nós íamos enviar esse carro em cima de uma carreta, mas observando a carência, achamos melhor vir diretamente e dar uma força, uma palavra de conforto e apoio para o povo ichuense. Com essa viagem iremos mostrar através da TV Arautos que o Brasil é um país rico, embora, as suas riquezas não sejam bem distribuídas.

Chegamos aqui e encontramos uma acolhida de primeira, um povo animado e contente apesar da luta e da seca que a região vem enfrentando.

Eu avalio como nota dez o carisma dessa comunidade, e espero que este pequeno presente possa representar muito, não só para a APAE e sim todo município de Ichu.

Por: André Luiz – AL Notícias com a colaboração de Cristian Leide (PASCOM).

Outras Imagens:

5 Responses to Ichu: Realizada na APAE Missa em Ação de Graças pelo recebimento de uma Sprinter

  1. Ilanna Oliveira says:

    Essa foi uma grande realização.
    Maais que merecidoo. .
    Que Deus Abençõe cada vez mais a APAE que faz um trabalho magnífico em prol dessas “CRIANÇAS ESPECIAIS”.
    E também a Associação Arautos do Evagelho pela doação do carro.
    Sem palavras.
    PARABÉNS a todos!!!
    a APAE de Ichu merecee.

  2. antonio carlos says:

    eu assino embaixo. são muitos competentes que deus abençoe a todos que trabalhão pela apae

  3. DORIVAL BATISTA DA SILVA says:

    Que bom…ainda se tem muita gente boa neste mundo, Zuma! ficou ótima na foto, parabens Presidente, parabens a todos….

  4. parabens a apae que jesus ilunine a todos voces e que possam desfrutar desse veiculo tao abençoado com muita fe e alegria a cada momento que usarem esse veiculo. voces mereçem abraçossssssss

    • Leno Rios says:

      Que Deus abénçoe esse presente que apae de ichu recebeu e que possa receber outros para fazer a alegria dos alunos da apae e de toda comunidade de ichu. parabéns a toda a diretoria da apae de ichu pelo trabalho prestado a essa entidade

Deixe um Comentário

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

*

*

Você pode usar estas tags e atributos de HTML<a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>

  • Eventos

  • Eventos

  • Utilidade Pública

  • Parceiro

  • Parceiro

  • Parceiro

  • Parceiro

  • Parceiro

  • Esse Blog abraçou a “Casa que o amor construiu”

  • Parceiro

  • Pesquisar

  • Anúncios Google

  • Google

  • Facebook

  • Site Rádio Independente

  • DEUS É FIEL E JUSTO!

  • Tempo na Região

  • Parceiro

  • Parceiro

Posted in África, alegria, ambiente, Arautos do Evangelho, Igreja, Monsenhor João Clá | Tagged | Comentários desativados em Obrigado, Monsenhor João Clá!

Milhares de fiéis em Namaacha nesse 13 de maio.

Milhares de peregrinos compareceram ao Santuário de Namaacha pela comemoração deste 13 de maio. O Santuário de Nossa Senhora de Fátima localiza-se nesse distrito, próximo namaachaa capital Maputo. Já no doze de maio pela manhã podia-se ver pela estrada centenas de peregrinos que percorrem à pé uma longa distância testemunhado sua fé.
Com a presença de D. Francisco Chimoio, o Secretário da Nunciatura em Timor Leste Monsenhor Rodrigo Bilbao, inúmeros padres e religiosos celebrou-se a Santa Missa, que foi antecedida por uma Via Sacra. No final milhares de fiéis participaram da procissão luminosa, que se estendeu pela esplanada do Santuário que nesse ano completa 70 anos de sua construção.

Posted in África, alegria, Church, Francisco Chimoio, Moçambique, Monsenhor João Clá, Papa | Tagged | Comentários desativados em Milhares de fiéis em Namaacha nesse 13 de maio.

Nosso Fundador o Monsenhor João Clá, com novo canal no Youtube

Um canal no Youtube dedicado as homilias de Monsenhor João Clá Dias.

Monsenhor_João Clá

Posted in África, Moçambique, Monsenhor João, Monsenhor João Clá, Monsenhor João Clá Dias, Pe. João Clá Dias | Tagged , | Comentários desativados em Nosso Fundador o Monsenhor João Clá, com novo canal no Youtube

fotosefocos: Um santo em Namaacha

São_João_Bosco_Arautos

Posted in África, alegria, igreja na áfrica, Maputo, missionários, Monsenhor João Clá, países pobres | Comentários desativados em fotosefocos: Um santo em Namaacha

Como encontrar Jesus na aridez

Monsenhor_João_Clá

Artigo do Monsenhor João Clá fundador dos Arautos do Evangelho.

Evangelho

41 “Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. 42 Quando Ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. 43 Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. 44 Pensando que Ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-Lo entre os parentes e conhecidos. 45 Não O tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. 46 Três dias depois, O encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas. 47 Todos os que ouviam o Menino estavam maravilhados com sua inteligência e respostas. 48 Ao vê-Lo, seus pais ficaram muito admirados e sua mãe Lhe disse: ‘Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e Eu estávamos angustiados, à tua procura’. 49 Jesus respondeu: ‘Por que Me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?’. 50 Eles, porém, não compreenderam as palavras que Lhes dissera. 51 Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e era-Lhes obediente. Sua Mãe, porém, conservava no coração todas essas coisas. 52 E Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens (Lc 2, 41-52).

Há momentos de nossa vida espiritual em que também nós “perdemos o Menino Jesus”. Ou seja, com ou sem culpa, a graça sensível pode desaparecer. Para reencontrá-Lo, devemos procurá-Lo por meio da oração e dos seus ensinamentos.

Mons. João Clá Dias, E.P.

I – O paradoxo da Sagrada Família

Uma bela metáfora oriental, relatada pelo presbítero Hesíquio de Jerusalém (séc. V), narra que a Santíssima Trindade estaria num verdadeiro impasse, por serem as três Pessoas totalmente iguais. E seria preciso haver algum acontecimento pelo qual o Pai pudesse ser louvado enquanto pai, o Filho ser inteiramente filho, e o Espírito Santo dar mais ainda do que já havia dado. Nessa dificuldade, a solução teria surgido no momento em que Nossa Senhora aceitou a encarnação do Verbo em seu virginal corpo, tornando-Se, deste modo, o “complemento da Santíssima Trindade”.1

Para a realização de tão grande mistério, “Deus Pai transmitiu a Maria sua fecundidade, na medida em que a podia receber uma simples criatura, para que Ela pudesse produzir o seu Filho e todos os membros de seu Corpo Místico”, afirma o grande São Luís Grignion de Montfort.2 E o “Espírito Santo, que era estéril em Deus, isto é, não produzia outra pessoa divina, tornou-Se fecundo em Maria. É com Ela, nEla e dEla que Ele produziu sua obra prima, um Deus feito homem, e que produz todos os dias, até o fim do mundo, os predestinados e os membros do corpo deste Chefe adorável”.3

“Encontro do Menino Jesus no Templo” – Santuário do Sagrado
Coração de Jesus – SP

Assim, o Filho Se teria feito Homem não só para nos redimir, mas também para, com toda propriedade, poder chamar de pai a Primeira Pessoa Divina. Pois faria isto de dentro da natureza humana, inteiramente como filho e devedor, porque , como homem, deveria a Ele sua existência e, portanto, teria obrigação de restituir-Lhe o que dEle recebeu.

Eis o motivo pelo qual, segundo Hesíquio, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade aniquilou- Se a Si mesma, fazendo-Se semelhante aos homens (cf. Fl 2, 7), e operou, de dentro da natureza humana, a nossa Redenção. Qual novo Adão no Paraíso Terrestre, “encontrou sua liberdade em Se ver aprisionado no seio da Virgem Mãe”.4

Quem é mais, manda menos

À primeira vista, a constituição da Sagrada Família é um mistério. Pois nela quem tem mais autoridade é São José, como patriarca e pai, com direito sobre a esposa e sobre o fruto de suas puríssimas entranhas.

A esposa é Mãe de Deus, Mãe da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Sendo Mãe, tem Ela poder sobre um Deus que Se encarnou em Seu seio virginal e Se fez seu filho.

Nosso Senhor Jesus Cristo, como filho, deve obediência a esse pai adotivo, aceitando em tudo a orientação e a formação dada por José; e também à sua Mãe, criatura Sua. Que imenso, insondável e sublime paradoxo!

Assim, na ordem natural, José é o chefe; Maria, a esposa e mãe; e Jesus, a criança. Porém, na ordem sobrenatural, o Menino é o Criador e Redentor; Ela, a Medianeira de todas as graças, Rainha do Céu e da Terra; e José, o Patriarca da Igreja. José, o que de si tem menos poder, exerce a autoridade sobre Nossa Senhora, a qual tem a ciência infusa e a plenitude da graça, e sobre o Menino, que é o Autor da graça.

Deus ama a hierarquia

Por que dispôs Deus essa inversão de papéis?

Assim fez para nos dar uma grande lição: Ele ama a hierarquia e deseja que a sociedade humana seja governada por este princípio, do qual o próprio Verbo Encarnado quis dar exemplo.

Bem podemos imaginar, na pequena Nazaré, a prestatividade, a sacralidade e a calma de Jesus, auxiliando José na carpintaria: serrando madeira, pregando as peças de uma cadeira, quando bastaria um simples ato de vontade Seu, para serem imediatamente produzidos, sem necessidade sequer de matéria prima, os mais esplêndidos móveis, jamais vistos na História.

Entretanto, afirma São Basílio, “obedecendo desde sua infância a seus pais, Se submeteu Jesus humilde e respeitosamente a todo trabalho braçal”.5 Assim, logo que São José mandasse – e com que veneração! – o Filho fazer um trabalho, Este Se punha a executá-lo!

Pois agindo dessa maneira – honrando o pai que estava na terra e aceitando, por exemplo, fazer um móvel de acordo com as regras da natureza – dava Jesus mais glória a Deus Pai, que O havia enviado. Afirma São Luís Grignion, a propósito de sua obediência a Nossa Senhora: “Jesus Cristo deu mais glória a Deus submetendo-Se a Maria durante trinta anos, do que se tivesse convertido toda a terra pela realização dos mais estupendos milagres”.6

Assim, temos dentro da própria Sagrada Família um impressionante princípio de amor à hierarquia, porque, uma vez que Jesus havia desejado nascer e viver numa família, Ele honrava pai e mãe, mesmo sendo onipotente e o Criador de ambos.

