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A fé se expande na África

Por expresso desejo do seu fundador, Monsenhor João Clá S. Dias, os Arautos do Evangelho tem desdobrado o seu apostolado em vários países da África, entre eles: Moçambique, Camarões, Ruanda, África do Sul, Namíbia.  

Com muita razão a África foi intitulada pelo Papa Bento XVI “o continente da esperança”. De fato, um povo com traços alegres e sorridentes, muito hospitaleiro, cheio de bondade. Tal nação está amplamente preparada pela Providência com dotes para receber e abraçar a fé Católica, toda ela pervadida da bondade e doçura evangélicas.

E é o que se tem passado, e os Arautos do Evangelho são testemunhas disso.

Tomemos apenas as crianças: realizou-se uma breve missão mariana nas casas do bairro Nkobe, onde está instalada a academia desta Congregação, para convidá-las para uma programação por ocasião do dia das crianças em Moçambique.

Já de início, os missionários eram abordados pelos pequenos fiéis perguntando o que era aquilo, se ia acontecer alguma coisa na “casa de Maria”, como chamam eles a academia. Por fim, pais, mães, enfim toda a família estava ao redor do Oratório de Nossa Senhora rezando à Mãe de Deus.

E qual não foi a surpresa para os próprios Arautos quando, no dia seguinte, viram chegar as crianças, mas com um pequeno pormenor: é que elas não paravam de chegar! Tanta foi a afluência que a programação contou com o número de 250 que assistiram a uma apresentação musical, coroação da imagem de Nossa Senhora de Fátima, em que o Revdo. Diác. Arão Gabriel Mazive aproveitou para instrui-las, com uma pequena catequese, e por fim, participaram de uma distribuição de rosários e um lanche.

Tudo isso demonstra que a fé está se expandindo – e muito- na África

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Estive doente e me visitastes!

Missa dos enfermos

“Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim”. (Mt 25, 34-36)

Estes versículos sagrados em poucas linhas transmitem a alegria de todo aquele que desprendido de si procura ajudar ao próximo. É também um incentivo para os jovens que auxiliam a Paróquia Nossa Senhora da Assumpção com o transporte dos enfermos que a cada mês se beneficiam com a Santa Missa celebrada pelos sacerdotes da Consolata, aproximando-se assim do altar, da Divina Eucaristia.

*         *          * 

São Julião Eymard 

A Eucaristia — o trigo dos eleitos, o Pão vivo — foi semeada em Belém. Esse Trigo celeste foi semeado em Belém, casa do pão. Ei-lo, esse divino Pão, finalmente semeado. A umidade das lágrimas infantis o fará germinar e o tornará belo.

Belém, situada numa colina, domina Jerusalém. Uma vez amadurecida, a Espiga se inclinará do lado do Calvário, onde será moída, passando pelo fogo do sofrimento, a fim de se tornar Pão vivo. Os reis virão dele participar e nele se deliciarão. E qual o motivo dos encantos da nossa festa de Natal, se Jesus não renascesse sobre o Altar?

Em Belém, o Verbo se faz Carne. No sacramento, faz-se Pão a fim de nos dar sua Carne, sem nos causar aversão. Regozijai-vos, portanto, neste belo dia, em que desponta o Sol divino da Eucaristia.

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O sofrimento faz parte da Vida?

“Naquele tempo, 35 Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e Lhe disseram: ‘Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir’. 36 Ele perguntou: ‘O que quereis que Eu vos faça?’. 37 Eles responderam: ‘Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!’. 38 Jesus então lhes disse: ‘Vós não sabeis o que pedis. Por acaso podeis beber o cálice que Eu vou beber? Podeis ser batizados com o batismo com que vou ser batizado?’. 39 Eles responderam: ‘Podemos’. E Ele lhes disse: ‘Vós bebereis o cálice que Eu devo beber, e sereis batizados com o batismo com que Eu devo ser batizado. 40 Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. É para aqueles a quem foi reservado’. 41 Quando os outros dez discípulos ouviram isso, indignaram-se com Tiago e João. 42 Jesus os chamou e disse: ‘Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. 43 Mas, entre vós, não deve ser assim; quem quiser ser grande, seja vosso servo; 44 e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. 45 Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos'” (Mc 10, 35-45). É possível viver sem sofrimento? Não seria esta a vida ideal a ser almejada? E para alcançar este objetivo, o melhor não seria fugir sempre da cruz e procurar satisfazer em tudo o nosso egoísmo? A vida sem dor é utopia, pura ilusão. E o pior sofrimento para o homem é o de não sofrer ordenadamente, em razão de uma finalidade que justifique a sua vida.

Monsenhor Joao Cla Dias, EP_.jpgMons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

I – A Teologia do Sofrimento

É frequente encontrar, nas pessoas que começam a abrir os olhos para o estudo da Religião, manifestações de uma indignada reação análoga à de Clóvis, rei dos Francos, ao ouvir o relato da morte de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Ah! Por que não estava eu lá com os meus francos?”. 1 Custa imaginar como pôde o Divino Salvador, a Suma Bondade, ser morto de maneira tão injusta e cruel, sem que ninguém, nem mesmo algum dos numerosos beneficiados por seus milagres, se apresentasse para defendê-Lo. A resposta para essa dificuldade, vamos encontrá-la na Liturgia deste domingo, a qual trata daquilo que se poderia denominar a “teologia do sofrimento”.

Pelo sofrimento, chega-se à “ciência perfeita”

Na primeira leitura, o profeta Isaías mostra ter Nosso Senhor padecido tudo quanto era possível, para redimir o gênero humano:2 “O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos. Oferecendo sua vida em expiação, ele terá descendência duradoura e fará cumprir com êxito a vontade do Senhor. Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma ciência perfeita. Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas” (Is 53, 10-11).

Nos divinos arcanos, aprouve ao Pai permitir que o Filho, o Servo de Javé, fosse “macerado com sofrimentos”. Expressão categórica que significa moer o trigo ou pisar a uva no lagar. E como passou Ele por essa “maceração”? Sereno, tranquilo, suportando tudo como um cordeiro, sem nenhuma queixa, com inteira paciência e submissão aos desígnios do Pai. Com isso, ensina São Tomás, “mereceu a glória da exaltação pelo abatimento da Paixão”.3

Pela via do sofrimento, explica o profeta, Jesus “alcançará luz e uma ciência perfeita”. Ora, o que poderia Nosso Senhor receber que ainda não tivesse? Ele é Deus, portanto, o Conhecimento e a Verdade em substância! A que ciência perfeita faz referência Isaías?

Em Jesus Cristo podemos distinguir quatro conhecimentos: o divino, pois Ele é Deus; o beatífico, decorrente de sua alma ter sido criada na visão beatífica; a ciência infusa, recebida no instante de sua concepção humana; e o experimental, em sua humanidade, o único passível de aumento, pois “exercia-se nas condições históricas de sua existência no espaço e no tempo”,4 à medida em que Ele ia tendo contato com as coisas.

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Os Apóstolos imaginavam um Messias de acordo  com
a  inteligência especulativa deles, com uma  perfeição
segundo seus critérios humanos,  que deveria
assumir o governo político da nação”Cristo com a Verônica”, pelo Mestre Oeillet de
Baden Museu de Belas Artes, Dijon (França)

Em sua vida terrena, para merecer o seu próprio conhecimento e, mais ainda, comprar o conhecimento para os outros, devia Jesus padecer. Ele comprovava pelo conhecimento experimental o que já sabia pelos outros três, alcançando assim a ciência perfeita a partir da vida da dor.

Pela via do sofrimento, chega-se à perfeição

Dessa maneira, mostra-nos Isaías o quanto é pela via do sofrimento que, à imitação do Messias, se chega à perfeição. Vê-se, em consequência, ser a dor bem aceita a única maneira de atrair as bênçãos divinas para a perpetuidade de uma obra sobrenatural. Não há outra via! Jesus apontou-nos apenas um caminho para segui-Lo: “tomar a cruz” (cf. Mc 8, 34), através da qual cumprimos a vontade do Senhor.

Ora, nossa natureza é avessa à cruz, tem verdadeiro pânico do sofrimento e o instinto de conservação nos leva a fugir da dor. Esta situação, tão comum à condição humana, nos é apresentada pelo Evangelho do 29º Domingo do Tempo Comum, analisado em sua profundidade.

II – A última subida a Jerusalém

O Divino Redentor está subindo para Jerusalém pela derradeira vez. Os Apóstolos tentaram dissuadi-Lo, alegando o quanto punha em risco sua vida (cf. Jo 11, 7-8), devido ao tremendo ódio das autoridades religiosas contra Ele. Mas o Mestre está decidido. Ficam eles, então, entre a insegurança do instinto de conservação – pois se interessavam certamente por Jesus, mas também temiam pela própria vida – e a confiança naquele poder misterioso manifestado por Ele em tantas circunstâncias.

De fato, os Apóstolos tinham dificuldade de entender a possibilidade da morte de Jesus. Imaginavam um Messias de acordo com a inteligência especulativa deles, com uma perfeição segundo seus critérios humanos, que deveria assumir o governo político da nação. Julgavam que Nosso Senhor não poderia morrer, pois, mediante os extraordinários poderes com os quais curava e ressuscitava, tinha meios de viver indefinidamente, e desse modo organizar um reino terreno sem igual.

Entretanto, as cogitações e as vias do Salvador eram bem outras, e rumavam em direção oposta. Ao longo do caminho, revelou-lhes com toda clareza o que iria acontecer: “Eis que estamos subindo para Jerusalém e o Filho do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da Lei. Eles O condenarão à morte e O entregarão aos pagãos. Vão zombar d’Ele, cuspir n’Ele, vão torturá-Lo e matá-Lo. E, depois de três dias, Ele ressuscitará” (Mc 10, 33-34). Mais explícito, realmente, Ele não poderia ter sido!

Logo em seguida a esta revelação, parecendo fazer abstração completa do que acabavam de ouvir, os irmãos Tiago e João formulam a Jesus um pedido de uma ousadia surpreendente. Observa, a este propósito, Lagrange: “Parece, pois, que a lição dos sofrimentos ainda não causou séria impressão aos discípulos; não suspeitam qual a finalidade destes na obra messiânica. Talvez até julguem que o Mestre Se deixe impressionar por engano. De qualquer modo, porém, Ele mesmo falou de ressurreição. Todo o resto não passa de um episódio sobre o qual o pensamento deles desliza para deter-se nessa glória”.5

Um pedido despropositado acolhido com bondade

“Naquele tempo, 35 Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e Lhe disseram: ‘Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir'”.

Eles expõem esta demanda a Nosso Senhor com toda confiança e intimidade, diante dos outros. Dir-se-ia ser um pedido despropositado, feito de modo pouco educado e de todo inadequado. Portanto, reuniria as condições para não ser atendido. Surpreendente, porém, será a reação do Divino Mestre.

36 “Ele perguntou: ‘O que quereis que Eu vos faça?'”.

Embora conhecesse muito bem a intenção deles, o Senhor os acolhe com bondade, mostrando-Se disposto a atender. Ou seja, até pedidos na aparência absurdos, Deus os toma com benevolência. Por quê? Porque é tal o seu desejo de nos facilitar os caminhos para a salvação que, ainda quando nos comportamos de maneira inconveniente, Ele nos recebe como Pai insuperável.

Pedem uma glória humana, recebem a felicidade eterna

37 “Eles responderam: ‘Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!'”.

Ao lermos este versículo hoje, quase dois mil anos depois do fato, ficamos pasmos: como chegaram a proceder desta forma São Tiago e São João? Desconcerta. Percebe-se estarem ambos supondo uma glória terrena, com Nosso Senhor tornando-Se rei de Israel, ou seja, a glória de um Messias humano conquistando o poder político, social e financeiro da nação eleita. Tinham a impressão de que isso não estava longe de acontecer, e calculavam poder obter bons postos, a julgar pelas prerrogativas com as quais o Mestre já antes os distinguira.

Ora, o mais impressionante é que Jesus, em certo sentido, dispõe-Se a atendê-los, concedendo não o que pretendiam, mas muito mais: a felicidade eterna no Céu. Nosso Senhor transferirá o pedido deles da Terra para a glória celeste, dando-lhes “o presente dessa enorme graça que é o amor à Cruz”.6

Nosso Senhor sempre quer nos dar o melhor

38a “Jesus então lhes disse: ‘Vós não sabeis o que pedis'”.

Julgam alguns estar neste versículo condenado todo e qualquer desejo de proeminência, mas não há na resposta de Nosso Senhor base para essa interpretação. Ele dá a entender que os dois irmãos estão pedindo pouca coisa. A natureza humana deles está ávida de glórias mundanas, passageiras, enquanto o Mestre os quer convidar para as celestes, eternas. Por isso, não nega o pedido, cuja verdadeira dimensão eles ignoram. Eles não sabiam o que estavam pedindo porque se equivocavam quanto ao gênero de honra desejado.

