“Este elo íntimo e forte, de facto, é colocado cada vez mais em discussão por inúmeros problemas que dizem respeito ao ambiente natural do homem, como o uso dos recursos, as mudanças climáticas, a aplicação das biotecnologias e o crescimento demográfico”, pode ler-se.
Segundo a apresentação do tema divulgada pela Santa Sé, “se a família humana não souber fazer frente a estes novos desafios com um renovado sentido de justiça e de equidade social e de solidariedade internacional, corre-se o risco de semear a violência entre os povos e entre as gerações presentes e futuras”.
A mensagem deverá retomar as observações contidas nos números 48-51 da Encíclica Caritas in veritate, destacando a necessidade urgente de que a tutela do meio ambiente seja “um desafio para toda a humanidade”.
“Trata-se do dever, comum e universal, de respeitar um bem colectivo, destinado a todos, impedindo que se possam utilizar de modo impune as diversas categorias de seres”, refere a Santa Sé.
A celebração de 1 de Janeiro do próximo ano procurará “favorecer uma consciência renovada da interdependência que une entre si todos os habitantes da Terra”.
“Esta consciência servirá para eliminar diversas causas de desastres ecológicos e garantir uma pronta capacidade de resposta quando esses desastres atingem povos e territórios”, defende a apresentação da mensagem do Papa.
Alertas
Na sua terceira encíclica, Bento XVI diz que os projectos para um desenvolvimento humano integral “não podem ignorar os vindouros, mas devem ser animados pela solidariedade e a justiça entre as gerações, tendo em conta os diversos âmbitos: ecológico, jurídico, económico, político, cultural”.
Em particular, desenvolvem-se as questões relacionadas com “as problemáticas energéticas”, condenando “o açambarcamento dos recursos energéticos não renováveis por parte de alguns Estados, grupos de poder e empresas”.
“A protecção do ambiente, dos recursos e do clima requer que todos os responsáveis internacionais actuem conjuntamente e se demonstrem prontos a agir de boa fé, no respeito da lei e da solidariedade para com as regiões mais débeis da terra”, indica o documento.
O Papa observa que “a monopolização dos recursos naturais, que em muitos casos se encontram precisamente nos países pobres, gera exploração e frequentes conflitos entre as nações e dentro das mesmas”.
Nesse sentido, prossegue, “a comunidade internacional tem o imperioso dever de encontrar as vias institucionais para regular a exploração dos recursos não renováveis, com a participação também dos países pobres, de modo a planificar em conjunto o futuro”.
Por isso, Bento XVI frisa que também neste campo “há urgente necessidade moral de uma renovada solidariedade, especialmente nas relações entre os países em vias de desenvolvimento e os países altamente industrializados”.
“As sociedades tecnicamente avançadas podem e devem diminuir o consumo energético seja porque as actividades manufactureiras evoluem, seja porque entre os seus cidadãos reina maior sensibilidade ecológica. Além disso há que acrescentar que, actualmente, é possível melhorar a eficiência energética e fazer avançar a pesquisa de energias alternativas”, pode ler-se.
“O açambarcamento dos recursos, especialmente da água, pode provocar graves conflitos entre as populações envolvidas”, alerta ainda a Caritas in veritate. ( Eclesia)