Uma vida de aparência normal

Não devemos supor que na Sagrada Família tudo era absolutamente místico, sobrenatural e pleno de consolações.

“Obedecendo desde Sua infância a Seus
pais, Se submeteu Jesus humilde e
respeitosamente a todo trabalho
braçal” (São Basílio)
“Jesus Carpinteiro” Basílica de Saint
Laurent-sur-Sévre (França)

Do Menino Jesus não se pode dizer que vivia de fé porque sua alma estava na visão beatífica. Entretanto, quis que seu corpo tivesse o desenvolvimento normal de um ser humano. Assim, por exemplo, não nasceu falando, embora pudesse falar todas as línguas do mundo.

Nossa Senhora e São José levavam também uma vida inteiramente comum na aparência e, como todos os homens, sofreram perplexidades e angústias. Disto nos dá um exemplo o Evangelho deste domingo: “Teu pai e Eu estávamos, angustiados, à tua procura”.

II – Verdadeiro Deus e verdadeiro homem

A descrição de São Lucas é a mais minuciosa apresentada pelos Evangelhos a respeito dos trinta anos de vida oculta de Nosso Senhor, junto aos pais, o que leva a supor que o episódio lhe tenha sido relatado pela própria Nossa Senhora.

A Sagrada Família cumpre o preceito

41 “Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. 42 Quando Ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume”.

Três eram as festas – Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos – nas quais os varões judeus tinham o dever de comparecer ao Templo.7 Tendo Jesus completado os doze anos, era obrigado também a fazêlo, pois, como lembra Fillion, ao atingir essa idade todo jovem israelita se tornava “‘filho do preceito’ ou ‘filho da Lei’, quer dizer, sujeito a todas as prescrições da Lei mosaica, mesmo as mais onerosas, como o jejum e as peregrinações ao Templo”.8

De Nazaré a Jerusalém são vários dias de viagem, feita em comitiva, em caravanas, com as estradas apinhadas pelos que iam cumprir o preceito nessas datas. Era costume os peregrinos passarem uma semana em Jerusalém. Assim, segundo descrições feitas por autores da época, como Flávio Josefo, a cidade se tornava intransitável, superlotada de gente por todos os cantos.9

Dirigiu-Se Jesus à Casa de Deus para prestar culto ao Pai. Que magnífica manifestação de amor à hierarquia, que sublime relacionamento entre as Pessoas da Santíssima Trindade! Quanta alegria teria sentido o Filho do Homem ao cumprir esse preceito da Lei mosaica, por ocasião da festa da Páscoa! E vendo o cordeiro, símbolo de Si mesmo, sendo oferecido ao Pai no Templo, deve ter considerado como, ao redimir o gênero humano pelo sacrifício cruento na Cruz, Ele tornaria realidade essa imolação simbólica.

Muito provavelmente caminhou por Jerusalém e fitou com olhos humanos os lugares nos quais Ele iria padecer, e teve um arroubo de amor semelhante àquele “desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco” (Lc 22, 15) que mais tarde manifestaria na Santa Ceia. E Nossa Senhora não O terá acompanhado nesse percurso? Terão discorrido sobre a Paixão? Ignorados pelos homens, eram, contudo, espetáculo para os Anjos do Céu.

Jesus não lhes deu nenhuma explicação

43 “Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem”.

Costumavam os judeus, durante essas viagens, formar duas comitivas, uma de mulheres e outra de homens, e as crianças caminhavam ora com o pai, ora com a mãe. E à noite, pai, mãe e filhos se juntavam para o jantar e algum tempo de convívio antes de cada qual ir descansar.

Assim deve ter sido a vinda para Jerusalém e seria também a viagem de retorno, com a inevitável confusão própria à partida de uma caravana que sai de uma cidade superlotada. Isso explica o fato de que somente no final do primeiro dia, ao se encontrar com São José, Nossa Senhora deu-Se conta do desaparecimento do Menino. Começaram, então, aflitos, a buscá-Lo entre os parentes e conhecidos. Em vão!

Aflição de Maria e José

44 “Pensando que Ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá- Lo entre os parentes e conhecidos. 45 Não O tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura”.

Podemos bem calcular a grande dor de Maria e José, atônitos diante desse fato, para o qual não encontravam explicação.

Sabiam que o Messias deveria ensinar toda a Sua doutrina e depois seria condenado à morte. Isto os deixava receosos, como afirma a Glosa, de que “aquilo que Herodes tentara levar a cabo em sua primeira infância, agora, encontrando uma ocasião oportuna, o fizessem outros, matando-O nessa idade”.10 Procuravam-No, então, pelo caminho – com que angústia! -, temendo achá-Lo morto.

Ao sofrimento da dúvida sobre a causa do desaparecimento de Jesus, somava-se o da incerteza sobre a ocasião. Como fora acontecer agora? Transida de dor, Nossa Senhora certamente Se lembrava da profecia de Simeão: “Uma espada transpassará a tua alma” (Lc 2, 35).

Preocupação, aflição e angústia, sim, mas numa superior paz de alma. Maria Santíssima talvez Se poria o problema de ser Ela a culpada pelo acontecido, por alguma falta de amor a Deus. A separação do Seu adorável Filho seria, nesse caso, uma divina repreensão. Daí estar Ela na aflição das aflições e sentir no coração a espada de dor! Ela e José talvez julgassem não terem sido dignos da guarda daquele Tesouro, de não terem correspondido à missão que receberam. E isso os deixava em grande desolação.

Nosso Senhor é ávido por dar testemunho

46 “Três dias depois, O encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas. 47 Todos os que ouviam o Menino estavam maravilhados com sua inteligência e respostas”.

Constatada a perda de Jesus, Nossa Senhora e São José tiveram de aguardar até o amanhecer para empreender a viagem de volta. Quando chegaram a Jerusalém, anoitecera já novamente; e, assim, só no terceiro dia puderam ir ao Templo. Bem sabia Ela que era esse o lugar mais provável onde achar o Filho.

Quando afinal O encontraram, a Virgem Mãe e São José, absortos pelo sofrimento, nem se deram conta da admiração causada pelo Menino Jesus aos doutores – “maravilhados com sua inteligência e respostas” -, como ressalta o grande exegeta Lagrange: “A aprovação dos doutores seria de molde a lisonjear os pais, e sobretudo teria dado ocasião à doce complacência de uma mãe; mas Maria estava assumida pela dor e tomada de surpresa”.11

Diante dos mestres da Lei, o Menino Jesus estava dando testemunho de Sua missão, dezoito anos antes de iniciar Sua vida pública, conforme comenta São Beda: “Para provar que era Deus, respondia-lhes de uma maneira sublime quando O interrogavam”.12 Agindo assim, estava ajudando aquelas pessoas a se aperceberem de que chegara a hora do Messias e da libertação do povo judeu. Libertação, não do domínio romano, mas espiritual, em ordem à salvação eterna: as portas do Céu iriam ser abertas!

Maria pergunta com admiração

48 “Ao vê-Lo, seus pais ficaram muito admirados e sua Mãe Lhe disse: ‘Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e Eu estávamos, angustiados, à tua procura'”.

A admiração de que nos fala este versículo pode ser entendida em dois sentidos. Primeiro no sentido explicitado por São Tomás de Aquino: estavam eles, em meio aos efeitos, à procura da causa, da razão.13 Segundo, ficaram admirados ao encontrar o Menino cumprindo Sua missão em tão tenra idade e presenciar a manifestação que Ele dava de Si mesmo.

Maria e José dão-nos aqui exemplo de como devemos nos comportar quando a graça sensível se afastar de nós. Antes de tudo, evitar qualquer atitude de revolta; se aconteceu, foi porque Deus quis. São os percalços da vida, os dramas, as dificuldades que a Providência permite para unir-nos mais a Ela. Aceitemos tudo com o mesmo estado de espírito dos pais de Jesus. E quando revirmos Nosso Senhor, teremos também admiração.

Na pergunta feita por Nossa Senhora, não se nota uma manifestação de queixa. Com sua retíssima consciência, Ela demonstra aflição e perplexidade, desejando uma explicação para, assim, melhor servir a Deus. Essa deve ser também nossa atitude, resignada e amorosa, face aos problemas que se nos deparam ao longo da vida.

Resposta segundo a natureza divina

49 “Jesus respondeu: ‘Por que Me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?'”.

Em sua pergunta, na qual transparece bem a preocupação de mãe em relação ao filho, a Virgem Maria toma em consideração a natureza humana de Jesus. E Ele, respondendo por meio de outra pergunta chama a atenção para a Sua natureza divina.

Por essa resposta – a qual, segundo Fillion, constituía “o programa de todo o seu ministério” 14 -, podemos conjecturar ter o Menino Jesus instruído Nossa Senhora a respeito de como Ele deveria cumprir a vontade do Pai. E de como esse chamado divino superava qualquer laço de sangue. Ele quis dizer a seus pais terrenos que Sua missão divina estava acima dos vínculos familiares.

Mas, com isso, estaria Ele reprovando Maria e José porque se colocaram como seus pais? São Beda faz um inspirado comentário: “Não os repreende porque O buscam como filho, mas os faz levantar os olhos da alma para verem o que Ele deve Àquele de quem é Filho eterno”.15 Jesus Cristo tinha uma missão a cumprir e queria que seus pais terrenos compreendessem que tudo devia se subordinar ao Pai Celeste.

O exemplo de Maria diante do não entender

50 “Eles, porém, não compreenderam as palavras que lhes dissera”.

Por que Nossa Senhora e São José não entenderam? Deus não lhes deu luzes para isso naquele momento, a fim de que pudessem ter maior mérito, compreendendo só mais tarde as razões do comportamento do Menino Jesus.

Maria não entendeu as palavras de seu Filho, mas, como se vê no versículo seguinte, conservava no seu coração “todas essas coisas”, com amor, sabendo que havia uma lição por do desse episódio.