Isto mostra que é legítimo aspirar a uma proporcionada grandeza terrena – desde que seja ela útil para a santificação de quem pede e dos outros -, pois, ensina São Tomás que, no tocante aos bens temporais, “o Senhor não proibiu a solicitude necessária, mas a solicitude desordenada”.7

O cálice da dor

38b “Por acaso podeis beber o cálice que Eu vou beber? Podeis ser batizados com o batismo com que vou ser batizado?”.

A resposta do Redentor denota que os filhos de Zebedeu desconheciam o caminho para chegar até essa glória que ambicionavam. Mas Nosso Senhor queria dá-la no plano sobrenatural: “Em vez de censurar logo de início a ambição dos dois irmãos, Jesus Se empenha em corrigir a ideia falsa que eles têm de sua missão”.8

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Desde toda a eternidade Deus Pai escolheu o lugar de cada qual segundo
o sapiencial plano traçado por EleAparição de Cristo aos Apóstolos – Catedral de Notre Dame, Paris

Bem conhecia nosso Salvador o quanto Ele deveria padecer, por isso menciona o cálice e o batismo de sangue, ambos símbolos do sofrimento. 9 E no Horto das Oliveiras chegará a pedir: “Abbá! Pai! Tudo é possível para Ti! Afasta de Mim este cálice! Contudo, não seja o que Eu quero, e sim o que Tu queres” (Mc 14, 36). Assim, Ele pergunta a São Tiago e a São João se estão preparados para beber o cálice que a primeira leitura descreve como sendo da dor, do sofrimento, do drama. E o batismo de sangue corresponderia à Paixão do Cordeiro: “Jesus fala da imersão como se Ele devesse ser mergulhado num abismo de tormentos”. 10

Cegueira ante a perspectiva da dor

39a “Eles responderam: ‘Podemos'”.

Supunham os dois irmãos, sem dúvida, que o cálice e o batismo aludidos por Nosso Senhor representavam as dificuldades a serem transpostas para alcançar a glória temporal imaginada por eles, e que, portanto, valia a pena enfrentá-las… Possivelmente também, julgavam em seu otimismo ser feito de honra e prestígio esse batismo.

Ora, este equívoco é consequência da incompreensão da advertência de Nosso Senhor a respeito da sua Paixão e Morte, as quais Ele já mencionara três vezes, dando inclusive detalhes dos tormentos que padeceria (cf. Mc 8, 31-32; 9, 31; 10, 33-34). Ao mesmo tempo, tornavam-se cada vez mais claras as ameaças de isto vir a se efetivar (cf. Jo 10, 31-40; 11, 49-54).

Acontece que os Apóstolos, em sua cega esperança de felicidade mundana, se obstinavam na ideia do Messias temporal. Davam a essas previsões do Divino Mestre o valor de uma linguagem simbólica, talvez julgando que, afinal, Ele daria um golpe qualquer e seria proclamado Rei de Israel, como descendente que era de Davi. Por isso, Tiago e João respondem com ânimo à pergunta de Nosso Senhor: “Podemos”.

Os planos de Deus são inalteráveis

39b “E Ele lhes disse: ‘Vós bebereis o cálice que Eu devo beber, e sereis batizados com o batismo com que Eu devo ser batizado. 40 Mas não depende de Mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. É para aqueles a quem foi reservado'”.

Ao pedido formulado num plano meramente natural e segundo critério equivocado, Nosso Senhor replica a partir de uma perspectiva sobrenatural: desde toda a eternidade Deus Pai escolheu o lugar de cada qual segundo o sapiencial plano traçado por Ele. Portanto, apesar de ser legítimo o desejo dos filhos de Zebedeu, era preciso acima de tudo fazer a vontade do Pai.

Com efeito, as palavras do Mestre sobre os dois irmãos se confirmaram: relata-nos a História ter sido São Tiago o primeiro Apóstolo a beber o cálice do martírio, em Jerusalém, pelo ano 44 (cf. At 12, 1-2). Quanto a São João, consta ter tido morte natural, muito idoso, pelo ano 104. O discípulo amado não deixou de “beber do cálice”, pois foi o único Apóstolo a acompanhar de perto a Paixão do Senhor e a sofrer junto com Ele; e, segundo antiquíssima tradição, teria sido lançado mais tarde numa caldeira de azeite fervente, e saído milagrosamente ileso.11 Portanto, em ambos se realizou o predito por Jesus: eles beberam o cálice e passaram pelo batismo de sangue.

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No Reino de Cristo, quem mais serve, maior
será; e quem menos serve, menor será”A Sagrada Família” – Vitral da Paróquia de
Saint-Laurent-sur-Sèvre (França)

As disputas no Colégio Apostólico antes de Pentecostes

41 “Quando os outros dez discípulos ouviram isso, indignaram-se com Tiago e João”.

A certa distância, os demais Apóstolos acompanhavam com atenção a conversa, e se indignaram ao ouvir o pedido dos dois irmãos. Certamente, não por verdadeiro zelo em relação a Jesus, mas, quiçá, por cada qual julgar-se mais digno de receber a almejada honraria. Afinal de contas, desejavam também eles participar dessa disputa. Isso torna evidente o quanto essas doze magníficas colunas sobre as quais se levantaria o sagrado edifício da Igreja tinham, antes da descida do Espírito Santo, uma visão humana e político-social de Jesus Cristo e estavam com os olhos fixos na conquista do poder temporal.

42 “Jesus os chamou e disse: ‘Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam'”.

Com essa referência aos governantes da época, Cristo advertia seus Apóstolos de que quem deseja a glória mundana e assume o poder por amor-próprio acaba sendo um tirano. De fato, sem o auxílio da graça e a prática da virtude, a tendência do poderoso é oprimir os subalternos. E, tendo sido os judeus escravizados diversas vezes, disso eles tinham as cicatrizes de amargas experiências…

O critério de precedência entre os bons

43 “Mas, entre vós, não deve ser assim; quem quiser ser grande, seja vosso servo; 44 e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos”.

Entre os bons, qual deve ser o critério de precedência? Nosso Senhor insistirá por duas vezes que é o da submissão: ser servo e ser escravo. Dentro da instituição que Ele está fundando, deve-se aprender a servir: quem mais serve, maior será; e quem menos serve, menor será. O que qualifica para o Reino de Deus é a disposição de servir.

Nosso Senhor não condena, pois, o desejo de ser o primeiro na linha do bem, mas sim o meio errado de chegar a essa posição. “Ele não Se espanta com a preocupação dos discípulos, e não contesta o princípio da hierarquia, mas insinua o espírito novo que deve animar os chefes”.12 O caminho, isto sim, é aquele cujo exemplo foi dado por Ele mesmo: serviço e escravidão.

O exemplo do Filho do Homem

45 “Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”.

Já na infância, Jesus Se colocou na mais plena sujeição e a serviço de Maria Santíssima e de São José, embora sendo Deus e o Criador de ambos. Mais ainda, pôs-Se na submissão a todos quantos precisavam d’Ele, para não dizer a todo o gênero humano que Ele haveria de redimir na Cruz.

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É possível que se encontrem em nossa alma laivos
da mentalidade farisaica, movendo-nos
a agir em tudo por egoísmo”Pentecostes” – Vitral da Catedral de León (Espanha)

Essa é a via por onde Ele resgata e ordena toda a criação. Com efeito, ensina o Apóstolo que “quase todas as coisas são purificadas com sangue, e sem derramamento de sangue não existe perdão” (Hb 9, 22). Cristo veio para nos perdoar e salvar, para servir e dar a vida por nós. E no Céu, por estar em nossa natureza mais próximo do trono do Pai, continua disposto a ajudar-nos.

III – A necessidade do Espírito Santo na Igreja

Antes de Pentecostes, podemos distinguir duas conversões nos Apóstolos.

A primeira deu-se quando, chamados por Jesus, se dispuseram a segui-Lo. Contudo, tinham ainda a ideia de um Messias temporal, comum a todos os judeus naquele tempo, sobretudo os formados na escola dos fariseus. E os Apóstolos, apesar de vários deles terem sido orientados e preparados por São João Batista, conservavam uma concepção a respeito do Reino de Deus inteiramente terrena, de acordo com os princípios farisaicos. Julgavam ter encontrado o Libertador de Israel, ao qual serviam de modo não inteiramente desinteressado.13

A segunda conversão operou-se quando, reconhecendo a própria miséria de ter abandonado o Divino Mestre na hora da Paixão, receberam uma especial graça de arrependimento e começaram a considerá-Lo dentro do mistério inefável da Cruz.14 Mas continuavam com uma perspectiva humana do Messias, a ponto de não terem acreditado, num primeiro momento, na sua Ressurreição (cf. Lc 24, 9-12). E na hora da Ascensão do Senhor manifestaram ainda seu desejo de ver restaurado o Reino de Israel, segundo esse conceito equivocado (cf. At 1, 6-9).

O absurdo de querer adaptar Deus à nossa mentalidade

Como constantemente procuravam os Apóstolos conformar à sua mentalidade anterior as revelações extraordinárias feitas por Nosso Senhor, permaneceram com uma visão distorcida da Boa-Nova até o dia da descida do Paráclito, no Cenáculo. Aí o próprio Espírito Santo assumiu as virtudes que haviam sido infundidas na alma deles, e fez com que os dons, que estavam passivos como um lustre apagado, se acendessem com todas as energias possíveis. Somente pela ação desses dons as virtudes infusas têm condições de atingir o seu pleno e perfeito desenvolvimento.15 Podemos, assim, avaliar o incomensurável alcance, para a vida da Igreja, do operar do Espírito Santo, a quem São Cirilo de Jerusalém denomina “o guardião e santificador da Igreja, o diretor das almas, o piloto das naves sob a tempestade, Aquele que ilumina os equivocados, premeia os combatentes e coroa os vencedores”.16

Afinal, com a efusão das graças de Pentecostes, morreu na alma dos Apóstolos essa visão humana a respeito de Nosso Senhor. Mas, sob diversas roupagens, continua ela ao longo da História e é possível inclusive que em nossa alma se encontrem laivos dela, como um verme a nos corroer por dentro, movendo-nos a agir em tudo por egoísmo, por puro interesse pessoal, considerando a Religião numa perspectiva social e política.

Necessidade do sofrimento para atingir a glória

Analisando a Liturgia de hoje, vemos que, para os bons, o verdadeiro e único triunfo se encontra no amor à cruz e na aceitação do sofrimento. Ensina-nos São Paulo, na segunda leitura: temos um Sumo Sacerdote eterno, “provado em tudo”, que intercede por nós e do qual, portanto, devemos nos aproximar com toda Fé e confiança (cf. Hb 4, 14-16).

Não é fácil essa via indicada por Nosso Senhor, mas recordemos o famoso verso de Corneille: “À vaincre sans péril, on triomphe sans gloire”. 17 Quando se vence sem passar por perigos e riscos, não há glória. Afirma Santo Agostinho: “Ninguém se conhece antes de ser provado, nem pode ser coroado se não vencer, nem pode vencer sem ter combatido, nem lhe é possível lutar se não tiver inimigo e tentações”.18 Ora, esta vitória está reservada somente para as almas unidas a Deus, que põem sua confiança n’Ele e conseguem assim enfrentar todos os riscos.

Professor Plinio Correa de Oliveira.jpg
“A verdadeira glória da Igreja e do fiel resulta do  sofrimento e da luta. Luta árida, sem
beleza sensível, […] Mas luta que enche de admiração os Anjos do Céu e
atrai as bênçãos de Deus”Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em 1966Por nossa natureza, por nosso otimismo perante a vida e horror ao sofrimento, temos a ilusão de que triunfar significa nunca sofrer nem passar por desventura alguma. Não é o que nos mostra a dura existência terrena. Por isso, afirma o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: “A vida da Igreja e a vida espiritual de cada fiel são uma luta incessante. Deus dá por vezes à sua Esposa dias de uma grandeza esplêndida, visível, palpável. Ele dá às almas momentos de consolação interior ou exterior admiráveis. Mas a verdadeira glória da Igreja e do fiel resulta do sofrimento e da luta. Luta árida, sem beleza sensível, nem poesia definível. Luta em que se avança por vezes na noite do anonimato, na lama do desinteresse ou da incompreensão, sob as tempestades e o bombardeio desencadeado pelas forças conjugadas do demônio, do mundo e da carne. Mas luta que enche de admiração os Anjos do Céu e atrai as bênçãos de Deus”.19Assim como o carvão, para se transformar em diamante, precisa ser submetido às altíssimas temperaturas e pressões encontradas nas entranhas da Terra, nossas almas necessitam do sofrimento, neste vale de lágrimas, para merecermos a glória celeste. E para bem suportarmos os padecimentos que nos esperam, façamos, por intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, o pedido contido no salmo de hoje: “Sobre nós venha, Senhor, vossa graça, pois em Vós esperamos” (Sl 32, 22). (Revista Arautos do Evangelho, Out/2012, n. 130, p. 10 à 17)
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Lembranças de um congresso, no coração da África

Um pequeno brinquedo fazia nossa alegria, de menino. Era um cilindro com um orifício em uma das extremidades, que se abria para uma janela transportando-nos para um mundo de maravilhas, onde as formas brincavam com as cores: o caleidoscópio. A cada movimento no tubo, revestido de um belo papel ou veludo, fazia aparecer novas figuras e coloridos. O nome tem como origem três palavras gregas belo=καλ?ς (kalos), imagem=ε?δος (eidos) olhar ou observar=σκοπ?ω (scopeο). Observar a beleza através da imagem revista de colorido e luz. Essa sensação tem-se quando deixa-se o sul da África em direção ao centro desse Continente.

