O Cardeal Cláudio Hummes, Prefeito da Congregação para o Clero, enviou esta Terça-feira uma carta aos padres de todo o mundo, assinalando o 150.º aniversário da morte do Cura d’Ars, S. João Maria Vianney, data assinalada por Bento XVI com a convocação de um Ano Sacerdotal.Na missiva, o Cardeal brasileiro admite que “a actual cultura ocidental dominante, sempre mais difundida em todo o mundo, através dos media globais e da mobilidade humana, também nos países de outras culturas, apresenta novos desafios, bem exigentes, para a evangelização”.
Para o Prefeito da Congregação para o Clero, os padres dos nossos dias confrontam-se com “uma cultura marcada profundamente por um relativismo que recusa qualquer afirmação de uma verdade absoluta e transcendente e, em consequência, arruína os fundamentos da moral e se fecha à religião”.
“O relativismo vem acompanhado de um subjectivismo individualista, que põe no centro de tudo o próprio ego. Por fim, chega-se ao niilismo, segundo o qual não há nada nem ninguém pelo qual valha a pena investir a própria vida e, portanto, a vida humana carece de um verdadeiro sentido”, acrescenta.
Segundo este responsável, contudo, é preciso reconhecer que “a actual cultura dominante, pós-moderna, traz consigo um grande e verdadeiro progresso científico e tecnológico, que fascina o ser humano, principalmente os jovens”.
“Poderíamos referir-nos ainda a outros aspectos dessa cultura: consumismo, libertinagem, cultura do espectáculo e do corpo. Não se pode, porém, deixar de frisar que tudo isso produz um laicismo, que não quer a religião, faz de tudo para enfraquecê-la ou, ao menos, relegá-la à vida particular das pessoas”, lamenta.
Perante o que classifica como “descristianização, por demais visível, na maioria dos países cristãos, especialmente no Ocidente”, o Cardeal Hummes diz que “os assim chamados ‘pós-cristãos’ poderiam ser tocados e reabrir-se, caso fossem levados a um verdadeiro encontro pessoal e comunitário com a pessoa de Jesus Cristo vivo”.
O membro da Cúria Romana admite que o número das vocações sacerdotais caiu e que “diminuiu também o número dos presbíteros, seja pela falta de vocações seja pelo influxo do ambiente cultural em que vivem”.
Neste contexto, convida a lutar contra o pessimismo: “Não lançaremos a semente da Palavra de Deus apenas da janela da nossa casa paroquial, mas sairemos ao campo aberto da nossa sociedade, a começar pelos pobres, para chegar também a todas as camadas e instituições sociais”.
“Iremos visitar as famílias, todas as pessoas, principalmente os baptizados que se afastaram. O nosso povo quer sentir a proximidade da sua Igreja”, aponta D. Cláudio Hummes. (Eclesia)
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