Nunca houve uma comunidade conte-
mplativa excelsa como a de Nazaré;
Jesus, Maria e José! Impossível
imaginar algo superior.
“Jesus entre os doutores” – Oratório
São José, Montreal (Canadá)

Essa deve ser nossa atitude em relação a tudo quanto nos transcende e que porventura não consigamos entender em nossa vida espiritual: com paz e confiança, guardar os acontecimentos no coração e refletir sobre eles ao longo do tempo, lembrando- nos da promessa de Nosso Senhor: “O Paráclito, o Espírito Santo que o Pai vos enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos lembrará tudo o que vos tenho dito” (Jo 14, 26). Mais cedo ou mais tarde, o Espírito Santo nos fará compreender, na medida que isso for útil para nossa santificação e o cumprimento de nossa missão.

Neste episódio, ensina-nos também o Divino Mestre que, por vezes, até nossos parentes podem não entender alguma atitude nossa, de firme decisão de cumprir um dever moral ou religioso. Portanto, se isso acontecer, não nos surpreendamos.

O imenso valor do recolhimento

51 “Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas essas coisas”.

Visando provavelmente evitar a interpretação errônea de que, para obedecer ao Pai Eterno, é preciso desobedecer aos pais terrenos, São Lucas, com muita delicadeza, lembra logo a seguir que Nosso Senhor passou o resto da vida submisso a Maria e José. Pois, como afirma São Beda: “O que haveria de fazer o Mestre da virtude, se não cumprir esse dever de piedade? O que haveria de fazer entre nós senão aquilo mesmo que desejava que fizéssemos?”.16

Portanto, Ele aceitou que O levassem novamente para Nazaré e continuou a ser-lhes obediente até o início de Sua vida pública, quase duas décadas depois.

O que significaria esse longo período de vida oculta? Bem pode exprimir ele o imenso valor do recolhimento. Jesus, evidentemente, já estava preparado para cumprir a vontade do Pai. Entretanto, depois de afirmar que veio cumprir essa vontade, Ele segue Nossa Senhora e São José, e fica mais dezoito anos na vida oculta e recolhida.

Não esqueçamos, também nós, que o recolhimento, a contemplação e o isolamento são excelentes meios de nos prepararmos para executar bem nossas ações. Nunca houve uma comunidade contemplativa excelsa como a de Nazaré: Jesus, Maria e José! Impossível imaginar algo superior. É por isso que, como lembra o grande teólogo padre Antonio Royo Marín, “alguns Santos Padres se comprazem em dizer que a principal ocupação de Jesus em Nazaré foi a doce tarefa de santificar cada vez mais sua queridíssima Mãe, Maria, e seu pai adotivo, São José. Nada mais sublime, e mais lógico e natural”.17

Crescimento em sabedoria, estatura e graça

52 “E Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens”.

Santo Agostinho, São Tomás e a generalidade dos teólogos afirmam que Jesus possuía em grau supremo, desde o primeiro instante de sua concepção, a graça, a sabedoria e a santidade.18 E não só as possuía, mas era em substância a Graça, a Sabedoria e a própria Santidade.

No entanto, Ele crescia fisicamente, de ano em ano, tomando configuração de adulto, “mas sem exceder exteriormente as leis gerais do desenvolvimento humano”, sublinha Fillion.19 De acordo com a idade, ia Ele manifestando mais a Graça e a Sabedoria. Não Se tornava maior em substância, mas sim em manifestação. Isso, segundo o Doutor Angélico, porque “à medida que avançava em idade, fazia obras mais perfeitas para demonstrar que era verdadeiro homem, tanto no referente a Deus como no tocante aos homens”.20

III – Oração e doutrina

Que aplicação tem esta passagem do Evangelho para nossa vida espiritual?

Quando estivermos aflitos, na aridez,
devemos procurar Jesus no Sant-
íssimo Sacramento

Há momentos de nossa existência nos quais temos a sensação de ter “perdido o Menino Jesus”, isto é, com ou sem culpa nossa, a consolação espiritual desaparece e nos sentimos desamparados. O que fazer quando percebemos que estamos sem graças sensíveis, sem aquilo que nos dava ânimo e sustentação para praticar a virtude?

Esta passagem do Evangelho ensina-nos a imitar Maria e José: ir atrás do Menino Jesus, isto é, pôr-se à procura da graça sensível, quando ela se retirar. Quando estivermos aflitos, na aridez, devemos procurar Jesus no Santíssimo Sacramento. Não há nada, absolutamente nada do necessário para nossa santificação que, se pedirmos a Jesus Eucarístico, não acabemos por obter.

Contudo, não nos esqueçamos de que, no Templo, Nosso Senhor estava entre os mestres da Lei, o que bem pode significar a importância da doutrina para nos sustentar na hora da provação. Daí decorre para nós a necessidade de uma boa e sólida formação doutrinária.

Como quem vai fazer uma longa viagem providencia com antecedência documentos, roupas apropriadas e tudo o mais, assim precisamos fazer nós: rezar muito e conhecer bem a doutrina, a fim de estarmos preparados para atravessar os períodos de aridez. Se tivermos os princípios bem vincados na alma, quando bater o vento da provação, as folhas estarão firmes na árvore da Fé.

1 Cf. JOURDAIN, Pe. Z. C. Somme des grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer Ed., 1900, t. I, p. 56.
2 MONTFORT, São Luís G.de. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem.Petrópolis: Vozes, 1994, n. 17.
3 Idem, n. 20.
4 Idem, n. 18.
5 SAN BASILIO MAGNO. In lib. relig. apud AQUINO, Santo Tomás de. Catena Áurea. Buenos Aires: Cursos de Cultura Católica, s.d., p. 73.
6 MONTFORT. Op. cit., n.18.
7 Cf. Ex 23, 14; 24, 23; Dt 16, 16.
8 Cf. apud TUYA, OP, Pe.Manuel de. Biblia Comentada – V Evangelios.Madrid: BAC, 1954, p. 781.
9 Cf. Idem, ibidem.
10 Apud AQUINO, Santo Tomás de. Op. cit., p. 71.
11 LAGRANGE, OP, Pe. Joseph M. Vida de Jesucristo según los Evangelios.Madrid: Edibesa, 1999, p. 52.
12 BEDA, San. Apud AQUINO, Santo Tomás de. Op.cit., p. 70.
13 AQUINO, São Tomás de.Suma Teológica, I-II, q.
32, a. 8, Resp.: “A admiração é um certo desejo de saber, que surge no homem porque vê o efeito e ignora a causa”.
14 FILLION, Louis-Claude. Nuestro Señor Jesucristo según los Evangelios.Madrid: Edibesa, 2000, p. 88.
15 BEDA, San. Apud AQUINO, Santo Tomás de. Op.cit., p. 71.
16 Idem, p. 72.
17 ROYO MARÍN, OP, Pe.Antonio. Jesucristo y la vida cristiana. Madrid: BAC, 1961, p. 274.
18 Cf. por exemplo: SANTO AGOSTINHO, In Sermone LVII, de diversis; Tract. 108 in Ioan., n. 5; De trinitate, I, 15, c. 26, n.
4; AQUINO, São Tomás de. Suma Teológica III, q.7, a. 12.
19 FILLION. Op. cit., p. 86.
20 AQUINO, São Tomás de.Suma Teológica III, q.7, a.12, ad 3.

(Revista Arautos do Evangelho, Dez/2009, n. 96, p. 10 à 17)

Monsenhor João Clá Dias

Posted in aridez, depressão, joao cla, Monsenhor João, Monsenhor João Clá, Monsenhor João Clá Dias, Pe. João Clá Dias, religião, tristeza | Comentários desativados em Como encontrar Jesus na aridez

Moçambique recebe São João Bosco

gaudium2

A peregrinação da relíquia de São João Bosco, que percorre o mundo chegou a Moçambique. Igrejas, colégios, obras sociais salesianas receberam com cânticos e muito fervor a urna contendo a imagem do santo. A iniciativa da peregrinação da relíquia é do Reitor-Mor dos Salesianos, Padre Paschoal Chávez, em preparação ao Bicentenário donascimento de Dom Bosco, que correrá em 2015. Foi no dia 25 de abril de 2010, na cidade de Turim, que a imagem peregrina com a relíquia do santo foi benzida na basílica de Nossa Senhora Auxiliadora e percorrerá todos os países onde está presente a família salesiana. O rosto de Dom Bosco da imagem que está na urna foi reproduzido a partir da máscara que o artista Cellini realizou no mesmo dia da morte de Dom Bosco. Dom Bosco pai inspirador e fundador de um vasto movimento que trabalha de diversos modos em favor da juventude. Fundou não só a sociedade de São Francisco de Sales, como também o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora e a Associação dos Cooperadores Salesianos. Em Moçambique encontramos: Salesianos (sdb); Filhas de Maria Auxiliadora (fma); Salesianos cooperadores (sscc); Antigos Alunos e Alunas de D. Bosco e das Filhas de Maria Auxiliadora (aa.aa); Associação das devotas de Maria Auxiliadora (admas).

gaudium1

gaudium2

Posted in África, Arautos do Evangelho, Dedicação da Igreja, Evangelização, Igreja, Maputo, Moçambique, Monsenhor João Clá | Comentários desativados em Moçambique recebe São João Bosco

Monsenhor João Clá: Convertei-vos e crede no Evangelho

“Naquele tempo, 12 o Espírito  levou Jesus para o deserto. 13 E Ele ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por Satanás. Vivia entre animais selvagens, e os anjos O serviam. 14 Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15 ‘O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!'” (Mc 1, 12-15).

Adequar o nosso pensamento, desejos, ações e sentimentos conforme Nosso Senhor Jesus Cristo é o único meio de correspondermos condignamente ao amor que Deus manifesta por cada um de nós.

Monsenhor_Joao_ClaMons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

I – Um amor levado ao extremo limite

É insondável o amor do Criador em relação a cada um de nós em particular. Por isso, às vezes, nos confunde a consideração de todos os benefícios que d’Ele recebemos.