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Caleidoscópio

Realiza-se um sonho de criança: morar em um mundo de cores e formas, que tem vida e movimentos próprios. Infantil pode parecer, a princípio, esse desejo. Mas quando nos deparamos com o ambiente e costumes da cidade de Yaoundé, capital, de Camarões onde realizou-se o primeiro Congresso Pan-africano promovido pelo Pontifício Conselho para os Leigos, vive-se como em um grande caleidoscópio.

A vegetação tropical exuberante, uma vida fervilhante de centenas e centenas de pessoas que caminham pelas ruas, com suas roupas já em tintas orientais, músicas, tristezas, problemas e muita fé. Traz-nos a impressão de um universo, que a todo momento desenha figuras multicoloridas.
O Congresso foi realizado na Universidade Católica de Yaoundé com representantes de centenas de países africanos. Entre os objetivos desse encontro os leigos e também movimentos novos e ordens religiosas, ali, presentes estava para estudar importantes documentos de papas, sobre os desafios do continente africano. Entre eles: A África hoje; cenários sociais, geopolíticos, econômicos e culturais pela Professora Marie-Thérèse Mengue. Jesus Cristo em terras africanas, pelo Mons. Barthélemy Adoukonou. A vocação e a missão dos leigos sobre a luz da Exortação Apostólica Sinodal Christifideles Laici, por Mons. Joseph Clemens. A formação dos fiéis leigos em África, pelo Card. Roberto Sarah. Os fiéis leigos, sal da terra de África e luz do mundo, pelo Card. Peter K.A. Turkson…

Sob o lema: Ser testemunha de Jesus Cristo na África hoje, abriu-se o evento com a Santa Missa celebrada pelo Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, o Cardeal Stanislaw Rylko. Em sua homília o purpurado afirmou a excelência da Igreja missionária, que é o amor de Cristo, o anúncio do Evangelho. O leigo é chamado a acompanhar cada batizado durante sua caminhada, nesse terceiro milênio. A Igreja tem necessidade desse apostolado, em vista dos desafios do mundo atual: novos métodos, nova forma de comunicação, de expressão.

A mensagem lida pelo Núncio Apostólico, de Camarões, Mons. Piero Pioppo enviada, especialmente para o evento, pelo Papa Bento XVI aos congressistas, lançou uma luz sobre os estudos realizados durante esses dias, no Campus de Nkolbisson.

Nela o Santo Padre apresenta como modelo de esperança a santa sudanesa Joséphine. Diz o Pontífice que “isto é o porquê, que na Encíclica Spe salvi, eu quis apresentar a santa sudanesa Joséphine Bakita como testemunha da esperança (cf.n.3), para mostrar como o rencontro com o Deus de Jesus Cristo é capaz de transformar profundamente todo o ser humano, mesmo em condições pobres – Bakita era uma escrava – para Ele dar a suprema felicidade de filha de Deus. Precisamente, “o conhecimento dessa esperança, ela estava “redimida”, já não se sentia mais uma escrava, mas filha de Deus”.(ibd) E a descoberta dessa esperança cristã suscitou um novo e irreprimível desejo:”a libertação que ela obteve com o encontro através de Deus de Jesus Cristo, ela sentia o desejo de estendê-lo, devia também dar a outros [essa experiência], ao maior número possível de pessoas.(…)1

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O leigo é chamado a acompanhar cada batizado
durante sua caminhada, nesse terceiro milênio.

Bento XVI compara a Santa sudanesa à juventude católica africana. Também nós que estivemos presentes em Yaoundé, nos dias do congresso. Poderíamos comparar a África de nossos dias a vida da pequena Bakita: roubada de seus pais muito jovem, torturada pelos seus algozes, perseguida, vendida, sofrida, escrava, pobre, mas que com a força do Espírito Santo tudo soube suportar até encontrar a Deus, que já morava no seu interior, nas águas do batismo. Ela caminhou pela via da santidade, onde o exemplo de sua vida será reconhecido por todos os cristãos, até o fim do mundo.

O beato João Paulo II afirma no documento Ecclesia in Africa:

“O Senhor, portanto, considera-Se enviado a aliviar a miséria dos homens e a combater toda a forma de marginalização. Veio libertar o homem; veio assumir as nossas enfermidades e carregar os nossos males: de facto, ” todo o ministério de Jesus está ligado à atenção a todos os que, à sua volta, eram afetados pelo sofrimento: pessoas enlutadas, paralíticos, leprosos, cegos, surdos, mudos… (cf. Mt 8,17)”.118 “É impossível aceitar que a obra de evangelização possa ou deva negligenciar os problemas extremamente graves, debatidos sobremaneira hoje em dia, relativos à justiça, à libertação, ao desenvolvimento e à paz no mundo”:119 a libertação, que a evangelização anuncia, “não pode ser limitada a simples e restrita dimensão econômica, política, social e cultural; mas deve ter em vista o homem todo, integralmente, com todas as suas dimensões, incluindo a sua abertura para o absoluto, o próprio Absoluto de Deus”.1202

É dessa santidade, desse Absoluto de Deus, que África católica tem necessidade. Plêiades de santos que floresçam nesse Continente, que é o da Esperança. Assim ela será, para todo o Ocidente, a luz do mundo e o sal da terra.

Por Lucas Miguel Lihue

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1http://www.laici.va/content/laici/es/eventi/seminari-e-congressi/essere-testimoni-di-gesu-cristo-in-africa-oggi/il-messaggio-del-papa-al-congresso-panafricano.html

2http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_14091995_ecclesia-in-africa_po.html

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Louvor a Nossa Senhora da Consolata

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Para a piedade católica uma das formas de manifestação externa é a realização de procissões, como acto de fé, amor e devoção.

Cientes desta realidade os fiéis da Comunidade Nossa Senhora da Consolata do bairro da Bunhiça, manifestaram com autenticidade sua fé através de uma procissão em agradecimento à padroeira.

Esta decorreu pelas vias principais do perímetro da comunidade, estima-se que cerca de 150 pessoas participaram, sem contar aqueles que, atraídos pelo aspecto encantador deste devoto e singelo percurso religioso, seguiam-no pelas beiradas.

Aliados muitas vezes aos vibrantes cantos em coro do povo, os Arautos do Evangelho contribuíram com sua orquestra musical.

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Tão festivo e piedoso estava o ambiente, que, apesar do característico e causticante sol em África, o astro rei não se fez perceber, os fiéis sentiam-se como que protegidos por um refrigério espiritual emanado do manto de Nossa Senhora da Consolata e, alentados pela presença mística do seu Divino Filho, pois, Ele próprio numa passagem da Escritura assim nos ensinava: “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome Eu estarei no meio deles”. (Mt 18,20)

como é belo os irmãos viverem juntos – fratresinunum

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Três Sacramentos

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A Comunidade São Vicente muito se alegrou, há pouco, pela realização solene de três sacramentos num só dia. O coordenador dos Arautos do Evangelho em Moçambique, Pe. Wagner Morato Menezes, EP, administrou a um casal os sacramentos do Batismo, da Primeira Eucaristia e do Matrimônio.

O Batismo é o sacramento que nos torna filhos de Deus, a partir dele podemos receber os outros sacramentos. Depois de renascidos pela água e fortalecidos pelo pão eucarístico, o matrimônio foi uma dádiva ao casal.

Sacramento do batismo

A palavra aliança é encontrada várias vezes na Sagrada Escritura como símbolo do vínculo de Deus com o povo. Qual é o seu significado de aliança? Juramento é a respota, razão pela qual os noivos prometem a Deus a fidelidade, diante do sacerdote que O representa, e colocam o anel como sinal, pronunciando a fórmula estabelecida pela Igreja.

A prédica apontava a importância de fazer tudo em harmonia e com alegria, para assim cumprir com segurança a vocação matrimonial. O Beato Papa João Paulo II dizia que a base da sociedade é a família, e a sociedade é bem alicerçada desde que esta instituição siga os ensinamentos e a tradição da Igreja. Foi ressaltada a importância do Matrimônio perante a Igreja, meio para obter e atrair as bençãos de Deus e de adquirir a força e o auxílio necessários para enfrentar as vicissitudes da vida.

Padre Wagner, celebra casamento em Maputo

Tal é a dignidade do desposório que foi elevado a sacramento por Jesus, modelo mais perfeito para aqueles que trilham este caminho não há: a Sagrada Família!

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São Pedro sobre as águas

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Anualmente, a comunidade indiana provinda de Goa e enraizada em Moçambique há várias gerações, tem o costume de realizar uma procissão marítima por ocasião da solenidade de São Pedro e São Paulo.

Os pescadores indianos têm uma devoção especial a São Pedro o qual antecedeu-os na prática de seu ofício, a pesca.             

Antes de partir para as embarcações e formar o cortejo marítimo, os fiéis assistiram a Santa Missa realizada na Comunidade de São Pedro em Catembe por sacerdotes indianos, presidiu o Pe. Marcelino e concelebraram o Pe. Sebastião e o Pe. Paulo.

Uma singela imagem salva ilesa de um incêndio em sua capela, tradicionalmente, precede esta devoção na qual muitos se honram de levá-la num andor ornado em forma de barco com a imagenzinha do santo pescador.

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Mais uma vez São Pedro sobre as águas, não a pescar, mas conduzido por seus devotos. Uma verdadeira frota ladeava o barco de São Pedro durante o percurso até o momento em que a benção de Deus foi proferida a todos os pescadores em suas respectivos embarcações.

Ao som da orquestra dos Arautos muitos louvores evolaram dos lábios dos fiéis que se  reuniram para agradecer todos os favores concedidos por Deus ao longo de um ano de labor sob a proteção de São Pedro!

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Uma tarde com Maria

Uma tarde com Maria

“Ó tu, quem quer que sejas, pensa em Maria. Que seu nome nunca se afaste de teus lábios, não negligencies os exemplos de sua vida!”

Estas palavras de São Bernardo, bem resumem uma actividade mariana promovida pelos Arautos de Moçambique e, realizada na Comunidade Nossa Senhora da Consolata no bairro da Machava. A piedade da pessoas que ali se reunião tinha um ponto central: a devoção a Maria Santíssima.

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A projeção de um vídeo sobre a origem e o significado da “Medalha Milagrosa” de Nossa Senhora das Graças foi o tema das considerações da exposição.

Não há maior honra do que propagar a devoção a Santa Mãe de Deus, quem conhecesse a Santíssima Virgem nesta Terra e tivesse para com Ela uma atitude de admiração, num só golpe de vista teria a noção de toda a sabedoria ressaltada na Igreja Católica ao longo dos séculos, de todo o esplendor que desabrochou na vida dos santos, do talento ímpar de todos os martíres que consistiu numa bela obra de arte, pessoas que face à morte emolduraram com o sangue a felicidade celeste que os esperava!

Jamais houve beleza espelhada na Santa Igreja e na vida de seus santos que não tivesse sido engendrada e resplandecida em extraordinário fulgor no sacrário da Santíssima Trindade, a Virgem Maria!

*          *          *

Pois bem, a coroação de Nossa Senhora nos céus, verdade contemplada num dos mistérios do Rosário, serviu de exemplo para a comunidade moçambicana expressar seu amor a Deus coroando a imagem de Nossa Senhora e a Ela se entregarem pelas mesmas palavras que o Beato Papa João Paulo II utilizou para consagrar o mundo ao Imaculado Coraçao de Maria.

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Este singelo oferecimento serviu para que a devoção a Nossa Senhora não fosse apenas um cântico de louvor aos seus predicados, mas, um reconhecimento efectivo de nossa fé e que se traduzisse em boas obras!

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Novos diáconos

Padre Wagner Morato, EP

A solenidade do nascimento de São João Batista, 24/06, foi a data escolhida pela Arquidiocese de Maputo em Moçambique para a ordenação de novos diáconos ocorrida na Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Conceição.

“Portanto, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarregaremos este ofício. Nós atenderemos sem cessar à oração e ao ministério da palavra”. (At 6, 3-4)

O diaconato é o primeiro grau do sacramento da ordem que antecede o presbiterato e o episcopado, dignidade daqueles que compõem a hierarquia da Igreja Católica.

