Papa adverte contra o perigo do ativismo e secularismo na Igreja

Homenagem ao Padre Pio, na Itália, recordou Ano Sacerdotal e refugiados de todo o mundo

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Bento XVI deslocou-se este Domingo à localidade de San Giovanni Rotondo, no Sul da Itália, onde se encontra sepultado S. Pio de Pietrelcina (1887-1968). Milhares de pessoas têm passado por ali desde que se iniciou a exibição dos restos mortais do Padre Pio, um dos santos mais venerados do país, canonizado em 2002 por João Paulo II.Na homilia da Missa ao ar livre que celebrou diante de milhares de pessoas que desafiaram o mau tempo – que impediu a deslocação por helicóptero, como inicialmente previsto -, o Papa alertou padres, religiosos, religiosas e leigos para os riscos do activismo, em detrimento de uma vida de oração, apelando ao exemplo de S. Pio.

“Os riscos do activismo e da secularização estão sempre presentes, por isso a minha visita quer também confirmar-vos na fidelidade à missão herdada do vosso amadíssimo Padre. Muitos de vós estão totalmente ocupados pelas mil solicitações do serviço aos peregrinos ou aos doentes no hospital, e correm o risco de esquecer o que é verdadeiramente necessário: escutar Cristo para cumprir a vontade de Deus“, disse.

Ao chegar à cidade, localizada na região de Puglia, o Papa visitou o Santuário de Santa Maria das Graças, onde se deteve em oração para venerar os restos mortais de São Pio de Pietrelcina, que repousam na Cripta.

O encontro com os fiéis teve lugar no adro da igreja dedicada ao Santo capuchinho, obra do arquitecto Renzo Piano, onde o Papa presidiu à Missa. Neste local foram inaugurados os mosaicos sobre a vida de Cristo, São Francisco e do Padre Pio, obra do Pe. Marko Rupnik, o mesmo que desenhou o painel da igreja da Santíssima Trindade, em Fátima.

Durante a celebração da Missa, o Papa recebeu uma medalha comemorativa com os símbolos de San Giovanni Rotondo. A entrega foi feita por Matteo Pio Colella, o rapaz curado por intercessão de S. Pio de uma meningite fulminante, o milagre que permitiu a canonização de 2002.

Na homilia, comentando as leituras do dia, Bento XVI falou da relação entre Deus e as forças da natureza. Na Bíblia, o mar é considerado como um elemento ameaçador, caótico, potencialmente destrutivo, que somente Deus, o Criador, pode dominar e aplacar.

Mas existe outra força, recordou o Papa, “uma força positiva que move o mundo, capaz de transformar e renovar as criaturas, a força do amor de Cristo”. Uma força não tanto cósmica, mas divina, transcendente.

“O gesto de acalmar a tempestade é um sinal claro da senhoria de Cristo sobre as potências negativas e leva a pensar na sua divindade. Mas chegará o momento em que também Jesus sentirá medo e angústia: quando sua hora chegar, sentirá sobre si todo o peso dos pecados da humanidade. Esta sim será uma terrível tempestade, não cósmica, mas espiritual”, precisou.

Alguns santos, acrescentou, viveram intensamente e pessoalmente esta experiência de Jesus. “Um deles foi o Padre Pio de Pietrelcina. Os estigmas, que o marcaram no corpo, uniram-no intimamente ao Crucificado-Ressuscitado”, lembrou.

“Isso não significa alienação, perda de personalidade: Deus jamais anula o humano, mas transforma-o com o seu Espírito e orienta-o ao serviço do seu desígnio de salvação. O Padre Pio manteve os seus próprios dons naturais, e também o seu próprio temperamento, mas ofereceu tudo a Deus”, observou.

Para Bento XVI, a missão de São Pio de Pietrelcina pode ser assim resumida: “Guiar as almas e aliviar o sofrimento”.

“A herança que ele deixou foi a santidade. Esta era sempre a sua primeira preocupação: que as pessoas regressassem a Deus, que pudessem redescobrir a alegria e a beleza de pertencer à sua Igreja e praticar o Evangelho”, afirmou.

Homem de oração, disse o Papa, Padre Pio “estava sempre atento às situações reais das pessoas e das famílias, em especial dos doentes e dos sofredores”.

Após a celebração eucarística, Bento XVI recitou a oração mariana do Angelus, destacando a veneração que Padre Pio nutria por Nossa Senhora: “Toda a sua vida e o seu apostolado se realizaram sob o olhar materno de Nossa Senhora e com a força da sua intercessão”.

À intercessão de Nossa Senhora e de São Pio de Pietrelcina, Bento XVI confiou de modo especial o Ano Sacerdotal, inaugurado na passada Sexta-feira: “Que seja uma ocasião privilegiada para evidenciar o valor da missão e da santidade dos sacerdotes, a serviço da Igreja e da humanidade do terceiro milénio”.

Mais à frente, o Papa pediu a oração dos fiéis para a difícil, e muitas vezes dramática, situação dos refugiados, cujo dia foi celebrado ontem, promovido pelas Nações Unidas: “Muitas são as pessoas que buscam refúgio noutros países, fugindo de situações de guerra, perseguição e calamidades”.

Bento XVI admitiu que acolher os refugiados pode provocar “muitas dificuldades”, mas defendeu que se trata “de um dever”. Que Deus, com o empenho de todos, possa remover o mais rapidamente possível as causas de um fenómeno tão triste”, concluiu.

A visita prossegue de tarde, incluindo um encontro com os doentes, médicos, enfermeiros e dirigentes da “Casa Alívio do Sofrimento”. Posteriormente, na igreja de São Pio, o Papa reúne-se com os sacerdotes, religiosos, religiosas e jovens. 

(Agência-Eclésia -Com Rádio Vaticano)

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