Podendo simplesmente permanecer em sua plena e eterna felicidade, quis Deus criar o universo, com o objetivo de manifestar sua infinita bondade: “Ele criou por bondade. Não necessitava de coisa alguma daquilo que fez”1 – ensina Santo Agostinho.

A todos os homens e mulheres, Ele deu o ser, escolhendo-os um a um dentre as infinitas criaturas racionais que poderia criar. Ademais, nos redimiu do pecado, nos sustenta e favorece com seus dons, nas mais variadas circunstâncias. Mas, sobretudo, dá-nos a oportunidade de participar de sua vida divina já nesta Terra, como primícias da felicidade sem fim que nos está reservada no Céu, em inefável convívio com a Santíssima Trindade.

Deus faz aliança com os homens

Em contrapartida a tanta bondade, repete-se invariavelmente uma constante no comportamento dos homens: em determinado momento, eles s?Cristo Rei? - Paróquia São Roque González_.jpge desviam dos caminhos traçados pelo Criador; a Providência, então, intervém a fim de evitar sua perdição, proporcionando-lhes os meios necessários para a salvação. Assim, quando Adão e Eva cometeram o primeiro pecado, Deus os castigou com a expulsão do Paraíso, mas fez ao mesmo tempo uma aliança com o gênero humano, prometendo-lhe a Redenção e o restabelecimento do estado de graça perdido.2

Contudo, não tardaram os homens a recair no pecado. Logo depois de nossos primeiros pais começarem a povoar o orbe com sua descendência, o Senhor constatou “o quanto havia crescido a maldade das pessoas na Terra e como todos os projetos dos seus corações tendiam para o mal” (Gn 6, 5). Arrependido, então, de ter criado o gênero humano, o Senhor o teria extirpado por completo da face da Terra se Noé não encontrasse graça diante de seus olhos (cf. Gn 6, 8).

Assim, conforme narra a primeira leitura deste domingo (Gn 9, 8-15), terminado o terrível castigo do Dilúvio, Deus abençoou Noé e seus filhos, e estabeleceu com eles e com sua descendência uma aliança que “permanece em vigor durante todo o tempo das nações, até a proclamação universal do Evangelho”.3

Essa aliança será mais tarde renovada com Abraão, em quem “serão abençoadas todas as famílias da Terra” (Gn 12, 3); através da Lei de Moisés, no Sinai (cf. Ex 19, 5-6); ou na promessa messiânica feita a Davi (cf. II Sm 8, 16), para citar apenas alguns dos principais episódios da história da Salvação.

Cristo, auge da história da Salvação

Passam-se os séculos e a humanidade atinge um auge de decadência que marca simultaneamente o fim do Antigo Testamento e a “plenitude dos tempos” de que nos fala o Apóstolo (Gal 4, 4). Jesus cumpre de maneira superabundante as promessas feitas aos patriarcas e profetas, assumindo a humana natureza sem deixar de ser Deus. Culmina, assim, com uma perfeição toda divina, a história da Salvação.

A Encarnação do Verbo é um mistério que ultrapassa por completo nossa capacidade intelectiva. Para tentar compreendê-lo em alguma medida, imaginemos um anjo nos propondo assumir a natureza de uma minhoca, sem deixarmos a condição humana, com a missão de salvar da morte todas as minhocas do mundo. Qual seria nossa resposta?

Ora, a diferença entre um homem e uma minhoca é insondavelmente menor do que a existente entre Deus e as criaturas racionais. No primeiro caso, há uma desproporção enorme; no segundo, nem sequer se pode falar de desproporção, porque a distância é infinita. Entretanto, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade assumiu a natureza humana para nos salvar, manifestando por nós um amor extraordinário, fora de toda medida.

De uma “loucura” de amor nasce a Santa Igreja

No alto do Calvário, a bondade e a misericórdia do Verbo Encarnado pelos pecadores são levadas, por assim dizer, até à loucura (cf. I Cor 1, 18). E São Pedro nos lembra, na segunda leitura deste domingo: “Cristo morreu, uma vez por todas, por causa dos pecados, o justo pelos injustos, a fim de nos conduzir a Deus. Sofreu a morte na sua existência humana, mas recebeu nova vida pelo Espírito. No Espírito, Ele foi também pregar aos espíritos na prisão, aos que haviam sido desobedientes outrora, como nos dias em que Noé construía a arca” (I Pd 3, 18-20a).

Na Aliança estabelecida por Deus com a humanidade após o Dilúvio, Ele prometeu não mais castigar a Terra por meio das águas (Gn 9, 11). Ora, bem se poderia dizer que a história da Salvação culmina num “dilúvio de Sangue”, de acordo com a expressiva fórmula de São Luís Maria Grignion de Montfort.4 Porque – se não bastassem a flagelação, a coroação de espinhos e todos os sofrimentos ao caminho do Calvário – Ele permitiu que, na Cruz, uma lança Lhe perfurasse o peito sagrado.

Pala da Santa Trindade - por Fra Angélico, Convento de São Marcos, Florença (Itália).jpg

Verteram-se nessa hora as últimas gotas de sangue e linfa que ainda restavam no seu Sacratíssimo Coração. Nasceu assim o Corpo Místico do qual Cristo é a Cabeça. “No Calvário, Ele completa sua imolação e faz nascer, em meio às mais espantosas torturas físicas e morais, a Igreja que Ele havia tão laboriosamente preparado e instituído. […] É, pois, a Igreja que, segundo a doutrina dos Padres, sai do Lado aberto do Salvador e, por assim dizer, é dada à luz por Ele”.5 No mesmo sentido comenta São João Crisóstomo: “Aquele sangue e aquela água são símbolos do Batismo e dos mistérios.

De um e de outra nasce a Igreja, ‘pelo banho da regeneração e da renovação no Espírito Santo’ (Tt 3, 5), pelo Batismo e pelos mistérios”.6 E o Concílio Vaticano II afirma serem o começo e o crescimento da Igreja “significados pelo sangue e pela água que saíram do lado aberto de Jesus crucificado”7; e que “do lado de Cristo dormindo na Cruz é que nasceu o admirável Sacramento de toda a Igreja”.8

II – O prólogo da pregação da Boa Nova

O Evangelho deste primeiro domingo reporta-nos ao momento no qual dispunha-Se Cristo a iniciar sua missão de pregar a Boa Nova. Ao sair das águas do Jordão, logo após ser batizado por João, o Céu se abriu, o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma de uma pomba e ouviu-se uma voz vinda do Alto: “Tu és o meu Filho bem-amado; em Ti ponho minha afeição” (Lc 3, 22).

Nesse instante, comenta Bento XVI, deu-se uma como que investidura do encargo messiânico do Filho do Homem. Foram-Lhe conferidas ali, para a História e perante Israel, a dignidade real e a sacerdotal. A partir desse momento a vida de Jesus está subordinada à missão para a qual Ele havia Se encarnado.9

O recolhimento precede a ação

“Naquele tempo, 12 o Espírito levou Jesus para o deserto”.

Após o Batismo, a primeira disposição do Espírito Santo foi de conduzir Jesus ao deserto, onde Ele permaneceu quarenta dias em regime de penitência, isolamento e oração. Mostra-nos assim o Divino Mestre que, antes de lançar-se a santas e grandes empresas, é indispensável preparar-se pela oração e pela contemplação, pois a vida interior é a alma de toda ação missionária. Se o próprio Deus humanado deu esse sublime exemplo, qual lição devem dele tirar todos quantos, em nossos dias, consagram a vida ao apostolado?

Forças superabundantes para os que haveriam de segui-Lo

13a “E Ele ficou no deserto durante quarenta dias…”.

O primeiro dos sinóticos especifica que “Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites” (Mt 4, 2). Não pensemos, entretanto, que esse jejum de Jesus foi “o jejum habitual dos judeus renovado por quarenta dias consecutivos; o jejum judaico obrigava até o pôr do sol, mas ao cair da noite eles tomavam alimentos, […] enquanto Jesus jejuou quarenta dias e quarenta noites sem interrupção”.10

Nesse período, quis o Redentor contemplar o panorama completo da sua missão e como a Santa Igreja haveria de manter os efeitos da Redenção até os últimos tempos, através dos Sacramentos.

Um mero ato da vontade divina teria bastado para a fundação da Igreja. Mas, ao longo de sua peregrinação terrena, o Filho do Homem queria conquistar forças superabundantes para todos quantos haveriam de segui-Lo até o fim dos tempos. Por isso Ele nada comeu nem bebeu nesses quarenta dias. Viveu sustentado pela ação angélica e por uma força sobrenatural que não O impedia, entretanto, de sentir fome e sede. Patenteia- se assim, uma vez mais, até que extremos de amor Ele estava disposto a chegar, para nossa salvação.

A Cabeça obtém a vitória para todo o Corpo

13a “…e aí foi tentado por Satanás”.

Cristo era Deus e, enquanto tal, não foi ao deserto visando preparar-Se na solidão para a luta que estava por vir, mas sim para iniciá-la. Longe de buscar refúgio contra o mal, começava sua vida pública enfrentando e vencendo os ataques do inimigo.

Entretanto, não tinha o demônio ainda consciência da divindade de Jesus. Julgando-O passível de pecar, quis de todas as maneiras induzi-Lo a cometer diversas faltas. Terá ele tentado o Filho de Deus durante os quarenta dias e quarenta noites, como parece desprender- se deste versículo de São Marcos e é opinião de São Beda? Ou terá aguardado até o fim do jejum para tentá-Lo, como afirma São Tomás?

O problema não nos parece especialmente relevante diante do fato de o Divino Mestre ter querido assumir sobre Si as nossas tentações para vencê-las.11 Com a derrota infligida ao demônio no deserto, Cristo, Cabeça do Corpo Místico, obteve a vitória para todos os seus membros, conforme afirma São Gregório Magno: “Não era indigno de nosso Redentor querer ser tentado, Ele que veio para ser morto; quis Ele vencer com as suas as nossas tentações, assim como venceu com a sua a nossa morte”.12

“Não nos deixeis cair em tentação”

Ora, segundo São Tomás, não foi essa a única razão pela qual quis Cristo ser tentado; ele acrescenta mais três: para ninguém, por mais santo que seja, sentir-se seguro e imune à tentação; para nos mostrar como vencer as tentações; e para incutir-nos a confiança em sua misericórdia.13

Tentaçoes de Cristo - Catedral de Gloucester - Inglaterra1.jpg

Por isso, explica o mesmo Doutor Angélico: “Deve-se notar que Cristo não nos ensina a pedir para não sermos tentados, mas sim para não cairmos em tentação. Pois se o homem vence a tentação, merece a coroa”.14 Deus permite ao demônio atuar, deixa as más inclinações de nossa natureza decaída nos atormentarem, para dessa forma podermos obter méritos.