Ao deixar sua condição de leigo o diácono passa a fazer parte do clero, sacramento que imprime caráter de forma indelével por toda a eternidade.

Os apóstolos foram os mais infatigáveis do Evangelho, sendo assim, com o tempo escasso para dedicarem-se à oração devido a sua prodigalidade para com o próximo, instruíram diáconos que os ajudassem nas obras exteriores, para poderem ter maior dedicação à oração e à pregação.

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Em África, mais três diáconos foram ordenados para o serviço do altar do Senhor durante a Celebração Eucarística presidida pelo arcebispo de Maputo, Dom Francisco Chimoio, com a participação de aproximadamente 1500 fiéis, cerca de 30 sacerdotes concelebrantes, além dos bispos eméritos de Pemba e Tete. Neste dia de alegria para a arquidiocese honrou a todos com sua presença, sua eminência o cardeal emérito Dom Alexandre dos Santos.

Transcorrida a liturgia própria a celebração, um dos diáconos recém ordenados lembrou nos agradecimentos finais uma frase muito significativa de Bento XVI quando se dirigia a um conjunto de seminaristas: “Quem quer tornar-se sacerdote deve ser sobretudo um homem de Deus!”

Este belo dia nos traz a mente e ao coração uma profunda gratidão a Deus por ter sido João o precursor de Cristo, antecedendo o Salvador que por nós morreu na cruz.

Arautos-do-Evangelho_Maputo

Grandeza João a tinha, porém, a despretenção sobrepunha suas grandes virtudes as quais o homens se maravilharam ao longo da história. Foi o predito pelos profetas, anunciado por um anjo, nascido de pais santos e nobres apesar de idosos e estéreis, preparou o caminho ao Redentor no deserto. Muitos o consideraram o mais importante de todos, porém colocou acima de si Aquele que é o mais humilde de todos declarando não ser digno de desatar-Lhe as sandálias. (Mt, 3,11

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Monsenhor João Clá  e as ordenações em Arautos do Evangelho

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Uma tarde em família


Família_Arautos do Evangelho

“Que alegria quando me disseram vamos à casa do Senhor.”(Sl 121)

Esta frase sagrada bem exprime o sentimento de muitos familiares que visitaram no dia 17/06, a casa de formação dos Arautos do Evangelho em Moçambique, e estiveram junto do altar, próximos a “Casa do Senhor”, onde foi celebrada a Santa Missa pelo sacerdote coordenador de nossa associação em África, Pe. Wagner Morato Menezes, EP.

Capela dos Arautos do Evangelho em Maputo

Nada melhor, para um pai ou para uma mãe, do que participar de algumas das atividades de seus próprios filhos, para conhecer assim, o ambiente salutar que frequentam e presenciar o benefício cultural, moral e religioso de que são alvo a cada semana.

“Fugit irreparabili tempus” (o tempo foge irreparavelmente) diz o provérbio latino. Se tivéssemos o mesmo privilégio de Josué: “O sol parou no meio do céu, e não se apressou a pôr-se pelo espaço de quase um dia inteiro”(Js 10,13); este dom possibilitaria o bom convívio na Casa dos Arautos entre pais e filhos por mais instantes, não só um fim de tarde…

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Família_Arautos do Evangelho

Dom Bosco descreve uma escola ideal

O nosso zelo deve estender-se ao próximo em geral, contudo, se consideramos o nosso apostolado específico em prol da educação cristã da juventude, veremos crescer desmedidamente a obrigação de cultivar todas as virtudes, para dar aquele bom exemplo de vida virtuosa, que é o primeiro fator de bom êxito na difícil missão de educar e formar cristãmente os jovens.

Numa escola continuamente iluminada pelo pensamento de Deus, do modo mais límpido e atraente, – porque não é a virtude de aspecto carrancudo e de face rígida e fria, mas a verdadeira virtude, que é alegre e exultante, resplandecente de bondade natural, aquela que fascina e arrebata as almas juvenis – florescem naturalmente os santos entusiasmos e as vivas aspirações a um teor de vida virtuosa e santa.

O Monsenhor João Clá Dias desejou muito que os Arautos do Evangelho tivessem seus cooperadores: famílias que nos tempos disponíveis fazem seu apostolado junto à sociedade, segundo o carisma dos Arautos do Evangelho.

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Lembranças de um missionário

Neste mês que celebramos a Festa do Sagrado Coração de Jesus, me veio à memória a introdução do livro de Tomas de Saint Laurent intitulado “O livro da Confiança”: “Voz de Cristo, voz misteriosa da graça, que ressoais no fundo de nosso coração, palavras de doçura e de paz. A nossas misérias presentes repetis o conselho que o Mestre dava frequentemente durante sua vida mortal: ‘Confiança, confiança!'”

Missionários Arautos_Maputo

Sim. Essa voz misteriosa nos fala constantemente, mas pelas próprias circunstâncias de nossa agitada vida nos esquecemos de escutá-la, deixando nossos espíritos e nossos corações, amargos e agitados, no sentido contrário a essa voz misteriosa.

Recordando esta frase do Livro da Confiança, meu espírito remontou-se a mais de uma década atrás, trazendo á minha memória uma Missão em uma paróquia de um populoso bairro de Bogotá, onde a Imagem da Virgem de Fátima fazia sua peregrinação.

As pessoas se aglomeravam, se amontoavam depois da Missa, querendo de alguma maneira, tocar num pedacinho do céu na figura da Mãe de Deus, representada por esta imagem peregrina. Todos tinham algo a pedir, algo a agradecer.

Eu, desde um canto da igreja, observava essa voz da graça trabalhando, e me perguntava como essa graça atuava. O futuro me daria a resposta.

Em certo momento chegou a mim uma senhora banhada em lágrimas, pedindo a este missionário um conselho para apaziguar seu espírito e encher com uma luz de esperança seu coração atribulado. Ela me contava que seu filho de 15 anos havia caído no vício das drogas, e que seu coração de mãe não podia suportar ver o desastre que este vício horroroso havia feito nele.

Que conselho poderia dar-lhe? O que dizer em um momento assim?

Confesso que meu coração sentiu um aperto horrível, pois não sabia o que dizer. As únicas palavras que vieram em meus lábios foram: “Confiança, confiança! Coloque tudo nas mãos de Jesus, Ele não suporta um coração atribulado e dolorido, que implora sua ajuda, sobretudo o de uma mãe. Sempre está a seu lado para ajudá-la.”

A senhora pareceu tranquilizar-se com minhas pobres palavras, e saiu da Igreja.

Mas, se ela se tranquilizou, eu fiquei profundamente preocupado, pois confesso que, talvez por uma visão naturalista, não podia entender como ela havia saído calma com palavras tão pobres de minha parte.

Passou um ano, e a cena ainda permanecia em meu espírito.

Transcorrido este período tínhamos outra missão com a Imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, em um bairro popular de Bogotá.

As cenas de fervor e entusiasmo das pessoas se repetiam como normalmente sucede nestas missões.

Mas qual não foi a minha surpresa, quando em meio as pessoas encontro aquela senhora que no ano anterior me havia procurado, só que desta vez, ela estava com uma fisionomia inteiramente alegre e tranquila. Me cumprimentou com entusiasmo perguntando-me se me recordava dela. Como não iria me recordar, se seu caso me havia marcado desta forma?

Me chamou a atenção a alegria e a paz de seu semblante, e lhe disse que sua fisionomia me fazia crer que o problema de seu filho havia sido solucionado.

Ela, com toda calma me disse que não, que seu filho continuava lutando com o problema sem muito êxito. Então, lhe disse surpreendido, “de onde saiu essa fisionomia calma, tão distinta da que havia visto um ano antes?”

E ali foi a lição de confiança que recebi.

Esta fisionomia, dizia ela, era pelo conselho que recebeu um ano antes, pois encontrou a paz no próprio coração de Jesus.

No coração de Jesus? – perguntei intrigado. Sim, disse ela, Ele me concedeu uma tal consolação que o problema se desfez no meu interior.

Ela começou a relatar-me como foi esse encontro com um Coração tão especial, que tanto amou os homens e por eles foi tão pouco correspondido.

Me contou que depois que saiu da igreja aquela vez, foi pedindo a Jesus com insistência, que lhe ajudasse no drama que estava passando, e assim passou o dia inteiro. A noite, antes de dormir, rezou e pediu mais uma vez e aos poucos foi chegando a paz a sua alma e ela adormeceu.

Durante um sonho, viu diante de si uma grande escadaria que subia até o infinito, e ela escutava uma voz que dizia: “Suba, suba!”. Ela começou a subir, mas o cansaço veio logo e a subida ia se tornando cada vez mais dificil. A voz continuava a animá-la “Suba, suba!”

Ela intrigada, olhou para o alto da escadaria tentando descobrir quem poderia ser aquele que a chamava com tanta insistência e deparou-se com a própria figura de Jesus, como a do Sagrado Coração, que com voz forte e semblante aprazível, a convidava a continuar subindo até Ele.

Ela tentou mais uma vez, mas suas forças lhe faltavam e gritou com voz forte, “Senhor, não tenho forças, ajuda-me!”, e nesse momento viu como que o braço de Jesus se esticando desde onde estava e lhe atraindo com força até ele, dizendo: “Filha minha, porque duvidas tanto, eu estou sempre ao seu lado para ajudar-lhe!”, e nesse momento o sonho se desfez.

A partir de então, a senhora sentiu-se inteiramente protegida e consolada, pois percebeu que Jesus a levava em Seu próprio coração.

O que mais me impressionou de todo o relato, foi a fisionomia de completa calma da senhora. Ela contava o fato como quem relata uma história comum, com uma naturalidade única.

Eu a felicitei por esse presente sobrenatural que havia recebido e lhe dei palavras de ânimo incentivando-a a nunca duvidar desse contato sobrenatural que tanto bem lhe havia feito.

Enquanto a senhora se distanciava, em meu interior se desenhava essa enorme lição de confiança de uma alma que soube entregar suas penas com fé no Coração de Jesus e saiu atendida em sua confiança. A verdade é que sem visão sobrenatural é difícil crer em um fato assim, mas também é verdade, que no mundo como o nosso só com espírito de fé conseguimos enfrentar o dia a dia. A segurança está em que Deus não abandona a seu povo, e, em um mundo como o atual concebido para viver sem Deus, aqueles que o buscam nunca serão defraudados.

Roberto Torres

Monsenhor João Clá é muito devoto ao Sagrado Coração de Jesus podemos conferir no lindo artigo: lada Lhe resistirá

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FotoseFocos: Como é bela a inocência!

Crianças visitam o Centro Social São José, dos Arautos do Evangelho em Maputo, para a comemoração do dia das crianças.

Crianças veneram a imagem da Virgem de Fátima:Arautos_do_Evangelho

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Louva, Sião, a teu Deus!

Pe Wagner Morato, EP

“Louva Sião, o Salvador, louva o guia e pastor com hinos e cânticos… seja o louvor pleno, retumbante, que ele seja alegre e cheio do brilhante júbilo da alma…” Este apelo do grande teólogo, São Tomás de Aquino, à Igreja, para que louve a Jesus Sacramentado, foi acolhido também em nossos dias, por centenas de fiéis que percorreram as principais vias da cidade de Maputo rumo a Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Conceição. O clero local compareceu em grande número, sacerdotes diocesanos e de diversas instiuições religiosas dos mais variados e ricos carismas, para concelebrar com seu pastor, o senhor arcebispo Dom Francisco Chimoio o qual presidiu a procissão do Corpo de Deus e a Solene Celebração Eucarística neste domingo, 10/06.

Adoração ao Santíssimo Sacramento

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Inúmeros foram os cânticos em louvor ao Santíssimo Sacramento que emolduraram a piedosa manifestação da fé católica em Moçambique. Os Arautos do Evangelho em África, leigos consagrados e aspirantes, deram seu contributo com sua orquestra animando os louvores a Jesus Nosso Senhor. Dom Francisco proferiu a solene bênção ao longo do percurso e também no recinto sagrado como um favor especial de graças a todo o povo.

* * *

Arautos do Evangelho

Por que celebramos o dia solene que nos recorda a instituição da Santíssima Eucaristia? Para rememorar a Última Ceia celebrada, naquela noite em que o Senhor deu o seu Corpo aos seus discípulos e para fortificar a nossa fraqueza com a sua própria carne e, suavizar assim, a tristeza do exílio em que vivemos nesta terra após o pecado de nossos primeiros pais. Também para se tornar um penhor de vida eterna para quantas almas a Ele recorrem, o “Bom Pastor”, o pão verdadeiro. Jesus Sacramentado, de nós tende piedade! Sustentai-nos, defendei-nos, fazei-nos na terra dos vivos contemplar o Bem Supremo e admití-nos no céu, à vossa mesa como co-herdeiros na companhia dos que habitam a Cidade Santa!

Arautos_do_Evangelho_procissão_de_Corpus_Christi

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Ladainha a Santo Antônio: O milagroso!

