A Igreja é missionária – I

Sim caro leitor. Queremos mostrar a todos como a Igreja tem um caráter essencialmente missionário, que aliás tem sido muito frisado pelo nosso estimado Pontífice, O Papa Francisco. Vamos, então, em uma série de artigos do nosso blog dos Arautos na África, explicar porque se pode afirmar isso.

Caráter missionário da Igreja Católica


“A Igreja não tem outra razão de existir senão a de fazer partícipes a todos os homens da Redenção salvadora, por meio da dilatação por todo o mundo do Reino de Cristo. ”
[1]. Com estas palavras de Pio XI vemos o essencial caráter missionário da Igreja.

A Igreja é missionária por sua própria natureza, e a missão deflui de sua própria essência. Essa verdade fundamental pode-se encontrar em diversos documentos do Magistério, como na Constituição Dogmática Lumen Gentium, n. 17, ou na Constituição Dogmática Ad Gentes, sobre a ação missionária da Igreja, n. 6 e até mesmo no Código de Direito Canônico, cânon 781.

Tão séria é esta ação para a Igreja, que não podemos esquecer que essa preocupação missionária levou à criação de uma congregação romana para esses cuidados, a Congregação para a Evangelização dos povos, outrora denominada Propaganda Fide, criada com a Bula Inscrutabili Divinae, (22 de Junho 1622) emanada pelo Papa Gregório XV, “à qual está confiada a tarefa de fazer refulgir a verdade e a graça do Evangelho até aos extremos confins da terra”[2], nos dizeres de João XIII.

Não é pois, sem razão. que plêiades de homens e mulheres de todas as nações e idades, como o Bem aventurado José de Anchieta no Brasil, se lançaram nessa bela e aventureira tarefa de levar o evangelho aos povos que ainda não o conheciam.

Características da missão evangelizadora

“Evangelizar, para a Igreja, é levar a Boa Nova a todas as parcelas da humanidade, em qualquer meio e latitude, e pelo seu influxo transformá-las a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade”[3]. O inesquecível Papa Paulo VI define as linhas da evangelização da Igreja: com grandes horizontes e uma renovação das almas pela influência da Igreja. Vejamos ainda mais alguns aspectos dela.

Primeiramente, o amor a Deus: assim ensina o Catecismo da Igreja Católica: “É do amor de Deus por todos os homens que a Igreja sempre tirou a obrigação e a força de sua legião missionária: ‘Pois o amor de Cristo nos impele’ (2 Cor5,14)” (CEC 851).

Deve ser universal, ou seja, abranger a todos os povos. Esse era o mandato de seu Fundador: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc 16, 12). “Ide, pois, e ensinai a todas as nações”. (Mt 28, 16); “sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo” (At 1, 8).

Essa difusão da fé pelos povos deveria se dar essencialmente pela pregação e pelos sacramentos, como fica claro por estas palavras do Divino Mestre.

A evangelização não poderia se dar sem o auxílio do Espírito Santo. É por isso que vemos um primeiro grande fervor missionário tão logo descrito nos Atos dos Apóstolos, que conta os primeiros fulgores da Santa Igreja após a descida do Espírito Santo:

Os apóstolos, ao serem tomados pelo Espírito Santo, saem do cenáculo e “começam a falar” (At 2, 4). São Pedro e os outros apóstolos pregam a pessoa de Nosso Senhor: “Que toda a casa de Israel saiba, portanto, com a maior certeza de que este Jesus, que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor e Cristo”. (At 2, 36) E em função de Cristo, convida os seus ouvintes à salvação: “Salvai-vos do meio dessa geração perversa!” (At 2, 40). E já naquele mesmo instante converteram-se três mil pessoas. 

Podemos analisar ainda mais uma vez o mandato missionário de Jesus Cristo aos apóstolos, para daí concluirmos outras características da missão. Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi” (Mt 28, 16).

Fica claro que, primeiramente, Nosso Senhor Jesus Cristo dá á sua Igreja o caráter missionário: Ide; Ela deverá expor a verdadeira doutrina: ensinai; E não termina aí. Ele vinculou a salvação à recepção dos sacramentos: batizai; e ainda propõe como necessária a mudança de costumes: observar.

(Continuaremos em próximo artigo…)

[3] “Cui peculiari modo munus demandatum est salutare Evangelii lumen et caelestia dona ad extremos usque proferre terminos terrae” JOÃO XIII. Encíclica Princeps pastorum, 28 nov. 1959 In: AAS 51 (1956) p. 834. (Tradução do autor).

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