Observa, a este propósito, o padre Royo Marín: “Inumeráveis são as vantagens de vencer a tentação, com a graça e ajuda de Deus. Porque humilha Satanás; faz resplandecer a glória de Deus; purifica nossa alma, enchendo-nos de humildade, arrependimento e confiança no auxílio divino; obriga-nos a estarmos sempre vigilantes e alertas, a desconfiarmos de nós mesmos, esperando tudo de Deus, a mortificar nossos gostos e caprichos; aumenta nossa experiência e nos torna mais circunspectos e precavidos na luta contra nossos inimigos”.15

Da mesma forma como não se pode premiar um corredor que nem sequer saiu da cama, ou um intelectual que nada escreveu nem disse, assim também na vida espiritual: para receber a recompensa na eternidade, precisamos ser provados nesta vida.

Nada alegra tanto nosso inimigo quanto o desânimo

Portanto, a tentação não nos deve entristecer, pois representa a hora do heroísmo e da alegria: é o momento de mostrarmos nosso amor a Deus. Cristo nos deu o exemplo! Nesses quarenta dias de orações e padecimentos no deserto, Ele conquistou as graças necessárias para a nossa perseverança, inclusive as graças específicas para fazermos bem os exercícios quaresmais, preparatórios para a Páscoa. E mesmo que sucumbamos ante alguma tentação, Ele nos obteve forças para levantar e prosseguir no caminho da santificação.

Assim, quando chegar a tentação, não podemos tolerar nenhum desânimo, pois quem resiste e quem já venceu é Cristo, Cabeça do Corpo Místico do qual somos membros.

O demônio, quando nos tenta, tem por objetivo primordial tirar-nos o ânimo, porque, se conseguir isso, nos prenderá em suas garras. O ânimo, pelo contrário, nos mantém nas mãos de Deus e de Nossa Senhora.

“O que alegra o inimigo não são tanto as nossas faltas como o abatimento e a perda de confiança na misericórdia divina em que elas nos mergulham”.16 Por isso nos adverte São Francisco de Sales numa carta dirigida a uma filha espiritual: “A desconfiança que sentis de vós mesma é boa, desde que sirva de fundamento à confiança que deveis ter em Deus; mas se ela vos conduzir a qualquer desânimo, inquietude, pesar e melancolia, conjuro-vos a rejeitá-la como a tentação das tentações, e a nunca conceder a vosso espírito oportunidade de disputar e replicar em favor da inquietação e do abatimento do coração a que vos sentirdes inclinada”.17

As feras do deserto e os animais do Paraíso

13b “Vivia entre animais selvagens…”.

Baseando-se nos Padres da Igreja, comentaristas como Fillion e Maldonado, ou o próprio São Tomás, consideram ter feito São Marcos esta afirmação para sublinhar, com a vivacidade própria do discípulo de São Pedro, o caráter selvagem da região onde Jesus Se retirou, e acentuar a completa solidão na qual Ele passou esses quarenta dias e quarenta noites.18 São João Crisóstomo comenta que São Marcos teria dito isso “para mostrar como era o deserto; nele não havia caminho para os homens, e estava cheio de animais ferozes”. 19 Mas essas palavras podem ser analisadas também num sentido mais profundo.

Naquele tempo, não faltavam nas proximidades do Jordão hienas, chacais, leopardos e javalis, segundo informa, entre outros, o mencionado Fillion.20 Ora, se no Paraíso todos os animais obedeciam a Adão inteiramente, naquele deserto eles avançavam sobre os homens, atemorizando-os e obrigando-os a fugir.

Teria querido o Divino Mestre suportar mais essa fraqueza da humanidade decaída? Se Ele quis experimentar o temor provocado pela presença das feras, é certo que o venceu de forma grandiosa, obtendo-nos assim mais forças ainda para superarmos as adversidades, dramas e complicações que a vida nos apresenta.

Servido como Deus pelo ministério dos Anjos

13c “…e os anjos O serviam”.

Misteriosa e cheia de significado é também a presença dos anjos.

Terão eles se afastado de seu Senhor até o fim das tentações, como leva a pensar o relato dos outros sinóticos? Ou terão permanecido servindo-O e sustentando sua vida terrena durante esses quarenta dias e quarenta noites em que nada comeu nem bebeu?

Nada impede, em nossa opinião, imaginar a Corte Celestial descendo até o deserto e retornando ao Céu durante todo esse período, a fim de assistir a natureza humana do seu Criador. Pelo contrário, a isso convida o comentário de São Beda, reproduzido na Catena Áurea por São Tomás: “Considere-se também que Cristo mora entre as feras como homem, e é servido por ministério angélico como Deus”.21

Tentações de Cristo - Catedral de Gloucester - Inglaterra2_.jpg

“Convertei-vos e crede no Evangelho”

14 “Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15 ‘O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!'”.

Depois dessa sublime preparação, tudo estava pronto nos relógios da História para o aparecimento do Salvador no cenário da vida pública de Israel. Terminado o seu retiro, e vencidas as tentações, vai Ele entregar-Se ardorosamente ao cumprimento da sua missão. Faltava apenas o sinal indicado pela Sabedoria Divina para o início da pregação da Boa Nova: a prisão de João Batista.

Com ela inicia-se o ocaso do Antigo Testamento. Mas sem dar ensejo à chegada da noite, raia a aurora de uma nova era, mais radiante, iluminada pelo verdadeiro Sol da Salvação. “O tempo já se completou, o Reino de Deus está próximo, convertei-vos e crede no Evangelho”. Com estas palavras abre o Divino Mestre sua pregação, evocando os termos com que o Precursor anunciara sua chegada (cf. Mt 3, 1-2).

Na liturgia deste domingo, a Igreja quer nos transmitir uma mensagem: Deus nos ama e deseja nos perdoar. Ele está disposto a reconciliar- Se conosco, a fazer conosco uma aliança inquebrantável. Mas é preciso reavivar a Fé e mudar de vida, como nos exorta Jesus: “Convertei- -vos e crede no Evangelho”.

III – Como corresponder a esse amor?

No concernente a essa conversão, é mister nos acautelarmos de um perigoso erro.

Em nossa vida espiritual, falta-nos muitas vezes a compenetração da necessidade de sermos santos. Não raro procuramos ser simplesmente corretos, esquecendo o chamado do Concílio Vaticano II tantas vezes repetido: “Jesus, mestre e modelo divino de toda a perfeição, pregou a santidade de vida, de que Ele é autor e consumador, a todos e a cada um dos seus discípulos, de qualquer condição: ‘sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito’ (Mt 5, 48)”.22

“Gravíssimo erro comete”, ensina Santo Afonso Maria de Ligório, “quem sustenta que Deus não exige que todos nós sejamos santos, pois São Paulo afirma: ‘Esta é a vontade de Deus, vossa santificação’ (I Tes 4, 3). Quer Ele que sejamos todos santos, cada qual conforme seu estado: o religioso como religioso, o leigo como leigo, o sacerdote como sacerdote, o casado como casado, o comerciante como comerciante, o soldado como soldado, e o mesmo se diga de todos os demais estados e condições de vida”.23

Progredir no amor e no conhecimento

Para o cumprimento dessa obrigação, a Igreja nos orienta maternalmente através da liturgia deste domingo. Já a Oração do dia nos indica de certa maneira o caminho: “Concedei-nos, ó Deus onipotente, que, ao longo desta Quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa”.

Com efeito, precisamos “progredir no conhecimento de Jesus Cristo”, porque sendo Ele Deus e Homem verdadeiro é o arquétipo de todo o universo, conforme afirma São Paulo: “N’Ele foram criadas todas as coisas nos Céus e na Terra, as criaturas visíveis e as invisíveis” (Col 1, 16).

Mas basta conhecer? Não. Bem diz São João da Cruz: “No entardecer desta vida sereis julgados segundo o amor”.24 A mais profunda compreensão da doutrina deve servir, sobretudo, para aumentar a caridade em nós, de forma que melhor conhecendo a adorável Pessoa de Nosso Senhor, tenhamos maiores possibilidades de “corresponder a seu amor”.

Deus espera a nossa conversão

Sagrado Coração de Jesus - Catedral de Chiquinquirá - Colombia_.jpg

Nada disto obteremos, porém, sem o auxílio da graça. O homem não tem forças por si mesmo para adequar estavelmente conforme Nosso Senhor seus pensamentos, desejos, ações e sentimentos. Para tornar efetiva a conversão a qual Jesus nos convida por meio da liturgia deste domingo, indispensável será juntarmos as mãos em oração e dizer, junto com o profeta: “Converte- me, e converter-me-ei, porque Tu és o Senhor meu Deus” (Jr 31, 18b).

Esse nosso desejo de mudarmos de vida neste período de penitência quaresmal deve estar, portanto, pervadido de muita confiança. O triunfo de Cristo no deserto obteve graças superabundantes a todo seu Corpo Místico para vencer as tentações do demônio. Nossa fortaleza está em Jesus e, desde que não nos divorciemos da Cabeça, nada poderá satanás contra nós.

Mas, se ao fazermos exame de consciência, acharmos uma falta aqui ou outra ali, não desesperemos. “Cristo morreu, uma vez por todas, por causa dos pecados, o justo pelos injustos, a fim de nos conduzir a Deus” (I Pd 3, 18). Ele conquistou a vitória sobre as nossas faltas para todo sempre. Basta reconhecermos a nossa miséria e pedirmos perdão.

Como retribuir tanta bondade? Peçamos ardentemente a Maria Santíssima a graça de uma autêntica conversão, isto é a compreensão entusiasmada e admirativa do inefável amor do seu divino Filho por cada um de nós que nos leve a trilhar uma vida santa, a caminho do Céu.