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
R/. Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
R/. Jesus Cristo, atendei-nos.

Captura de tela 2012-06-09 às 20.42.16Pai do Céu que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus,
Santíssima Trindade, que sois um só Deus,

Santo Antônio de Lisboa, rogai por nós.
Santo Antônio, advogado dos aflitos,
Santo Antônio, discípulo amado de São Francisco,
Santo Antônio, que fizestes extraordinários milagres,
Santo Antônio, que falastes aos peixes,
Santo Antônio, modelo de pureza,
Santo Antônio, modelo de austeridade,
Santo Antônio, dotado de sabedoria,
Santo Antônio, exemplo de caridade,
Santo Antônio, cheio de amor divino,
Santo Antônio, padrão de virtudes,
Santo Antônio, paciente,
Santo Antônio, bondoso,
Santo Antônio, humilde,
Santo Antônio, desprendido dos bens terrenos,
Santo Antônio, que tivestes nos braços o Menino Jesus,
Santo Antônio, amigo dos aflitos,
Santo Antônio, amigo dos necessitados,
Santo Antônio, amigo dos que invocam o vosso auxílio,

Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo,
R./ perdoai-nos, Senhor. 
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo,
R./ atendei-nos, Senhor. 
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo,
R./ tende piedade de nós.

Oremos. Senhor, humildemente Vos suplicamos o perdão dos nossos pecados, e auxílio em todas as nossas necessidades espirituais e materiais.
Pelos méritos e intercessão do nosso glorioso servo, Santo Antônio, possamos nós encontrar, junto do vosso trono de justiça, abrigo e aceitação. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

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Como nasceu a festa de Corpus Christi

Corria o ano de 1264. O Papa Urbano IV mandara convocar uma seleta assembleia que reunia os mais famosos mestres de Teologia daquele tempo. Entre eles encontravam-se dois varões conhecidos não só pelo brilho da inteligência e pureza da doutrina, mas, sobretudo, pela heroicidade de suas virtudes: São Tomás de Aquino e São Boaventura.

Captura de tela 2012-06-08 às 12.13.22
Maria e Jesus caminham juntos. Através d’Ela
queremos permanecer em diálogo com o 
Senhor, aprendendo deste modo a 
recebê-Lo melhor.

(Bento XVI, homilia de 11/9/2006)

A razão da convocatória relacionava- se com uma recente bula Pontifícia instituindo uma festa anual em honra do Santíssimo Corpo de Cristo. Para o máximo esplendor desta comemoração, desejava Urbano IV que fosse composto um Ofício, bem como o próprio da Missa a ser cantada naquela solenidade. Assim, solicitou de cada um daqueles doutos personagens uma composição a ser-lhe apresentada dentro de alguns dias, a fim de ser escolhida a melhor.

Célebre tornou-se o episódio ocorrido durante a sessão. O primeiro a expor foi Frei Tomás. Serena e calmamente, desenrolou um pergaminho e os circunstantes ouviram a declamação pausada da Sequência por ele composta:

Lauda Sion Salvatorem, lauda ducem et pastorem in hymnis et canticis(Louva, Sião, o Salvador, o teu guia, o teu pastor com hinos e cânticos) … Maravilhamento geral.

Frei Tomás concluiu: …tuos ibi commensales, cohæredes et sodales, fac sanctorum civium (admiti-nos no Céu, à Vossa mesa, e fazei-nos coherdeiros na companhia dos que habitam a Cidade Santa).

Frei Boaventura, digno filho do Poverello, rasgou sem vacilações sua composição, e os demais o imitaram, rendendo tributo ao gênio e à piedade do Aquinate. A posteridade não conheceu as demais obras, sem dúvida sublimes também, mas imortalizou o gesto de seus autores, verdadeiro monumento de humildade e despretensão.

Origem da festa de “Corpus Christi”

Vários motivos haviam conduzido a Sé Apostólica a dar esse novo impulso à piedade eucarística, estendendo a toda a Igreja uma devoção que já se praticava em certas regiões da Bélgica, Alemanha e Polônia. O primeiro deles remonta à época em que Urbano IV, então membro do clero de Liège, na Bélgica, analisou de perto o conteúdo das revelações com as quais o Senhor Se dignara favorecer uma jovem religiosa do mosteiro agostiniano de Mont Cornillon, próximo a essa cidade.

Em 1208, quando contava apenas 16 anos, Juliana fora objeto de uma singular visão: um refulgente disco branco, semelhante à lua cheia, tendo um dos seus lados obscurecido por uma mancha. Após alguns anos de intensa oração, fora-lhe revelado o significado daquela luminosa “lua incompleta”: ela simbolizava a Liturgia da Igreja, à qual faltava uma solenidade em louvor ao Santíssimo Sacramento. Santa Juliana de Mont Cornillon fora por Deus escolhida para comunicar ao mundo esse desejo celeste.

Mais de vinte anos se passaram até que a piedosa monja, dominando a repugnância proveniente de sua profunda humildade, se decidisse a cumprir sua missão, relatando a mensagem que recebera. A pedido seu, foram consultados vários teólogos, entre o quais o padre Jacques Pantaléon – futuro Bispo de Verdun e Patriarca de Jerusalém -, e este mostrou- se entusiasta das revelações de Juliana.

Transcorridas algumas décadas, e já após a morte da santa vidente, quis a Divina Providência que ele fosse elevado ao Sólio Pontifício, em 1261, tomando o nome de Urbano IV.

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Que seria a Igreja sem a Eucaristia? Seria um 
museu dotado de coisas antigas e preciosas,
mas sem vida. (…) Por isso Jesus Cristo na 
Eucaristia  é o coração da Igreja. (…) 
(D. Antonio Augusto dos Santos
Marto, Bispo Leiria-Fátima)

Encontrava-se esse Papa em Orvieto, no verão de 1264, quando chegou a notícia de que, a pouca distância dali, na cidade de Bolsena, durante uma Missa na Igreja de Santa Cristina, o celebrante – que passava por provações quanto à presença real de Cristo na Eucaristia – vira transformar- se em suas próprias mãos a Sagrada Hóstia em um pedaço de carne, que derramava abundante sangue sobre os corporais.

A notícia do milagre espalhou-se rapidamente pela região. Informado de todos os detalhes, o Papa mandou trazer as relíquias para Orvieto, com a reverência e a solenidade devidas. E ele mesmo, acompanhado de numerosos Cardeais e Bispos, saiu ao encontro da procissão formada para conduzi-las à catedral.

Pouco depois, em 11 de agosto do mesmo ano, Urbano IV emitia a bulaTransiturus de hoc mundo, pela qual determinava a solene celebração da festa de Corpus Christi em toda a Igreja. Uma afirmação contida no texto do documento deixava entrever ainda um terceiro motivo que contribuíra para a promulgação da mencionada festa no calendário litúrgico: “Ainda que renovemos todos os dias na Missa a memória da instituição desse Sacramento, estimamos todavia, conveniente que seja celebrada mais solenemente pelo menos uma vez ao ano para confundir particularmente os hereges; pois, na Quinta-Feira Santa a Igreja ocupa-se com a reconciliação dos penitentes, a consagração do santo crisma, o lava-pés e muitas outras funções que lhe impedem de voltar-se plenamente à veneração desse mistério”.

Assim, a solenidade do Santíssimo Corpo de Cristo nascia também para contrarrestar a perniciosa influência de certas ideias heréticas que se alastravam entre o povo, em detrimento da verdadeira Fé.

Já no século XI, Berengário de Tours se opusera abertamente ao Mistério do Altar, negando a transubstanciação e a presença real de Jesus Cristo em Corpo, Sangue, Alma e Divindade nas sagradas espécies. Segundo ele, a Eucaristia não passava de um pão bento, dotado de um simbolismo especial. E em inícios do século XII, o heresiarca Tanquelmo espalhara seus erros em Flandres, principalmente na cidade de Antuérpia, afirmando que os Sacramentos, e sobretudo, a Santíssima Eucaristia, não possuíam valor algum.

Embora todas essas falsas doutrinas já estivessem condenadas pela Igreja, algo de seus ecos nefandos ainda se faziam sentir pela Europa cristã. Assim, Urbano IV não julgou supérfluo censurá-las publicamente, de modo a tirar-lhes todo prestígio e penetração.

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A Eucaristia passa a ser o centro da vida cristã

A partir desse momento, a devoção eucarística desabrochou com maior vigor entre os fiéis: os hinos e antífonas compostos por São Tomás de Aquino para a ocasião – entre os quais o Lauda Sion, verdadeiro compêndio da teologia do Santíssimo Sacramento, chamado por alguns o credo da Eucaristia – passaram a ocupar lugar de destaque dentro do tesouro litúrgico da Igreja.

No transcurso dos séculos, sob o sopro do Espírito Santo, a piedade popular e a sabedoria do Magistério infalível aliaram-se na constituição dos costumes, usos, privilégios e honras que hoje acompanham o Serviço do Altar, formando uma rica tradição eucarística.

Ainda no século XIII, surgiram as grandes procissões conduzindo o Santíssimo Sacramento pelas ruas, primeiro dentro de uma âmbula coberta, e mais tarde exposto no ostensório. Também neste ponto o fervor e o senso artístico das várias nações esmeraram-se na elaboração de custódias que rivalizavam em beleza e esplendor, na confecção de ornamentos apropriados e na colocação de imensos tapetes florais ao longo do caminho a ser percorrido pelo cortejo.

Os Papas Martinho V (1417-1431) e Eugênio IV (1431-1447) concederam generosas indulgências a quem participasse das procissões. Mais tarde, o Concílio de Trento – no seu Decreto sobre a Eucaristia, de 1551 – sublinharia o valor dessas demonstrações de Fé: “O santo Sínodo declara que é piedoso e religioso o costume, introduzido na Igreja de Deus, de celebrar todos os anos com singular veneração e solenidade, em dia festivo e peculiar, este excelso e venerável Sacramento, levando-O em procissões por vias e locais públicos com reverência e honra”.1

O amor eucarístico do povo fiel não se restringiu, porém, a manifestações externas; pelo contrário, elas eram a expressão de um sentimento profundo posto pelo Espírito Santo nas almas, no sentido de valorizar o precioso dom da presença sacramental de Jesus entre os homens, conforme Suas próprias palavras: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20). O mistério de amor de um Deus que não só Se fez semelhante a nós para resgatar-nos da morte do pecado, mas quis, num extremo de ternura, permanecer entre os Seus, ouvindo seus pedidos e fortalecendo- os em suas tribulações, passou a ser o centro da vida cristã, o alimento dos fortes, a paixão dos santos.

Corpo de Deus - Procissao em Lisboa_1.jpg
«Ao levar a Eucaristia pelas ruas e as praças, 
queremos submergir o Pão descido do céu no 
cotidiano de nossa vida; queremos que 
Jesus caminhe onde nós caminhamos, 
que viva onde vivemos» 
(Papa Bento XVI – Angelus 18-6-2006)

São Pedro Julião Eymard, ardoroso devoto e apóstolo da Eucaristia, exprimiu em termos cheios de unção esta celestial “loucura” do Salvador ao permanecer como Sacramento de vida para nós:

“Compreende-se que o Filho de Deus, levado por Seu amor ao homem, tenha-Se feito homem como ele, pois era natural que o Criador tivesse interesse na reparação da obra saída de Suas mãos. Que, por um excesso de amor, o Homem-Deus morresse sobre a Cruz, compreende-se também. Mas o que já não se compreende, aquilo que espanta os débeis na Fé e escandaliza os incrédulos, é que Jesus Cristo glorioso e triunfante, depois de ter terminado Sua missão na terra, queira ainda permanecer conosco, num estado mais humilhante e aniquilado do que em Belém e no Calvário”.2

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“Desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa”

A Eucaristia é o maior e o mais sublime de todos os Sacramentos. Embora o Batismo, sob certo ponto de vista, mereça o primeiro lugar por nos introduzir na vida divina, tornando- nos filhos de Deus e participantes de Sua natureza, a Eucaristia supera- o quanto à substância, pois tratase do verdadeiro Corpo, Sangue Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O próprio momento e as circunstâncias solenes em que foi instituído indicam sua importância e a veneração que Cristo queria infundir nas almas de seus discípulos por este admirável Sacramento. Para isto reservou Ele as últimas horas que Lhe restavam de convívio com os Apóstolos antes de caminhar para a morte, pois “as últimas ações e palavras que fazem e dizem os amigos no momento de se separar, gravam- se mais profundamente na memória e imprimem-se mais fortemente na alma”.3

Naqueles instantes – poder-se-ia afirmar – Seu adorável Coração pulsava com santa pressa de realizar, no tempo, aquilo que desde toda a eternidade contemplara em Sua ciência divina. Suas palavras “desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer” (Lc 22, 15), deixam transparecer claramente os inefáveis anseios de amor do Deus Encarnado por todos os homens, a “multidão de irmãos” (Rm 8, 29), pelos quais iria oferecer-Se naquela mesma noite.

