Tudo o que Deus faz é perfeito; ainda que, a primeira vista, diante dos olhos semi-cegos dos homens, aparente ser insensato.
Quando Nosso Senhor, Jesus Cristo, anunciou que somente quem comece do seu Corpo e bebesse do seu Sangue, é quem herdaria o trono principesco da pátria Celeste, muitas pessoas se distanciaram do Divino Mestre, até mesmo entre aqueles que o seguiam de Perto (São João; Capítulo 6, Versículos 48-66). Quem de nós se estivesse naquela época – sem uma especial graça de Deus – não tomaria a mesma atitude? Entretanto, depois da Instituição da Festa do Corpus Christi, no dia 11 de Agosto 1264, pelo Papa Urbano IV, através da bula Transiturus de Hoc Mundo, e a oficialização das procissões eucarísticas que o Concílio de Trento fez, em meados do século XVI, – dentro dos desígnios de Deus – as coisas tomaram outro aspecto.
Anualmente o Povo de Deus se reúne à volta do tesouro mais precioso herdado de Cristo, o Sacramento da sua própria presença, e O louva, canta e leva em procissão pelas ruas da Cidade, como atesta o ocorrido no dia 26 de Junho, domingo passado, na Arquidiocese de Maputo: depois das comemorações a guisa de Solenidade
de Corpo de Deus em todas Paróquias, comunidades, Núcleos de Orações e até mesmo em capelas mais privadas de religiosos e de famílias, os fiéis da Arquidiocese de Maputo, distintamente caracterizados de uniformes diversos para identificar suas proveniências e ministérios, acorreram para Paróquia de Nossa Senhora das Vitórias, a fim de unir-se ao Clero local constituído de Cardeal, Bispos, Monsenhores, Presbíteros, Diáconos e religiosos de vida consagrada para iniciar-se a soleníssima Procissão que, percorrendo as largas avenidas da Cidade de Maputo, culminou na Sé Catedral.
Qualquer pessoa, por menos religiosa que fosse, ao contemplar aquela procissão encabeçada de Acólitos portando a Cruz processional, revestidos de alvas túnicas, seguidos de Sua Excelência Dom Francisco Chimoio, portando uma enorme custódia com O Santíssimo Sacramento sob um Pálio que era sustentado por seis pessoas, cortejado pelo resto do Clero, Ministros da Eucaristia e milhares de fiéis entoando cânticos em harmonia com a Banda musical dos Arautos do Evangelho de Moçambique, sem dúvida ficaria tocada no mais fundo de sua alma. O itinerário da procissão comportou paragens, nas quais, o presidente da Celebração, proferia palavras de acção de graças, louvores e com o público em geral adoravam a Jesus sacramentado.
Quando se chegou na Catedral, todos se postaram genuflexos, em atitude de profunda Adoração, enquanto os acólitos incensavam a Jesus Hóstia. A atmosfera era eminentemente sobrenatural e a grande piedade daquela multidão de fiéis certamente subia ao Deus três vezes santo como um incenso de agradável odor. Sem dúvida, foi o dia muito significativo para todos.