(Revista Arautos do Evangelho, Fev/2012, n. 122, p. 10 à 17)

Monsenhor João Clá Dias, EP

Índice de Artigos | Home

Posted in Monsenhor João, Monsenhor João Clá, Papa, Pe. João Clá Dias, religião, Sacerdotes Arautos, Vaticano | Tagged | Comentários desativados em Monsenhor João Clá: Convertei-vos e crede no Evangelho

Santa Páscoa!

páscoa

Posted in África, amizade, Monsenhor João Clá | Comentários desativados em Santa Páscoa!

A Via Sacra não é coisa do passado…

arautos_africa

A Via-Sacra não é uma coisa que pertence ao passado e a um determinado ponto da terra. A cruz do Senhor abraça o mundo; a sua “Via-Crucis” atravessa os continentes e os tempos. Na Via-Sacra não podemos ser apenas espectadores. Também nós estamos incluídos, por isso devemos procurar o nosso lugar: onde estamos?

Na “Via Crucis” não existe a possibilidade de ser neutro. Pilatos, o intelectual céptico, procurou ser neutro, ficar de fora; mas, precisamente assim, tomou posição contra a justiça, para não pôr em risco a sua carreira.

Devemos procurar o nosso lugar.

No espelho da cruz vimos todos os sofrimentos da humanidade de hoje. Na cruz de Cristo vimos hoje o sofrimento das crianças abandonadas, abusadas; as ameaças contra a família; a divisão do mundo na soberba dos ricos que não vêem Lázaro diante da porta e a miséria de tantos que sofrem fome e sede.

Mas vimos também “estações” de consolação. Vimos a Mãe, cuja bondade permanece fiel até à morte, e além da morte. Vimos a mulher corajosa que está diante do Senhor e não tem medo de mostrar a solidariedade com este Sofredor. Vimos Simão, o Cireneu, um africano, que carrega com Jesus a cruz.

Vimos, por fim, através destas “estações” de consolação, que, assim como os sofrimentos não terminam, também as consolações não terminam. Vimos como, no “caminho da cruz”, Paulo encontrou o zelo da sua fé e acendeu a luz do amor. Vimos como Santo Agostinho encontrou o seu caminho: assim São Francisco de Assis, São Vicente de Paulo, São Maximiliano Kolbe, Madre Teresa de Calcutá. E também nós somos convidados a encontrar a nossa posição, a encontrar, com estes grandes, corajosos santos, o caminho de Jesus e para Jesus: o caminho da bondade, da verdade; a coragem do amor.

Peçamos ao Senhor que nos ajude a sermos “contagiados” pela sua misericórdia. Rezemos à Santa Mãe de Jesus, a Mãe da Misericórdia, para que nós também possamos ser homens e mulheres de misericórdia e, desta forma, contribuir para a salvação do mundo; para a salvação das criaturas; para sermos homens e mulheres de Deus. (Discurso após a Via-Sacra, na Sexta-Feira Santa,  14 de abril de 2006)

Estes luminosos ensinamentos  de SS. o Papa Bento XVI  sobre a Via-Sacra  são de molde a estimular todos aqueles que, no tempo litúrgico da Quaresma levam adiante esta prática tão piedosa e sempre estimulada pela Igreja ao longo dos séculos.

Assim, já há alguns anos  os Religiosos e Religiosas de Maputo se reúnem para percorrerem juntos as estações da Via-Sacra. A mesma tem se realizado na Casa das Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados, no Bairro de Malhangalene.

Neste ano de 2012, a data fixada pela CIRM-CONFEREMO – organismo  que congrega todos os religiosos e religiosas em Moçambique – foi o  passado domingo,  dia 18.  Mais de duas centenas de pessoas – religiosos  e religiosas, acompanhados de aspirantes e noviços de dezenas de Congregações que se dedicam à vida missionária aqui em África – participaram  piedosamente  desta já tradicional Via-Sacra.  Após a 14ª. estação houve uma pausa para confissões. Os sacerdotes se dispuseram em diversos locais do parque da Casa e por longo tempo se dispuseram solicitamente para o sacramento da reconciliação.

arautos_maputo_via-sacra

Em seguida rezou-se a 15ª. estação dentro da Capela e, com a bênção final, todos retornaram às suas Casas, fortalecidos pela oração

Posted in África, Monsenhor João Clá, religião, via sacra | Comentários desativados em A Via Sacra não é coisa do passado…

Um verdadeiro amigo

Arautos do Evangelho _procissão em Maputo

Quem nunca quis ter um bom amigo com o qual tenha laços bem fortes e intermináveis Evidentemente é inútil querer dar uma resposta àquilo que é óbvio. De fato, qualquer pessoa deseja ter um verdadeiro amigo em quem possa depositar a sua confiança.

Entretanto, dizer que esse laço de amizade seja eterno é afirmar um absurdo porque com a morte rompem-se os liames de afinidades recíprocas. Porém, isso não é o que acontece entre amigos que tem a Deus com elo de união.

Conta-se que São João Bosco recebeu uma vez no seu Oratório um menino chamado Luis Orione e notando que este não tinha vocação salesiana, despediu-o dizendo que Deus o chamava para outros caminhos, e que ele mantivesse sempre a amizade com D. Bosco.

Mais de um século passou desde aquela data, mas eis que a amizade continua de pé. Nos arredores da cidade de Maputo amizade ainda continua de pé. Nos arredores da Cidade de Maputo, no discreto bairro de Bagamoio, em Moçambique, filhos de São Luis Orione celebram jubilosamente a festa do padroeiro de sua Paróquia. ‘’São João Bosco, rogai por nós!’’ foi a invocação múltiplas vezes rezada durante o terço processional acompanhado por centenas de paroquianos e precedido pelo quadro deste grande Santo.

cena2A procissão e a Santa Missa presidida pelo Pároco, Pe. Paulo José Damin e concelebrada pelo Pe. José Geraldo Silva (responsável pela Obra Dom Orione em Maputo) tiveram a presença do Grupo Coral da

Paróquia e da Banda dos Arautos do Evangelho que levaram até o trono de Dom Bosco os hinos de ações de graças neste dia de sua festa. Eis caro leitor mais uma mostra da durabilidade de tudo que é feito debaixo do manto da Santa Igreja. Os filhos de São Luis Orione em Maputo perpetuam o trato firmado entre o seu Fundador e São João Bosco.

DIRSON CASTIGO MACHAIEIE

Posted in África, alegria, amizade, missionários, países pobres, religião, roupas | Leave a comment

Ano letivo!

colegio1
Já o ano letivo dava o seu arranque nos estabelecimentos de
ensino em Maputo quando numa bela tarde, a Escola de
Choupal borbulhava de júbilo ao receber um movimento de jovens
ostentando um belo traje. colegio2
Eram os Arautos do Evangelho que trazendos
os seus
instrumentos musicais levavam o sorriso aos olhos e a
alegria a seus pueris corações.
Na verdade, é munidos destes apetrechos que ante o agrado de
seus espectadores transmitem, pela música, a beleza da harmonia, da
ordem, da consciência pura, descortinando aos pequenos um horizonte
feito de maravilhas e inocência.
DIRSON CASTIGO MACHAIEIE
Posted in África, Arautos do Evangelho | 2 Comments

Os dois irmãos santos!

Hoje a Igreja celebra a memória de São Cirilo e São Metódio. A festa litúrgica dos dois irmãos de Salônica havia sido fixada pelo Papa Leão XIII no dia 7 de julho. Porém o Concílio Vaticano II, transferiu a festa para o dia 14 de fevereiro, data de nascimento para o céu de São Cirilo.

O Beato João Paulo II, na comemoração do undécimo centenário da obra de evangelização dos dois Santos, publicou a Carta Encíclica “Slavorum AposSAO CIRILO E SAO METODIO_.jpgtoli”, datada de 2 de junho de 1985. Com base nesse documento do Papa polonês, extraímos um pouco da história desses apóstolos dos Elavos.

Primórdios de uma vocação

Os dois irmãos nasceram na cidade de Salônica em pleno século IX.

Metódio, muito provavelmente recebeu por nome de batismo: Miguel. O mais velho dos irmãos nasceu entre 815 a 820. Constantino, mais conhecido por seu nome de religião, Cirilo, era o mais novo, tendo nascido por volta do ano de 827 ou 828.

O pai deles possuía um alto cargo na administração imperial, e as condições familiares abriam aos irmãos a perspectiva de uma carreira análoga. Metódio chegou a desempenhar o cargo de arcoente, quer dizer, o representante de uma das províncias da fronteira, onde habitavam muitos eslavos. Entretanto, no ano de 840, abandonou sua carreira para recolher-se em um dos mosteiros localizados no sopé do monte Olimpo, na Bitínia, conhecido como Montanha Sagrada.

Cirilo concluiu seus estudos em Bizâncio, onde após ter recusado brilhante carreira política, recebeu as ordens sacras.

Ainda jovem tornou-se secretário do Patriarca de Constantinopla e bibliotecário do Arquivo anexo à grande igreja de Santa Sofia, na mesma cidade.

Desejoso de dedicar-se mais aos estudos e à vida contemplativa, refugiou-se secretamente num mosteiro às margens do Mar Negro. Após seis meses foi descoberto, e persuadido a aceitar o ensino das disciplinas filosóficas na Escola superior de Constantinopla, o que lhe valeu o epíteto de Filósofo, do qual ainda hoje é conhecido.

Após ter bom êxito em uma missão junto aos sarracenos, retirou-se da vida pública e uniu-se ao irmão mais velho, para com ele partilhar da vida monástica.

Missão em Morávia

O príncipe Ratislau, da Grande Morávia, enviou ao imperador Miguel III uma petição, no sentido de enviar aos seus povos um bispo e mestre que estivesse em condições de explicar-lhes a verdadeira fé cristã na sua língua.

São Cirilo e São Metódio foram os escolhidos para a missão, e aceitaram-na prontamente. Por volta do ano de 863 chegaram à Grande Morávia, um estado que abrangia diversas populações eslavas da Europa Central, na encruzilhada das influências recíprocas entre o Oriente e o Ocidente.