O desejo do Divino Mestre era de que o mistério de Seu Corpo e Sangue se perpetuasse pelos séculos futuros: “Fazei isto em memória de Mim” (Lc 22, 19). Entretanto, devemos considerar que já bem antes da Encarnação havia a Divina Providência multiplicado os símbolos e as figuras que permitiriam aos homens melhor compreender e amar este Sacramento.

A este respeito, diz São Tomás de Aquino: “Este Sacramento é especialmente um memorial da Paixão de Cristo; e convinha que a Paixão de Cristo, pela qual Ele nos redimiu, fosse préfigurada para que a Fé dos antigos se encaminhasse ao Redentor”.4

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Melquisedec: símbolo e prenúncio do Supremo Sacerdote

Um dos sinais mais remotos da Eucaristia aparece no capítulo 14 do Gênesis, naquele personagem fascinante e misterioso que saiu ao encontro de Abraão quando este voltava de sua vitória contra os reis, e o abençoou, oferecendo pão e vinho. Melquisedec, “rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14, 18), reunia em si as glórias da realeza, a santidade sacerdotal e o carisma profético.

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A Eucaristia é o mais alto ícone da Beleza de 
Deus revelada em Cristo,  porque é a 
presença real do “mais belo entre 
os filhos dos homens”,  a 
verdadeira beleza em pessoa. 
(D. Antonio Augusto dos
Santos Marto, Bispo Leiria-Fátima)

Ele é bem o símbolo dAquele que mais tarde proclamaria diante de Pilatos: “Eu sou Rei” (Jo 18, 37) e a propósito do qual todos comentavam: “um grande profeta surgiu entre nós” (Lc 7, 16). Mas naquilo em que Melquisedec mostrou-se mais plenamente imagem de Cristo, foi na posse de um sacerdócio superior ao de Aarão, como está escrito na Carta aos Hebreus: “Se a perfeição tivesse sido realizada pelo sacerdócio levítico, […] que necessidade havia ainda de que surgisse outro sacerdote segundo a ordem de Melquisedec, e não segundo a ordem de Aarão? Isto se torna ainda mais evidente se se tem em conta que este outro sacerdote, que surge à semelhança de Melquisedec, foi constituído não por prescrição de uma lei humana, mas pela sua imortalidade. Porque está escrito: ‘Tu és sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedec'” (Hb 7, 11. 15-17).

Jesus Cristo, porém, ao descer à terra, não mais oferece pão e vinho, como outrora Melquisedec, mas sim a oblação pura de Seu Corpo e Sangue: “Não Vos comprazeis em nenhum sacrifício, em nenhuma oferenda, mas formastes-Me um corpo: não desejais holocausto nem vítima de expiação. Então Eu disse: ‘Eis que venho'” (Sl 39, 7-8). Assim Ele levou à plenitude aquilo que Melquisedec apenas prenunciara.

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O Cordeiro entregue à morte pelos pecados do povo

No Livro do Êxodo abundam as figuras que nos aproximam da Eucaristia. Encontramo-las, sobretudo, na ceia pascal, prescrita em suas minúcias pelo próprio Deus a Moisés, na qual deveriam os israelitas imolar um cordeiro sem defeito e comê-lo com pães ázimos ao cair da tarde.

A este respeito, ensina o Doutor Angélico: “Neste Sacramento podemos considerar três aspectos: o que é o sinal sacramental, ou seja, o pão e o vinho; o que é realidade e sinal sacramental, ou seja, o verdadeiro Corpo de Cristo; e o que é só realidade, a saber, o efeito deste Sacramento. […] O cordeiro pascal prefigurava este Sacramento sob os três aspectos. Quanto ao primeiro, porque era comido com pães ázimos, conforme a prescrição: ‘Comerão a carne com pães sem fermento’. Quanto ao segundo, porque era imolado no décimo quarto dia do mês por toda a multidão dos filhos de Israel: nisto era figura da Paixão de Cristo que por Sua inocência é chamado de cordeiro. Quanto ao efeito, porque pelo sangue do cordeiro pascal os filhos de Israel foram protegidos do anjo devastador e libertos da escravidão do Egito“.5

O pão sem fermento, com o qual deviam os judeus comer a carne do cordeiro, representava também a integridade do Corpo de Cristo, concebido no seio puríssimo de Maria, sem mancha alguma de pecado, e que, após a morte, não experimentou a corrupção do sepulcro, como anunciara Davi: “Não permitireis que Vosso Santo conheça a corrupção” (Sl 15, 10).

Por isso o Salvador escolheu a noite da Páscoa, principal das festas judaicas, para deixar à humanidade Seu legado de amor, dando a entender que Ele mesmo é o Cordeiro imaculado, entregue à morte para tirar os pecados do mundo, por cujo sangue seria afastada a sentença de condenação que sobre nós pesava desde a queda de Adão e Eva.

Aquela oferenda que os israelitas, reunidos em Jerusalém, imolavam sob as sombras de uma figura profética, o Senhor, rodeado de um punhado de discípulos, levava à perfeição, no exíguo ambiente do Cenáculo. Entretanto, aquilo que as circunstâncias obrigavam Jesus a realizar na escuridão, os Apóstolos deveriam, no momento propício, dizer às claras e publicar de cima dos telhados (cf. Mt 10, 27), de maneira que o Sacrifício da Nova Aliança substituísse definitivamente os antigos sacrifícios e fosse celebrado diariamente sobre todos os altares da terra. Cumprir-se-ia assim a palavra do Espírito Santo pronunciada pela boca de Malaquias: “Do nascente ao poente, Meu nome é grande entre as nações e em todo lugar se oferecem ao Meu nome o incenso, sacrifícios e oblações puras” (Ml 1, 11).

A respeito desta passagem profética, assim comenta Alastruey: “Estes, são, pois, os caracteres do novo culto vaticinados por Malaquias: universalidade absoluta de tempos e lugares; pureza objetiva da vítima em si, incapaz de ser manchada por indignidade alguma do ofertante; excelência insigne, da qual resultará uma grande glorificação de Deus entre os povos”.6

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Alimento que reparava as forças e dava vigor

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Quem come minha Carne e bebe
meu  Sangue tem a vida eterna” 
(Jo 6, 54).

Outra imagem de grande eloquência é a do maná, ao qual o próprio Jesus faz alusão no sermão sobre o Pão da Vida, referido no capítulo sexto de São João. Este alimento branco e miúdo como a geada (cf. Ex 16, 14), contendo em si todos os sabores (cf. Sb 16, 20), que nutriu o povo eleito durante a longa viagem pelo deserto, é símbolo também do Pão do Céu, penhor da ressurreição futura, que alimenta todo cristão, dando-lhe as graças e a fortaleza necessárias para atravessar o deserto desta vida e chegar à Terra Prometida, ou seja, à Pátria Celeste.

“O maná – comenta ainda São Pedro Julião Eymard – que Deus fazia cair cada manhã sobre o acampamento dos israelitas, continha todos os gostos e propriedades; reparava as forças decaídas, dava vigor ao corpo e era um pão muito suave. Também a Eucaristia, prefigurada no maná, contém todo gênero de virtudes; é remédio contra nossas enfermidades, força contra nossas fraquezas cotidianas, fonte de paz, de gozo e felicidade“.7

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A mesa revestida de ouro

Encontramos por fim, ainda no Êxodo, mais uma prefigura desse divino Sacramento, na ordem dada por Deus a Moisés para fazer uma mesa de madeira revestida de ouro puro, onde seriam colocados permanentemente diante do Senhor os pães sagrados ou pães da proposição.

Aqueles pães, “porção santíssima” (Lv 24, 9) que só aos sacerdotes era permitido comer, exigiam a pureza ritual dos corpos (cf. I Sm 21, 4-5) e deviam ser consumidos “em lugar santo” (Lv 24, 9). De nós, se queremos nos aproximar da mesa da Eucaristia, exige-se uma purificação muito superior àquela prescrita pela Lei mosaica: nossa alma – animada por uma reta intenção e com o firme propósito de enveredar pelas vias da perfeição – deve estar livre de pecado mortal. De outro modo, esse inefável Sacramento será para nós causa de condenação: “Todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. Cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação” (I Cor 11, 27-29).

Por outro lado, se os pães da proposição estavam reservados exclusivamente a Aarão e seus descendentes, Nosso Senhor Jesus Cristo, o verdadeiro Pão da proposição, oferece- Se em alimento a todos os fiéis, sem exceção, dando aos homens um privilégio do qual aos Anjos, por sua natureza, não é dado gozar. “Coisa admirável! Os pobres, os servos e os humildes comem o seu próprio Senhor” – canta-se no hino Sacris Solemnis, também composto por São Tomás de Aquino para a festa do Corpus.

A mesa de ouro sobre a qual se achavam os pães encerra outro simbolismo muito elevado: ela prefigura a Mãe de Deus, em cujo seio foi formado o Corpo de Jesus. Assim comenta o padre Jourdain: “Maria é a mesa mística magnificamente ornada e feita de madeira incorruptível, que Deus preparou para os que se comprazem na meditação das coisas divinas. Ela é a mesa santa e sagrada, portando o Pão da Vida, Jesus Cristo Nosso Senhor, o sustentáculo do mundo“.8

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A Eucaristia é a saúde da alma e do corpo, remédio
de toda enfermidade espiritual,  cura os vícios, 
reprime as paixões, vence ou enfraquece as 
tentações, comunica maior graça, confirma 
a virtude nascente, confirma a fé, 
fortalece a esperança, inflama 
e dilata a caridade. 
(Imitação de Cristo, Tomás de Kempis):

Muitos outros indícios do Sacramento da Eucaristia no Antigo Testamento poderiam ser mencionados: Abraão oferecendo seu filho Isaac em sacrifício (cf. Gn 22, 1-13); o pão cozido sob cinza, pelo qual Elias recobrou as forças para andar quarenta dias e quarenta noites até chegar ao Horeb, Monte de Deus (cf. I Rs 19, 5-8); a multiplicação dos pães operada pelo profeta Eliseu para alimentar cem pessoas (cf. II Rs 4, 42-44); etc.

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Preparação próxima para a revelação da Eucaristia

Já no Novo Testamento encontramos três sinais insignes pelos quais o Salvador preparou as almas para o grande mistério cuja manifestação reservara para a véspera de Sua Paixão.

Primeiro, a transmutação da água em vinho, nas bodas de Caná da Galileia, cujo efeito nos é relatado por São João: “manifestou a Sua glória, e os Seus discípulos creram nEle” (Jo 2, 11). Mais tarde, a multiplicação dos pães, pela qual Jesus saciou mais de cinco mil pessoas que O haviam seguido até o deserto (cf. Mt 14, 15- 21). A este segundo milagre sucedeuse outro, poucas horas depois: estando os discípulos na barca, em meio ao mar agitado, viram Jesus aproximar-Se deles caminhando sobre as águas (cf. Mt 14, 24-33). Através desses prodígios, o Divino Mestre quis demonstrar o poder absoluto que possuía sobre o vinho e o pão, bem como sobre o Seu próprio Corpo.

Tão belos exemplos nos mostram como o Criador, enquanto divino Pedagogo, foi passo a passo preparando as mentalidades para a revelação do Sacramento da Eucaristia, eterno testemunho de Seu amor e de Seu desejo de permanecer entre nós.

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Ajoelhemo-nos diante do Tabernáculo!

Quais devem ser nossa atitude e nossos sentimentos de alma ao considerarmos o extremo de bondade de Deus feito Homem que, tendo-Se encarnado, não abandonou a criatura resgatada por Seu Sangue, mas mantém- Se presente, assistindo e amparando todos os que dEle queiram se aproximar?

Ajoelhemo-nos diante do Tabernáculo ou, melhor ainda, diante do Ostensório, entreguemos a Jesus Sacramentado todo o nosso ser – nosso corpo com todos os seus membros e órgãos, nossa alma, com suas potências, suas qualidades e até as próprias misérias – e ofereçamos a Deus Pai o divino Sangue de Seu Filho, derramado na Cruz em reparação de nossas faltas.

De modo análogo aos raios do sol que, incidindo sobre o rosto, deixamno corado e moreno, assim também, diante do Santíssimo Sacramento nossa alma recebe uma renovada infusão de graças, convidando-nos ao abandono total nas mãos de Jesus, por meio de Maria. Assim, nossas almas irão se transformando rumo à santidade para a qual Deus nos chama.

