Um africano que quis ser santo: Pierre Toussaint

As recordações  de pessoas preeminentes  são múltiplas a nossa volta: os relatos de um herói que lutou e obteve a vitória em prol da sua pátria;  um intelectual que devota sua vida para instruir os seus contemporâneos, um poeta, ou um  historiógrafo que, gradualmente, edificam  seus próprios monumentos. Entretanto, há pessoas que, na suave e silenciosa acumulação de bons e grandiosos feitos, não calculados aos olhos dos homens, mas aos de Deus, a cada dia, somam de forma crescente as verdadeiras alegrias e  a  influência de tais homens é como um rio de águas cristalinas, que serpenteia  pelas bordas dos prados e campinas, fertilizando-os e assim, proporcionando-lhes  flores e mais flores! Desses  ocultos benfeitores, falaremos brevemente de um: Pierre Tousssaint.

Pierre Toussaint nasceu em 1766 em São Marcos na Ilha de São Domingos, ou Haiti.

Entre os prósperos nobres da Ilha de São Domingos, figurava Jean Bérard du Pithon. Pierre Toussaint – um negro – era um dos escravos dessa família. Toussaint contava 21 anos de idade, quando os distúrbios da Revolução Francesa conduziram a família Bérard, na companhia de  Toussaint, a refugiar-se em Nova York (Estados Unidos).     A família Bérad conseguiu, primeiramente, viver dentro da sua dignidade, ou seja, no regime nobiliárquico, com a economia que trouxera consigo. Porém, no decorrer do tempo faltou-lhe o recurso de fonte rendária e caiu numa considerável perda de fortuna. Com isso, a família ficou reduzida a uma condição social muito abaixo da sua nobreza, e na ameaça de recorrer a serviços incompatíveis com sua nobre categoria para garantir a sua sobrevivência!

Foi nesse triste transe em que  Monsieur Bérard veio a falecer  – em 1791 – deixando a aristocrática Marie Elisabeth Roudanes, sua esposa, na viuvez. Ela teve que enfrentar, então, a penosa situação, ademais, em estado precário de sua saúde. Mas a providência divina a olhava misericordiosamente e estendeu-lhe a sua “Mão auxiliadora” – sensivelmente visível – na pessoa de seu querido e fiel escravo, o futuro Bem-aventurado Pierre Toussaint.

Toussaint tornou-se um cabeleireiro de renome, entre as senhoras da alta sociedade novayorquina, e com essa profissão, arrecadava significante fundo monetário, com o qual, poderia viver emancipado. Porém, quis continuar escravo e proteger a sua senhora. Muitas vezes Pierre retornava da sua actividade laboral e fazia os trabalhos inerentes a condição dum escravo. Patrocinava, ele mesmo, as despesas necessárias para uma boa festa de aniversário de sua senhora e punha-se a servir, de modo que, os presentes o reputavam como escravo, e imaginavam que dona Marie continuava nas boas condições econômicas de outrora!

Temos aqui um singular exemplo de alegria em servir aos que são superiores, como ensinou-nos Nosso Senhor Jesus Cristo no Evangelho: “Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos” (Mc 9,35). Contudo, nada disso seria possível se essa alma pequena mas tão grande não tivesse uma ardorosa vida de piedade, grande espírito sobrenatural e assiduidade à mesa da comunhão Eucarística -ele começava todos os seus dias com a a participação na Santa Missa-, características que podem notar-se em suas fotos, apesar de antigas e sem os atuais recursos fotográficos. Na primeira, o vemos já em sua ancianidade, após essas lutas descritas mas pronto a enfrentar as que ainda pudessem apresentar-se-lhe, sobretudo para alcançar a perfeição e a santidade; na segunda, ainda jovem, muito preservado do mal e brilhando de pureza e inocência, preparando-se para as batalhas que viriam. Assim, Pierre Toussaint, o africano que se fez santo, nas agruras da escravidão, auferiu as delícias da bem-aventurança!

Pierre Toussaint foi declarado Venerável pelo Sumo Pontífice João Paulo II no ano de 1996, e seu  processo de beatificação já está em andamento.

Extraído do livro Memoir of pierre Toussaint, escrito por Hannah Sawyer Lee

 

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