Ali empreenderam a missão para a qual haviam sido enviados. Para tal levaram consigo os textos da Sagrada Escritura, indispensáveis para a celebração da Sagrada Liturgia, ordenados e traduzidos por eles em Língua paleoeslava e escritos com um novo alfabeto, elaborado por Constantino Filósofo (São Cirilo) e perfeitamente adequado à fonética daquela língua.

O Papa Adriano II aprovou os livros litúrgicos eslavos e ordenou que fossem depostos solenemente sobre o altar na igreja de Santa Maria ad Praesepe, hoje conhecida como Santa Maria Maior, e ordenou que fossem ordenados os discípulos que acompanhavam os dois missionários.

Morte de São Cirilo e prisão de São Metódio

São Cirilo caiu gravemente enfermo, e pode apenas emitir seus votos religiosos e endossar o hábito monástico, pois no dia 14 de fevereiro de 869, estando em Roma, entregou sua alma à Deus.

Suas últimas palavras haviam sido endereçadas a seu irmão Metódio: “Meu irmão, nós partilhávamos a mesma sorte, premindo o arado pelo mesmo sulco; eu agora vou cair no campo, ao terminar a minha jornada. Sei bem que tu amas muito a tua Montanha; mas vê lá, não abandones a tua atividade de ensino para voltar à Montanha. Na verdade, onde poderias tu alcançar melhor a tua salvação?”

Metódio foi consagrado bispo da antiga Diocese de Panômia e nomeado Legado Pontifício “ad gentes” (para as gentes eslavas), além de receber o título eclesiástico da Sede Episcopal de Sirmio, que fora restaurada.

Suas atividades pastorais foram interrompidas por ter sido injustamentSao Cirilo e Sao Metodio.JPGe acusado de ter invadido a jurisdição episcopal de outrem, o que lhe valeu dois anos de prisão, sendo libertado por uma intervenção pessoal do Papa João VIII.

O novo soberano da Grande Morávia, o príncipe Swatopluk, se opôs a liturgia eslava e insinuou nos meios de Roma, dúvidas à respeito da ortodoxia do novo Arcebispo.

Aprovação Pontifícia

Convocado ad limina Apostolorum, no ano de 880, para apresentar todo o assunto ao Pontífice João VIII, Metódio foi absolvido e obteve do Papa a publicação da Bula Industriae tuae, com a qual restituía, ao menos em sua substância, as prerrogativas reconhecidas à liturgia eslava pelo seu predecessor Adriano II.

De volta a Constantinopla, Metódio obteve reconhecimento análogo por parte do imperador bizantino e do patriarca Fócio, nessa época em total comunhão com Roma.

Dedicou os últimos anos de sua vida em novas traduções da Sagrada Escritura, dos livros litúrgicos, das obras dos Padres da Igreja e, ainda, da coletânea das leis eclesiásticas e civis bizantinas chamada Nomocanon.

Morte de São Metódio

Metódio faleceu em 6 de abril de 885, tendo antes nomeado seu discípulo Gorazd, como sucessor.

Em seu velório compareceram homens e mulheres, gente simples e poderosos, ricos e pobres, homens livres e escravos, viúvas e órfãos, estrangeiros e habitantes locais, sãos e doentes, constituindo uma multidão que, com lágrimas e cânticos (fúnebres), acompanhava ao local da sepultura o bom mestre e pastor, que se tinha feito tudo para todos, para salvar a todos.

O Beato João Paulo II em 31 de dezembro de 1980, com a Carta Apostólica Egregiae virtutis, proclamou-os co-padroeiros da Europa.

Por Emílio Portugal Coutinho

Posted in África, igreja na áfrica, Monsenhor João Clá Dias | Leave a comment

O sorvete do bosque

Captura de tela 2012-01-25 às 20.05.23

Que pequenez a do ser humano. Nasce mais débil e necessitando de cuidados maternos, que qualquer outra das espécies mamíferas. E ainda havendo desenvolvido todas as suas potencialidades físicas, lhe é imprescindível viver em comunidade, pois necessita dos trabalhos de seus semelhantes para sua subsistência. “Robisons Crusués” não existem muitos, provavelmente nenhum.

Ao mesmo tempo sua alma espiritual nos fala de sua grandeza. “O entendimento, no sentido passivo, é tal porque vem a ser todas as coisas”, diz Aristóteles no De Anima (Livro 3, cap. 8). O homem pode indagar pelas essências de tudo, desde um colibri até uma árvore, de um leão até qualquer ser humano, e nesse sentido a alma pode ser tudo, e assim, a alma é potencialmente e intencionalmente tudo.

Sorvete de frutas do bosque. 
Foto: Ulterior Epicure

E sobretudo, o homem tem uma apetência do maior de todos os bens, do Bem Infinito; suas tendências mais profundas só se saciam no infinito. O drogado busca no prazer de seu vício o gozo infinito, por isso quer mais e mais. O romântico quer um relacionamento que lhe dê uma estima, um afeto infinito. O santo busca que com a virtude esteja presente em sua alma o próprio Deus infinito. Temos sede do infinito, estamos “presos” ao infinito.

É claro que esta sede só será aplacada plenamente no céu: “Essa será a herança do vencedor: eu serei Deus para ele e ele será filho para mim”, diz o Apocalipse.

E então o que fazemos aqui na terra? Só esperando o céu? Não é esperar, é lutar por ele: “Desde os dias de João Batista até agora o Reino de Deus é coisa que se conquista, e os mais decididos são os que o conquistam” (Mt 11, 12).

Entretanto, são múltiplos os momentos de felicidade que temos aqui na terra e muitos deles relacionados com as criaturas, com as coisas criadas. Por exemplo, um rico sorvete de frutas do bosque, é algo que a quem agrada, dá uma simples, serena e casta felicidade. Mas, se eu acreditar que a felicidade infinita deve ser encontrada no sorvete de frutas do bosque, me saciarei dia após dia nele, e além do excesso de peso, e talvez de diabetes, o único que conseguirei será cansaço e uma sorvete-fobia.

O amor a Deus e o amor às criaturas

A conclusão sem matizes aí seria: distancia-te das criaturas, porque elas não te levam ao Criador. E isso é mentira. Quando Deus terminou a obra da criação viu que tudo era Bom, nos diz o Gênesis. Se era bom, era também belo. E quem fala de bondade e beleza, fala de reflexos da Bondade e da Beleza do Criador, por meio dos quais podemos remontar até o Absoluto.

Dizia Plinio Corrêa de Oliveira que quem ama o ser, quer dizer, os indivíduos e as coisas por onde elas legitimamente podem ser amadas, quem sabe que Deus existe e que tudo deve reportar-se a Deus, amando as criaturas já pratica um ato de amor a Deus. Ou seja, os atos de amor a Deus e às criaturas não são tão diversos quanto habitualmente se crê.

O problema é quando cremos que as criaturas são Deus. O pior, quando queremos encontrar no relacionamento com uma criatura ou com umas criaturas, a felicidade que só nos dará a possessão de Deus no Céu.

entardecer.jpg
Admirando um belo entardecer estarei 
praticando um ato de amor a Deus.

Mas se agora degusto com temperança meu sorvete de frutas do bosque, mais adiante contemplo encantado e com desinteresse, mas também com deleite um belo entardecer, depois admiro as qualidades que brilham em uma pessoa especial, admiro esses dons em si mesmos e não enquanto podem me proporcionar prazer, estarei praticando atos de amor a Deus. E esses atos me trarão felicidade verdadeira, profunda, espiritual, pré-figurativa da felicidade celestial.

Esses atos de amor a Deus nas criaturas me proporcionarão força para enfrentar as lutas, porque aqui nesta terra sempre haverá lutas. E essa via de amor a Deus tão pouco nos dispensa de usar os recursos aos sacramentos e à oração, grandíssimos presentes do Criador.

Entre as coisas criadas, as mais perfeitas são as que mais falam de Deus. Admirando o mais perfeito, nós vamos já aqui na terra nos tornando habitantes da Pátria Celestial.

Por Saúl Castiblanco.


Posted in África, alegria, ambiente, Monsenhor João Clá | Leave a comment

Encontramos Da. Isaura!

Prezada Da. Arlinda,

DSC08725

Começamos esse nosso comunicado, com uma boa notícia! A senhora deve se lembrar que nos pediu que encontrássemos uns amigos seus, que moram em Maputo.

…Que nossa Senhora seja a nossa Guia para encontrar a Dona Isaura, ela já é idosa deve ter 80 ou mais anos. Ela é muito conhecida lá, no tempo que eu vivia lá, todas as pessoas batiam à sua porta a pedir ajuda, era de transporte, era de alimentos, trabalho etc. Também foi ela que me deu ajuda para sair de casa na altura da revolução, se não me engano 7 de Setembro, devo-lhe muito. Ela mora na Machava, mas na estrada que vai para o bairro Silva Cunha, que agora deve ter outro nome, pois eu já saí de lá a mais de 35 anos. O meu filho já foi lá à 3 anos e disse que havia uma placa a identificar a casa (FAGILDE) ela tem 4 filhos um António, outro não tenho certeza se é Diamantino, outro José, e o mais novo Benjamim. Mas alguns estão fora, mas pelo menos um está lá, não sei em que trabalha. Despeço-me pedindo desculpa de tanto incomodo, sei que o vosso tempo é precioso, que Maria e Seu filho Jesus vos ajude na vossa caminhado de apostolado. Que Nossa Senhora vos abençoe…

Os Arautos foram até o lugar indicado  pela senhora e os encontrou com saúde e saudades!

Abaixo postamos a foto de Da. Isaura e seu filho Adamantino

DSC08726

Temos o telefone da família, mas precisaríamos de um email para mandá-lo à senhora!

Reze pelos Arautos e passando por São Paulo faça-nos uma visita.

Posted in África, alegria, ambiente, Arautos do Evangelho, Moçambique, Monsenhor João Clá, Padres Arautos, países pobres | Leave a comment

FotosEmFocos: filhos de Deus, um feliz 2012

400 batizados e primeiras Comunhão: Machava

batizado

Posted in África, alegria, ambiente, apostolado, Monsenhor João Clá, Monsenhor João Clá Dias, países pobres, Pe. João Clá Dias, primeira comunhão | 2 Comments

O Menino Jesus no hospital!

h10
No último dia 21, o Hospital Geral da Machava em Maputo, Moçambique,
celebrou a Natividade do Menino Jesus.