E se em algum momento, as dificuldades da vida nos fizerem sentir desânimo ou aridez, lembremonos destas tocantes palavras do padre Faber:

“Muitas vezes, quando o homem é tomado de desespero e assaltado por questões, dúvidas, desânimos e incertezas, em considerar a sua vida, e se sente cercado de inimigos, que lhe uivam ao redor, como feras furiosas, então um impulso, que é uma graça, o leva a ajoelhar-se ante o Santíssimo Sacramento e, sem que faça qualquer esforço, eis que todos aqueles clamores se afundam no silêncio. O Senhor está com ele: as vagas se aquietaram, a tempestade abateu-se e diretamente, sem embaraço, a viagem vai terminar no ponto procurado. Não foi necessário mais que olhar para a face de Jesus, e as nuvens se dissiparam e a luz se fez. O esplendor do Tabernáculo reaparece como o sol“.9 ²

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O “Lauda Sion”

Monsenhor João Clá Dias, EP

A sequência da Missa de Corpus Christi é constituída por um belíssimo hino gregoriano, intitulado Lauda Sion. Belíssimo por sua variada e suave melodia, e muito mais pela letra, ele canta a excelsitude do dom de Deus para conosco e a presença real de Jesus, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, no pão e no vinho consagrado.

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“A devoção à Eucaristia é a mais nobre de todas
as devoções, porque tem o próprio Deus por
objeto; é a mais salutar porque nos dá o próprio
autor da graça; é a mais suave, pois suave é 
o Senhor”. (S. Pio X)

A própria origem desse cântico é envolta no maravilhoso tipicamente medieval.

Urbano IV encontrava-se em Orvieto, quando decidiu estabelecer a comemoração de Corpus Christi. Estavam coincidentemente naquela cidade dois dos mais renomados teólogos de todos os tempos, São Boaventura e São Tomás de Aquino. O Papa os convocou, assim como a outros teólogos, encomendando-lhes um hino para a sequência da Missa dessa festa.

Conta-se que, terminada tarefa, apresentaram-se todos diante do Papa e cada um devia ter sua composição.

O primeiro a fazê-lo foi São Tomás de Aquino, que apresentou então os versos do Lauda Sion.

São Boaventura, ato contínuo àquela leitura, queimou seu próprio pergaminho, não sem causar espanto em São Tomás que perguntou “por que”? O santo franciscano, com toda a humildade, explicou-lhe que sua consciência não o deixaria em paz se ele causasse qualquer empecilho, por mínimo que fosse, à rápida difusão de tão magnífica Sequência escrita pelo dominicano.

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Síntese teológica, em forma de poesia

Aquilo que São Tomás ensinou em seus tratados de Teologia a respeito da Sagrada Eucaristia, ele o expôs magistralmente em forma de poesia no Lauda Sion.

Trata-se de verdadeira pela de literatura, que brilha pela profundidade do conteúdo e pela beleza da forma, elevação da doutrina, acurada precisão teológica e intensidade do sentimento. O ritmo flui de modo suave, até mesmo nas estrofes mais didáticas. A melodia – cujo autor é desconhecido – combina belamente com o texto. A unção é inesgotável.

São Tomás se revela como filósofo e místico, como teólogo da mente e do coração, realizando sua própria exortação: “Seja o louvor pleno, retumbante, alegre e cheio do brilhante júbilo da alma“.

Repassemos alguns trechos desse célebre cântico.

***

LAUDA SION

Eucaristia - ostens?rio.jpg

1. Louva Sião, o Salvador, louva o guia e pastor com hinos e cânticos.
2. Tanto quanto possas, ouses tu louvá-lo, porque está acima de todo o louvor e nunca o louvarás condignamente.
3. É-nos hoje proposto um tema especial de louvor: o pão vivo que dá a vida.
4. É Ele que na mesa da sagrada ceia foi distribuído aos doze, como na verdade o cremos.
5. Seja o louvor pleno, retumbante, que ele seja alegre e cheio de brilhante júbilo da alma. 
6. Porque celebramos o dia solene que nos recorda a instituição deste banquete.
7. Na mesa do novo Rei, a páscoa da nova lei põe fim à páscoa antiga.
8. O rito novo rejeita o velho, a realidade dissipa as sombras como o dia dissipa a noite.
9. O que o Senhor fez na Ceia, nos mandou fazê-lo em memória sua.
10. E nós, instruídos por suas ordens sagradas, consagramos o pão e o vinho em hóstia de salvação.
11. É dogma de fé para os cristãos que o pão se converte na carne e o vinho no sangue do Salvador. 
12. O que não compreende nem vês, uma Fé vigorosa te assegura, elevando-te acima da ordem natural.
13. Debaixo de espécies diferentes, aparências e não realidades, ocultam-se realidades sublimes.
14. A carne é alimento e o sangue é bebida; todavia debaixo de cada uma das espécies Cristo está totalmente. 
15. E quem o recebe não o parte nem divide, mas recebe-o todo inteiro.
16. Quer o recebam mil, quer um só, todos recebem o mesmo, nem recebendo-o podem consumi-lo.
17. Recebem-no os bons e os maus igualmente, todos recebem o mesmo, porém com efeitos diversos: os bons para a vida e os maus para a morte.
18. Morte para os maus e vida para os bons: vede como são diferentes os efeitos que produz o mesmo alimento.
19. Quando a hóstia é dividida não vaciles, mas recorda que o Senhor encontra-se todo debaixo do fragmento, quanto na hóstia inteira.
20. Nenhuma divisão pode violar as substâncias: apenas os sinais do pão, que vês com os olhos da carne, foram divididos! Nem o estado, nem as dimensões do Corpo de Cristo são alteradas.
21. Eis o pão dos Anjos que se torna alimento dos peregrinos: verdadeiramente é o pão dos filhos de Deus que não deve ser lançado aos cães.
22. As figuras o simbolizam: é Isaac que se imola, o cordeiro que se destina à Páscoa, o maná dado a nossos pais.
23. Bom Pastor, pão verdadeiro, de nós tende piedade. Sustentai-nos, defendei-nos, fazei-nos na terra dos vivos contemplar o Bem supremo.
24. Ó Vós que tudo o sabeis e tudo o podeis, que nos alimentais nesta vida mortal, admiti-nos no Céu, à vossa mesa e fazei-nos co-herdeiros na companhia dos que habitam a cidade santa.

Amém. Aleluia.

***

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Louva Sião, o Salvador, louva o Guia e Pastor com hinos e cânticos

As palavras do subtítulo acima constituem o primeiro verso do Lauda Sion. É a expansão do coração de um santo, tomado pela graça mística de encanto pelo Santíssimo Sacramento, que pede a Sião, quer dizer, ao povo eleito do Novo Testamento, que passe a louvar o Salvador. Ele, o maior teólogo da história da Igreja – “o mais sábio dos santos, e o mais santo dos sábios” – era, tão fervoroso devoto de Jesus Eucarístico que, nas horas em que sentia dificuldade nos seus estudos, colocava a cabeça dentro de um sacrário à procura de ser iluminado pelo próprio Deus, e não a retirava enquanto não encontrasse a solução.

Desse primeiro verso até o final da quinta estrofe, São Tomás condensa todo o infinito louvor ao Santíssimo Sacramento do Altar.

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“A Santa Missa é o presente mais precioso e mais 
agradável que podemos oferecer à Santíssima 
Trindade;  vale mais que o céu e a terra; 
vale o próprio Deus” 
(São João Batista Vianney)

Ele continua a conclamar os fiéis a “louvar o guia e pastor com hinos e cânticos”. Mas, como louvar adequadamente esse santo sacramento? Como louvar de modo suficiente o próprio Deus? É o sacramento mais elevado e substancioso de todos, pois nele está presente o próprio Homem-Deus, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Não há palavras, não há gestos, não há nada a ser oferecido que esteja à altura d’Ele.

Por isso São Tomás quase geme ao dizer: “Tanto quanto possas, ouses tu louvá-Lo, porque está acima de todo o louvor e nunca O louvarás condignamente”.

E explica ser essa a tarefa que recebeu do Papa: “É-nos hoje proposto um tema especial de louvor, o pão vivo que dá a vida”.

É Ele que na mesa da sagrada ceia foi distribuído aos doze, como na verdade o cremos. Seja o louvor pleno, retumbante, que ele seja alegre e cheio de brilhante júbilo da alma”.

O santo se preocupa em incentivar em nossa alma um louvor, o mais perfeito de que sejamos capazes, para assim nos aproximarmos do Santíssimo Sacramento e adorar a Jesus, que ali se encontra por detrás do “véu” do pão e do vinho.

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Porque celebramos o dia solene que nos recorda a instituição deste banquete

A partir deste verso, até a décima estrofe, São Tomás passa a apontar a instituição da Eucaristia na festa litúrgica estabelecida pelo Papa.

“Na mesa do novo Rei, a páscoa da nova lei põe fim à páscoa antiga”. O rito da Igreja Católica Apostólica Romana encerrara o da Antiga Lei, que era uma prefigura dele. Por isso completa São Tomás:

“O rito novo rejeita o velho, a realidade dissipa as sombras como o dia dissipa a noite”.

Sim, uma vez tendo vindo ao mundo o simbolizado, não faz sentido celebrar o símbolo. O culto da Sinagoga no antigo Testamento era todo voltado para a espera do Salvador, e seus ritos simbolizavam-No. No novo rito, na celebração Eucarística, Nosso Senhor Jesus Cristo se imola Ele próprio. Ora, estando presente o simbolizado, para que o símbolo? Qual o sentido de imolar um cordeiro?O rito novo rejeita o velho …

“O que o Senhor fez na Ceia, nos mandou fazê-lo em memória sua”.

Aqui São Tomás recorda as palavras de Jesus na Ceia da Quinta-feira Santa: “Fazei isto em memória de mim”.

E nós, instruídos por suas ordens sagradas, consagramos o pão e o vinho em hóstia de salvação”.

São Tomás, sacerdote, podia dizer com toda a propriedade: “instruídos por suas ordens sagradas”. É uma referência ao Sacramento da Ordem, que da àquele que o recebe a grande glória de poder emprestar sua laringe e suas mãos ao Divino Mestre. Para que, sobre o altar, se opere um dos maiores milagres – e o mais freqüente deles – da História da humanidade: a transubstanciação. Quer dizer, a substância vinho cedem lugar à substância Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

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É dogma de Fé para os cristãos que o pão se converte na carne e o vinho no sangue do Salvador

A partir deste ponto, em dez estrofes, o autor dá em detalhe, numa maravilhosa síntese, a doutrina católica sobre o Sacramento do Altar. Ele continua:

O que não compreendes nem vês, uma Fé vigorosa te assegura, elevando-te acima da ordem natural”.Padre Alex.jpg

De fato, pela nossa inteligência, jamais chegaríamos a penetrar neste mistério tão sagrado. Nem sequer os demônios, que, embora decaídos, são de natureza angélica, e portanto superior à nossa, conseguem discernir nas aparências do pão e do vinho o Homem-Deus. Só mesmo a Fé nos faz penetrar neste mistério sagrado.

“Debaixo de espécies diferentes, aparência e não realidades, ocultam-se realidades sublimes”.

São Tomás volta a insistir na idéia de que os “véus” do vinho e do pão ocultam realidades divinas.

“A carne é alimento e o sangue é bebida; todavia debaixo de cada uma das espécies Cristo está totalmente”.

Esta é uma verdade de Fé, que a Teologia nos explica. Olhando para o vinho e para a hóstia consagrados, poderíamos ser levados a imaginar que a carne está só na eucaristia pão, e o sangue só na eucaristia vinho. Entretanto, a doutrina nos diz e a nossa Fé assimila que o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo encontram-se plenamente tanto na hóstia como no vinho consagrados.

“E quem o recebe não o parte nem divide, mas recebe-o todo inteiro.”

Outra das impressões equivocadas que podem transpassar uma alma é esta: ao ver o ministro dividindo uma hóstia, pensar que Nosso Senhor já não se encontra inteiro em cada uma das partículas. Não é verdade; Por um mistério sagrado, Nosso Senhor Jesus Cristo se encontra de modo integral em todas as frações que sejam visíveis.

Quer o recebam mil, quer um só, todos recebem o mesmo, nem recebendo-O podem consumi-Lo”

ADORA??O SANTISSIMO SACRAMENTO.jpg
Senhor meu Jesus Cristo, que, por amor aos 
homens, ficais dia e noite neste Sacramento, 
todo cheio de misericórdia e amor,  
esperando, chamando e acolhendo
todos os que vêm visitar-Vos,  eu
creio que estais presente 
no Sacramento do altar… 
(Santo Afonso de Ligório)

Outra verdade de Fé: se um milhão de pessoas comungarem ao mesmo tempo, como já aconteceu em algumas Missas presididas pelo Santo Padre em suas viagens pelo mundo, todos estarão recebendo um só e o mesmo Jesus, sem qualquer fracionamento de seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Todos O recebem no seu todo. E eis mais um mistério: ao receber Nosso Senhor Jesus Cristo, não podemos consumi-Lo, pois, quando se desfazem as espécies sagradas em nosso organismo, Ele deixa o nosso corpo sem tocá-lo, santificando nossa alma e dando-nos vigor até na saúde.

