Ha macofo haleno!

africaHa macofo haleeenooo!

Essa expressão que chegava aos meus ouvidos, vinha assim: Ouelelee! Era uma senhora que passava, sempre religiosamente a mesma hora, enfrente à casa dos Arautos, em Maputo, nas tardes ensolaradas.

Como eram quentes aquelas tardes. Chamava-me atenção essa boa senhora. Parecia-me feita de puro ébano: alta, firme, decidida e trazia na cabeça uma enorme cesta.

Envolvida em suas capulanas tingia-se de cor dos pés à cabeça Ouelelee! Era uma espécie de música um tanto triste, que cortava as ruas vazias e enchia as casas com sua melodia.

O que dizia aquilo que eu não entendia!

O segredo era muito fácil de desvendar. A mulher que poderia ser uma estátua pelo seu modo de andar, vendia couve… Sim, na língua xangane, anunciava seu produto.

E o fardo grande que levava como uma coroa eram as hortaliças, tão benéficas em terras que falta tanto. Enquanto me hospedei em nossa casa em Maputo, não me cansava de observa nas quentes tardes de ruas vazias aquele monumento de dignidade, que dentro do seu sofrimento cantava: Ha macofo Haleeenooo!

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