Para esta iniciativa, além da Diretora do Hospital, concorreram
inúmeras pessoas, tais como o Sacerdote Capelão, Pe. Amine CM, as
Irmãs Religiosas e muitos voluntários que se dedicam a esteh3
estabelecimento que é voltado para o combate a tuberculose,
enfermidade que ceifa muitas vidas neste país.

Realizada em um dos salões do Hospital, iniciou-se a Santa Missa, da
qual participaram a Direção, diversos médicos, enfermeiros e
funcionários, como também aqueles doentes cujo estado lhes
possibilitava estar presentes.

Arautos em África
Entretanto, como a maior parte dos doentes não puderam sair de seus
leitos, as zelosas Irmãs, seguidas pelos Arautos do Evangelho com sua
Banda Musical, dirigiram-se às várias enfermarias levando o Menino
Jesus àqueles que sofrem. Nesta ocasião, após uma breve oração,
deixavam uma medalha ou uma estampa com cada um. Assim, mesmo os mais
enfermos, puderam de alguma forma participar do Natal do Senhor e de
suas alegrias.

h1

Na enfermaria das crianças houve uma festa própria à sua idade: uma

grande sala toda enfeitada com bolas coloridas e diversos adornos;
mesas repletas de saborosas iguarias era um espetáculo que regalava a
todos.

Posted in África, alegria, ambiente, apostolado, Arautos do Evangelho, católico, Church, crianças, Igreja, igreja na áfrica, joao cla, Maputo, missionários, Moçambique, Monsenhor João, Monsenhor João Clá, Monsenhor João Clá Dias, Natal, padre joao cla, Padres Arautos, Padres Carmelitas, países pobres, Pe. João Clá Dias, religião, Sacerdotes Arautos, significado do Natal | 14 Comments

Uma peregrinação de três horas por S. Clemente!

arautos_africa

Na última semana do passado ano litúrgico a Igreja fez memória de São
Clemente, Papa. Sendo um dos primeiros sucessores de São Pedro, seu
pontificado se situa entre os anos 92 e 101 da era cristã.
Em Moçambique, na Paróquia Sagrada Família da Machava, um Núcleo que o
tem como padroeiro, quis celebrá-lo com muito entusiasmo, promovendo
uma semana inteira com diversas atividades na Comunidade onde se
reúnem.

Para encerramento da comemoração escolheram a Casa de Formação dos
Arautos. Assim, às 6:00 da manhã partiram em procissão desde a
Comunidade até chegarem à nossa Casa. Foram 3 horas de caminhada.

arautos_africa_monsenhor

Tendo depositado o quadro do padroeiro no altar da Capela, houve um
pequeno intervalo para recuperarem as forças e darem continuidade ao
programa determinado.

Assim, ao longo do dia, entre as muitas atividades, houve a recitação
do terço, coroação de Nossa Senhora, Santa Missa celebrada pelo
Pároco Frei Juracy, um período de convívio e, por fim – sendo véspera
do dia de Nossa Senhora das Graças – deu-se a projeção do
Audio-visual da Medalha Milagrosa.

Em seguida todos receberam a
medalha milagrosa para implorarem sempre o auxílio daquela que é a
Medianeira de todas as graças.

Posted in África, alegria, apostolado, Arautos do Evangelho, crianças, Educação Católica, família, Igreja, igreja na áfrica, joao cla, Maputo, missionários, Moçambique, Monsenhor João, Monsenhor João Clá, Monsenhor João Clá Dias, padre joao cla, Padres Arautos, Padres Carmelitas, países pobres, Papa, Pe. João Clá Dias | 2 Comments

Os Papas africanos

Captura de tela 2011-11-19 às 19.41.05

http://www.arautos.org/tv/movie/show/*0e0hNYE79CtGlYb

Posted in África, Igreja, igreja na áfrica, joao cla, Maputo, Monsenhor João, Monsenhor João Clá, Monsenhor João Clá Dias, padre joao cla, Padres Arautos, Papa, Pe. João Clá Dias, Sacerdotes Arautos, Santa Bakita, Vaticano | Leave a comment

Benin aguarda a chegada do Papa Bento XVI

Assista o vídeo: http://www.arautos.org/tv/movie/show/*0e0hNYE79CtGlYb

Captura de tela 2011-11-18 às 15.17.43

Posted in África, católico, Church, joao cla, Maputo, Moçambique, Monsenhor João, Monsenhor João Clá, Monsenhor João Clá Dias, padre joao cla, Padres Arautos, Pe. João Clá Dias, Vaticano | Leave a comment

O homem: esse louco que não reza

A oração. O homem não é plenamente consciente da potência desse instrumento que está no alcance de suas mãos; e dizemos com segurança que não o conhece, pois do contrário usaria com mais frequência.

“Através da oração, falamos com Deus e Deus fala conosco, aspiramos a ele e respiramos nele, e ele nos inspira e respira em nós”, disse São Francisco de Sales, em seu Tratado de Amor a Deus. A oração é, portanto, um viver em Deus. Daí que se entende quando se fala que a oração, feita nas devidas condições, move o coração de Deus. E quem tem a capacidade de mover a Deus pode se unir à capacidade onipotente Dele.

Captura de tela 2011-10-29 às 10.58.34

Portanto, dizemos que o problema dos cristãos não é que não têm conhecimento – implícito ou explícito – do altíssimo poder da oração. Mas muitas vezes a agitação do cotidiano, o que chamaríamos de “naturalismo vivencial” causado pela impregnação dos critérios do mundo, – nos afasta da utilização necessária para se falar com Deus, nos faz esquecer a sua importância vital.

As preocupações do cotidiano, do trabalho, da atenção com a família, as exigências da vida social, parecem servir-nos de desculpas para tirar do nosso tempo esses minutos necessários para nos reunirmos com o Criador.

Mas cremos que o problema de fundo é que o naturalismo do mundo vai penetrando de forma imperceptível em nossas almas e nos vai fazendo esquecer que necessitamos recorrer constantemente a Deus, e confiar menos em nossas forças meramente humanas.

Aberta ou veladamente, o mundo nos “grita” que as coisas ocorrem simplesmente por causa daquelas forças naturais que podemos perceber com nossos sentidos. E isso é mentira. Muito acima do que um simples homem é capaz de fazer, está a ação de Deus e seus santos, por meio de sua graça e a atividade dos anjos bons e maus.
Estes são os elementos que primordialmente dirigem a história, também a nossa história pessoal, e a todos eles se aceita ou se rejeita por meio da oração.

De quantas calamidades não nos teremos vistos livres porque nosso anjo da guarda nos protegeu, ou porque a rogos da Virgem Maria, Cristo interveio em um momento decisivo? Quantos são os benefícios que recebemos, não porque os tenhamos obtido com nosso esforço ou merecido de alguma maneira, mas que nos foi dado gratuitamente pelas mãos divinas, porque alguém rezou por nós? Muitos, certamente. Saberemos no dia de nosso juízo.

Entretanto,se é certo que Deus pode nos auxiliar sem que o peçamos, Ele normalmente exige esta imprecação que, além do mais, nos une a Ele. E existe algo que definitivamente não se consegue se não for com o recurso da oração: a prática da virtude, requisito necessário para alcançar a vida eterna.

Não podemos viver como devemos viver sem a graça obtida pela oração. Não podemos, é necessário repetir. “Nossas meras forças naturais são insuficientes”. Isso é algo que tem que ser gravado com letras de bronze fundido no espírito. Ainda que nosso orgulho e autossuficiência busquem cobrir esta verdade, ela sempre será confirmada pelo fracasso de uma vida que não recorreu à oração.

Então, para contradizer essa voz tênue ou forte –externa e interna– que repete sem cessar que não necessitamos da oração, devemos encontrar e lembrar constantemente as razões para orar, para rezar, seja participando da oração litúrgica ou realizando a oração privada.
E para isso reproduziremos dois textos escolhidos de santos, do elenco que apresenta o ilustre dominicano Frei Antônio Royo Marin em sua importante obra “Teologia da Perfeição Cristã”:

imagem 2.jpg

– São Boaventura: Se queres sofrer com paciência as adversidades e misérias desta vida, seja homem de oração. Se queres alcançar virtude e fortaleza para vencer as tentações do inimigo, seja homem de oração. (…) Se queres viver alegremente e caminhar com suaivdade pelo caminho da penitencia e do trabalho, seja homem de oração. (…) Se queres fortalecer e confirmar teu coração no caminho de Deus, seja homem de oração. Finalmente, se queres desarraigar de alma todos os vícios e plantar em seu lugar as virtudes, seja homem de oração: porque nela se recebe a união e a graça do Espírito Santo, a qual ensina todas as coisas. E além disso, se queres subir até a altura da contemplação e gozar dos doces abraços do esposo , exercite na oração, porque este é o caminho por onde a alma sobe até a contemplação até o gosto das coisas celestiais.

– São Pedro de Alcântara: Na oração a alma se limpa dos pecados, apascenta-se a caridade, certifica-se a fé, fortalece-se a esperança, alegra-se o espírito, derrete-se as entranhas pacifica-se o coração, descobre-se a verdade, vence-se a tentação, foge a tristeza, renovam-se os sentidos, repara-se a virtude enfraquecida, despede-se a tibieza, consome-se a origem dos vícios, e nela saltam centelhas vivas de desejos do céu, entre as quais arde a chama do divino amor. Grandes são as excelências da oração, grandes são seus grandes privilégios. Para ela estão abertos os céus, para ela se descobrem os segredos, e a para ela estão sempre atentos os ouvidos de Deus.

Por Saúl Castiblanco

Posted in África, apostolado, Arautos do Evangelho, igreja na áfrica, joao cla, Maputo, Monsenhor João, Monsenhor João Clá, Monsenhor João Clá Dias, Mozambique, Padres Arautos, países pobres, Pe. João Clá Dias | Leave a comment