Homenagem ao Padre Pio, na Itália, recordou Ano Sacerdotal e refugiados de todo o mundo
“Os riscos do activismo e da secularização estão sempre presentes, por isso a minha visita quer também confirmar-vos na fidelidade à missão herdada do vosso amadíssimo Padre. Muitos de vós estão totalmente ocupados pelas mil solicitações do serviço aos peregrinos ou aos doentes no hospital, e correm o risco de esquecer o que é verdadeiramente necessário: escutar Cristo para cumprir a vontade de Deus“, disse.
Ao chegar à cidade, localizada na região de Puglia, o Papa visitou o Santuário de Santa Maria das Graças, onde se deteve em oração para venerar os restos mortais de São Pio de Pietrelcina, que repousam na Cripta.
O encontro com os fiéis teve lugar no adro da igreja dedicada ao Santo capuchinho, obra do arquitecto Renzo Piano, onde o Papa presidiu à Missa. Neste local foram inaugurados os mosaicos sobre a vida de Cristo, São Francisco e do Padre Pio, obra do Pe. Marko Rupnik, o mesmo que desenhou o painel da igreja da Santíssima Trindade, em Fátima.
Durante a celebração da Missa, o Papa recebeu uma medalha comemorativa com os símbolos de San Giovanni Rotondo. A entrega foi feita por Matteo Pio Colella, o rapaz curado por intercessão de S. Pio de uma meningite fulminante, o milagre que permitiu a canonização de 2002.
Na homilia, comentando as leituras do dia, Bento XVI falou da relação entre Deus e as forças da natureza. Na Bíblia, o mar é considerado como um elemento ameaçador, caótico, potencialmente destrutivo, que somente Deus, o Criador, pode dominar e aplacar.
Mas existe outra força, recordou o Papa, “uma força positiva que move o mundo, capaz de transformar e renovar as criaturas, a força do amor de Cristo”. Uma força não tanto cósmica, mas divina, transcendente.
“O gesto de acalmar a tempestade é um sinal claro da senhoria de Cristo sobre as potências negativas e leva a pensar na sua divindade. Mas chegará o momento em que também Jesus sentirá medo e angústia: quando sua hora chegar, sentirá sobre si todo o peso dos pecados da humanidade. Esta sim será uma terrível tempestade, não cósmica, mas espiritual”, precisou.
Alguns santos, acrescentou, viveram intensamente e pessoalmente esta experiência de Jesus. “Um deles foi o Padre Pio de Pietrelcina. Os estigmas, que o marcaram no corpo, uniram-no intimamente ao Crucificado-Ressuscitado”, lembrou.
“Isso não significa alienação, perda de personalidade: Deus jamais anula o humano, mas transforma-o com o seu Espírito e orienta-o ao serviço do seu desígnio de salvação. O Padre Pio manteve os seus próprios dons naturais, e também o seu próprio temperamento, mas ofereceu tudo a Deus”, observou.
Para Bento XVI, a missão de São Pio de Pietrelcina pode ser assim resumida: “Guiar as almas e aliviar o sofrimento”.
“A herança que ele deixou foi a santidade. Esta era sempre a sua primeira preocupação: que as pessoas regressassem a Deus, que pudessem redescobrir a alegria e a beleza de pertencer à sua Igreja e praticar o Evangelho”, afirmou.
Homem de oração, disse o Papa, Padre Pio “estava sempre atento às situações reais das pessoas e das famílias, em especial dos doentes e dos sofredores”.
Após a celebração eucarística, Bento XVI recitou a oração mariana do Angelus, destacando a veneração que Padre Pio nutria por Nossa Senhora: “Toda a sua vida e o seu apostolado se realizaram sob o olhar materno de Nossa Senhora e com a força da sua intercessão”.
À intercessão de Nossa Senhora e de São Pio de Pietrelcina, Bento XVI confiou de modo especial o Ano Sacerdotal, inaugurado na passada Sexta-feira: “Que seja uma ocasião privilegiada para evidenciar o valor da missão e da santidade dos sacerdotes, a serviço da Igreja e da humanidade do terceiro milénio”.
Mais à frente, o Papa pediu a oração dos fiéis para a difícil, e muitas vezes dramática, situação dos refugiados, cujo dia foi celebrado ontem, promovido pelas Nações Unidas: “Muitas são as pessoas que buscam refúgio noutros países, fugindo de situações de guerra, perseguição e calamidades”.
Bento XVI admitiu que acolher os refugiados pode provocar “muitas dificuldades”, mas defendeu que se trata “de um dever”. Que Deus, com o empenho de todos, possa remover o mais rapidamente possível as causas de um fenómeno tão triste”, concluiu.
A visita prossegue de tarde, incluindo um encontro com os doentes, médicos, enfermeiros e dirigentes da “Casa Alívio do Sofrimento”. Posteriormente, na igreja de São Pio, o Papa reúne-se com os sacerdotes, religiosos, religiosas e jovens.
(Agência-Eclésia -Com Rádio Vaticano)