“Recebem-No os bons e os maus igualmente, todos recebem o mesmo, porém com efeitos diversos: os bons para a vida e os maus para a morte. Morte para os maus e vida para os bons: vede como são diferentes os efeitos que produz o mesmo alimento”

Quem comunga em estado de graça, recebe um influxo de vida e de força espiritual e até corporal. Entretanto, ai daqueles que se aproximam desse Sacramento em estado de pecado mortal” O odor da morte se assenhoreia ainda mais da alma, e do próprio organismo. Quanto cuidado devemos tomar para não nos aproximarmos da Eucaristia sem estarmos inteiramente preparados. Procuremos antes o confessionário, que se encontra à nossa disposição, e saibamos ajoelhar-nos com humildade e pedir perdão de nossas faltas.

Quando a hóstia é dividida, não vaciles, mas recorda que o Senhor encontra-se todo debaixo do fragmento, quando no hóstia inteira. Nenhuma divisão pode violar a substância: apenas os sinais do pão, que vês com os olhos da carne, foram divididos! Nem o estado, nem as dimensões do Corpo de Cristo são alterados”.

São Tomás retorna aqui o que já ensinara mais acima, para solidificar nas almas a doutrina católica a respeito da Eucaristia.

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“Eis o pão dos Anjos que se torna alimento dos peregrinos”

O santo recorda nestas frases que o Sacramento do Altar é a realização de antigos signos: “Verdadeiramente é o pão dos filhos de Deus que não deve ser lançado aos cães. As figuras o simbolizam, é Isaac que se imola, o cordeiro que se destina à Páscoa, o maná dado a nossos pais”.

As últimas estrofes louvam o Bom Pastor que nos alimenta e guarda e nos faz futuramente participantes do Banquete Celestial. Nesse trecho final, letra e melodia se unem numa suprema beleza, de irresistível doçura:

“Bom Pastor, pão verdadeiro, Jesus,, de nós tende piedade. Sustentai-nos, defendei-nos, fazei-nos na terra dos vivos contemplar o Bem supremo.

“Ó Vós que tudo sabeis e tudo podeis, que nos alimentais nesta vida mortal, admiti-nos no Céu, à vossa mesa e fazei-nos co-herdeiros na companhia dos que habitam a cidade santa. Amém. Aleluia”.

(Revista Arautos do Evangelho, Junho/2002, n. 06, p. 6 à 10 e Junho/2009, n. 90, p. 24 à 31

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Conselho de São João Bosco aos educadores

1-Escola Primária

Há pouco comemorou-se em Moçambique o Dia da Criança, muitas instiuições de ensino se movimentaram no dia 1º de junho, a fim de promover neste feriado um momento de alegria e descanso aos pequeninos que se empenharam em estudar as disciplinas curriculares ao longo deste ano.

Entre as várias atividades, destacamos algumas apresentações musicais ocorridas em alguns recintos de ensino infantil e juvenil em Maputo, por parte dos Arautos do Evangelho que atuam em África, entre eles: Escola Primária “1º de Maio”, Escola Primária Completa do Jardim e Creche “Raio de Sol”; este último estabelecimento teve sua festividade na mesma semana e contou com a presença das Irmãs Salesianas.

2-Escola Completa

Bem sugestivo para esta ocasião, em que mestres e alunos tiveram uma pausa nos estudos, é o conselho de um grande educador e fundador da grande família salesiana, São João Bosco, a seguir:

*          *          *

“Se queremos o verdadeiro bem de nossos alunos e levá-los ao cumprimento de seus deveres, é indispensável jamais vos esquecerdes de que representais os pais desta querida juventude. Ela foi sempre o terno objeto dos meus trabalhos, dos meus estudos e do meu ministério sacerdotal.

Quantas vezes, meus filhos, no decurso de toda a minha vida, tive de me convencer desta grande verdade! É mais fácil encolerizar-se do que ter paciência, é mais fácil ameaçar uma criança do que persuadi-la. Direi até que é mais cômodo, para nossa impaciência e nossa soberba, é mais cômodo castigar os que resistem do que corrigi-los, suportando-os com firmeza e suavidade.

Consideremos como sendo nossos filhos aqueles sobre os quais exercemos certo poder. Ponhamo-nos a seu serviço, assim como Jesus, que veio para obedecer e não para dar ordens. Envergonhemo-nos de tudo o que nos possa dar aparência de dominadores; e se algum domínio exercemos sobre eles, é para melhor os servirmos.

8-Escola Completa

É assim como Jesus procedia com seus apóstolos. Tolerava-os na sua ignorância e rudeza, e até mesmo na sua pouca fidelidade. A afeição e a familiaridade com que tratava os pecadores eram tais que em alguns causava espanto, em outros causava escândalo, mas em muitos infundia a esperança de receber o perdão de Deus. Por isso nos ordenou que aprendêssemos d’Ele a ser mansos e humildes de coração!”

Escola Primária


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Focos e fotos: Sempre Natal!

A Casa dos Arautos do Evangelho em Maputo, no bairro do Nkobe, tem um Presépio permanente, que faz a alegria de todos os que lá comparecem. Na foto podemos ver jovens, após uma apresentação do belo espetáculo de fé.

Arautos_Moçambique

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Na Solenidade da Ssma. Trindade 62 Primeiras Comunhões

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No  último dia 3 de junho,  no período matinal, decorria na Comunidade  Beato  José Alamano pertencente a Paróquia da Sagrada Família, no bairro da Machava em Maputo, a solene Celebração  Eucarística, em honra da  Santíssima Trindade.

Nessa celebração reinava um clima de intensa piedade que se somava ao momento ímpar da vida de 62 crianças que iriam receber a sua Primeira Comunhão!

O reverendo Pe. Wagner Morato, EP presidiu a celebração e endereçou edificantes palavras à assembleia, em especial aos neo-comungantes ressaltando a importância do Sacramento da Eucaristia em nossa  vida, um dos maiores tesouros que podemos encontrar na face da terra!

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O coração que tanto amou os homens!

Ah! Se as almas soubessem como as espero cheio de misericórdia! Sou o Amor dos amores! E não posso descansar senão perdoando!

Estou sempre esperando com amor que as almas venham a Mim! Venham!… Atirem-se nos meus Braços! Não tenham medo! Conheço o fundo das almas, suas paixões, sua atração pelo mundo e pelos prazeres. Sei, desde toda a eternidade, quantas almas me hão de encher o Coração de amargura e que, para grande número, meus sofrimentos e meu sangue serão inúteis! Mas, como as amei, assim as amo…

Sagrado Coraçao de Jesus

Não é o pecado que mais fere meu Coração… O que O despedaça é não quererem as almas refugiar-se em Mim depois de o terem cometido. Sim, desejo perdoar e quero que minhas almas escolhidas dêem a conhecer ao mundo como meu Coração, transbordando de amor e de misericórdia, espera os pecadores.

Queria também mostrar às almas que nunca lhes recuso a minha graça, nem mesmo quando estão carregadas dos mais graves pecados, e que não as separo então daquelas que amo com predileção. Guardo-as todas no meu Coração, para dar a cada uma os socorros que o seu estado reclama. Queria dar-lhes a compreender que não é pelo fato de estarem em pecado mortal que devem afastar-se de Mim. Não julguem que já não há remédio para elas e que nunca mais serão amadas como o foram outrora! Não, pobres almas, não são estes os sentimentos de um Deus que derramou todo o seu sangue por vós!

Vinde a Mim e não temais, porque Eu vos amo! Purificar-vos-ei no meu sangue e vos tornareis mais brancas que a neve. Os vossos pecados serão mergulhados nas águas da minha misericórdia e não será possível arrancar do meu Coração o amor que vos tenho.

Vós, que estais mergulhados no mal e que há mais ou menos tempo viveis errantes e fugitivos por causa de vossos crimes… se os pecados de que sois culpados vos endureceram e cegaram o coração; se, para satisfazerdes às vossas paixões, caístes nos piores escândalos… ah! Quando vossa alma reconhecer o seu estado, e os motivos ou os cúmplices de vossas faltas vos abandonarem não deixeis que de vós se apodere o desespero. Enquanto tiver o homem um sopro de vida, poderá ainda recorrer à misericórdia e implorar perdão. Vosso Deus não consentirá que vossa alma seja presa do inferno.

Pelo contrário, deseja, e com ardor, que d’Ele vos aproximeis para vos perdoar. Se não ousais falar-Lhe, dirigi para Ele vossos olhares e os suspiros do vosso coração e em breve vereis que sua mão bondosa e paternal vos conduz à fonte do Perdão e da Vida!

Desejo que as almas creiam na minha misericórdia, esperem tudo da minha bondade e não duvidem nunca do meu perdão. Sou Deus, mas Deus de amor! Sou Pai, mas Pai que ama com ternura e não com severidade.

Meu Coração é infinitamente sábio, mas também infinitamente santo, e como conhece a miséria e a fragilidade humanas, inclina-se para os pobres pecadores com misericórdia infinita. Amo as almas depois que cometeram o primeiro pecado, se vêm pedir humildemente perdão. Amo-as ainda, quando choraram o segundo pecado e, se isso se repetir, não digo um bilhão de vezes, mas milhões de bilhões. Amo-as e perdôo-lhes sempre, e lavo no mesmo sangue o último como o primeiro pecado!

Não me canso das almas, e o meu Coração sempre espera que venham refugiar-se n’Ele, por mais miseráveis que sejam. Não tem um pai mais cuidado com filho que é doente, do que com os que têm boa saúde? Para com este filho, não são maiores as suas delicadezas e a sua solicitude. Assim também o meu Coração derrama sobre os pecadores, com mais liberalidade do que sobre os justos, a sua compaixão e a sua ternura.

Dêem-me o seu amor e nunca desconfiem do meu, e sobretudo me dêem a sua confiança e não duvidem da minha misericórdia. É fácil esperar tudo do meu Coração!” (1)

Assim falou o Divino Redentor. Assim continua a nos falar, com o mesmo entranhado e infinito amor de Pai e de Deus. Procuremos ouvi-Lo, esforcemo-nos em seguir o seu carinhoso apelo, em depositar n’Ele essa confiança completa de filhos que tudo podem alcançar das infinitas misericórdias de um Coração onipotente.

Roguemos a Maria Santíssima, Mãe deste Sagrado Coração, que interceda por nós junto a Ele, a fim de que essa Fornalha ardente de caridade “nunca cesse de iluminar o horizonte da vida de cada um de nós, aqueça nossos próprios corações e nos faça abrir nossas almas para o seu amor que é eterno e nunca se consome. O único amor capaz de transformar o mundo e a vida humana” (João Paulo II, Meditações da Ladainha do Sagrado Coração de Jesus, junho de 1985).

(“Sagrado Coração de Jesus, Tesouro de Bondade e Amor”, Mons. João Clá Dias, EP)

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Arautos do Evangelho tem sua igreja elevada à Basílica Menor

Alegria na grande família dos Arautos do Evangelho em todo os países, onde estão presentes. A igreja de Nossa Senhora do Rosário, situada no município de Caieiras, São Paulo  é elevada à categoria de Basílica Menor.

A TV Arautos do Evangelho transmite todos os domingos às 11h00 (Brasília) missa ao vivo diretamente da Basílica em: www.arautos.org.br/tv/live

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A igreja de Nossa Senhora do rosário de Fátima, dos Arautos do Evangelho, em Caieiras foi elevada à categoria de Basílica Menor nesse 24 de maio, festa de Nossa Senhora Auxiliadora.

Basílica_Menor_Arautos_do_EvangelhoO título é concedido pela Santa Sé a templos católicos que sobressaiam na diocese à vida litúrgica e que recebem grande números de fiéis.

A missa da elevação da Basílica Menor foi celebrada por Dom Sérgio Aparecido Colombo, bispo diocesano de Bragança Paulista, com a participação de grande número de fiéis com muita solenidade.

Por que Basílica menor?

Entre os documentos analisados pela Santa Sé como motivos pelos quais uma igreja, com grande privilégio, é condecorada com o título de Basílica menor, encontram-se: historicidade, centro de peregrinações ou algo fato miraculoso.Um outro motivo também requisitado é a beleza artística do templol, possivelmente a única no Brasil no estilo gótico policromado. Seu inspirador é o Monsenhor João Cá Dias, fundador dos Arautos do Evangelho.

A igreja é uma jóia de cores e formas, em estilo gótico!

Privilégio

Além de expressar a união do povo de Deus com o Papa, a Basílica Menor tem o poder de conceder indulgências àqueles que obedecerem as disposições estabelecidas para as indulgências aplicadas às basílicas menores, sabendo que o título da igreja será agregado à Basílica Papal de Santa Maria Maggiore (à qual já era afiliada, mas em dignidade muito menor à de agora) e, portanto, visitando a Igreja Nossa Senhora do Rosário, os fiéis lucrarão benefícios espirituais tal como estivesse na Basílica Liberiana.

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