300 crianças do Zimbábue são forçadas pelo governo a trabalho em minas de diamantes, diz relatório de ONG
Publicado 2009/06/26
Autor: Gaudium Press/Folha Online
Secção: Mundo
São Paulo (Sexta, 26-06-2009, Gaudium Press) Um relatório divulgado pela ONG Human Rights Watch nesta sexta-feira afirma que as Forças Armadas do ditador Robert Mugabe, mandatário do Zimbábue há quase 30 anos, tomaram o controle das minas de diamante do país, mataram mais de 200 pessoas e tem forçado crianças e moradores locais a escavar a terra em busca de pedras.
Mais de cem testemunhas, mineiros, policiais, soldados e crianças, foram entrevistados para o relatório da ONG, que detalha as alegações de violação aos direitos humanos na tentativa de tomar o controle da exploração das pedras.
De acordo com os pesquisadores da organização, os lucros do comércio ilegal de diamantes está sendo revertido diretamente para os principais nomes do partido Zanu-PF, de Mugabe – no poder desde 1980.
Segundo o jornal “The Guardian”, o dinheiro dos diamantes pode ajudar o Zanu-PF a se refortalecer para as próximas eleições, previstas para daqui há dois anos – depois que um acordo de meses colocou o líder opositor, Morgan Tsvangirai, no recém-criado cargo de primeiro-ministro.
O relatório da organização acusa os aliados de Mugabe de tortura e violência física contra os moradores das vilas próximas às minas de diamante, no distrito de Marange, oeste do país. As estimativas da ONG apontam que cerca de 300 crianças ainda trabalham escavando a terra em busca das pedras.
O vice-ministro de Mineração do Zimbábue, Murisi Zwizwai, negou as acusações e afirmou que a presença dos militares na mina é apenas para garantir a segurança no local.
Os pesquisadores reuniram, segundo a ONG, evidências de covas rasas com dezenas de corpos e um incidente no ano passado, quando um helicóptero militar atirou nos mineradores enquanto soldados perseguiam moradores da área.
“Há centenas de vítimas dos abusos que não estão dispostas a relatar o que ocorreu por medo dos militares”, afirma uma das pesquisadoras, Dewa Mavhinga.
O relatório também pede que a comunidade internacional pressione o Zimbábue a combater o comércio ilegal de diamantes.
As minas de diamante de Marange foram descobertas em 2006, no ápice da crise política, econômica e humanitária do país. A mineração, agora, é controlada pela Corporação de Desenvolvimento de Mineração do Zimbábue, sob a proteção dos militares.
Estimativas indicam que os diamantes representam uma fortuna de US$ 200 milhões por mês, embora a corporação afirme que tenha lucrado US$ 15 milhões em 2007 com a exportação das pedras preciosas.